Não verso para quem leia
Nem discurso à quem escuta
É tudo sobre sentir
Do passado ao porvir
Qual maestro sem batuta
Para que descomplicar
Quando o todo é abstrato
Se diz sim, no fundo é não
E a revanche é o
perdão
Pintando um auto-retrato?
Tanto tempo despendido
Em tolas obras inúteis
Algum sentido há de ter
Nessa busca de poder
Que nos faz torpes e fúteis
Por mais que me esforce
Não consigo divisar
O tão almejado intento
Causador de meu tormento
Que a todos parece guiar
Talvez eu é que me fui
E nem mesmo percebi
Ou se ainda qual criança
Vivendo só de lembrança
De crescer até esqueci
Quem sabe se o silêncio
Do fundo de seu império
Possa ao menos dar noção
Já que aos gritos não o farão
Do que é todo esse mistério
Pois toda e qualquer questão
Tem sempre um
ponto cego
Sendo o acaso um orador
Fato ou ideia, qualquer for
O banquete do nosso ego
De queimar uma pestana
Pensar, rever, sentir
Antes mesmo de emitir
Sua sentença pobre e insana
E à estes é que pertence
Esta esfera ensandecida
Aos senhores da razão
Montados neste alazão
De alcunha desconhecida
Não que venha a ser útil
Mas nada custa advertir
Aos deslembrados lembrar
Discursando sem falar
Ao surdo que quer ouvir
Que não importa a palavra
Pois tampouco fará efeito
Seja ela cantada ou dita
Encenada ou mesmo escrita
Se não a sentirmos no peito(Anderson)
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