Wikipedia

Resultados da pesquisa

29 dezembro 2014

Leviatã

Conquanto que n’agua profunda
A luz lentamente enfraquece
No fundo profundo
de nossa mente...
Também de fulgência carece
Uma ‘alma de face iracunda

No breu de uma fenda abissal
Colossos marinhos conspiram
Qual ditos dementes destilam
Sua doce peçonha mortal

E em águas sombrias seguindo
Ao longe um matiz vai surgindo
Num brilho fugaz de esperança

Que esvai-se tão logo a verdade
Distingui no engodo a maldade
Nos olhos do monstro que avança

(Anderson)

17 dezembro 2014

Tempo de reflexão. Natal? Não, não. Todo dia é tempo de reflexão.

Ho, ho, ho!
Daí minha filha Isabela, sete aninhos, chega pra mim e fala: papai (sim, ela ainda me chama de papai, não to inventando. Espero poder dizer isso daqui 10 anos...) por que você não compra um desses vídeo games que controla com o corpo? E eu: Como filha? E ela: desses que a gente pula na frente da tv! (Então entendi que ela estava falando do X-Box Kinect, Nintendo Wii ou Playstation Move) Pensei um pouco e respondi: Olha filha, o papai até queria um desses (adoro games!) mas agora não vai dar, eles custam caro e não temos condições no momento. Mas um dia vou comprar e vamos jogar juntos. Confesso que fiquei orgulhoso da minha resposta “rápida e rasteira”, isso até ela me olhar com os olhinhos brilhando, pois teve uma grande ideia: Papai, pede pro Papai Noel te dar de Natal!  Ai tive que pensar melhor no que falar, já que ela me pegou de surpresa. Mas, não me fiz de rogado e respondi: É que o Papai Noel só dá presente pra criança, filha. Eu já to meio velho pra ganhar presente dele. Ufa! Me safei dessa, pensei comigo mesmo. Só que não. Ela, de imediato, respondeu: Já sei, então eu vou pedir um vídeo game desses pro Papai Noel, ai ta resolvido, a gente divide! E agora, zé, falar o que?
Isso aconteceu comigo essa semana, enquanto aguardávamos no carro minha esposa que estava no mercado. Parece meio bobo e sem graça contando asssim, eu sei, e sem muita noção ficar falando disso assim. Porém é mais profundo que aparenta, acreditem. Não faz muito, acho que uns dois ou três meses atrás, nós estávamos conversamos sobre essas coisas de Papai Noel, eu e a Bela. Ela me disse assim: Eu sei que o Papai Noel não existe, que é você quem compra os presentes e deixa embaixo da árvore. A primeira coisa que pensei foi pedir quem havia dito isso à ela, mas logo imaginei que fora algum coleguinha da escola, e achei melhor não perguntar e tirar o foco da descrença. Olhei pra ela com um ar de “esperteza”, e disse com um sorriso de canto de boca, tentando disfarçar minha surpresa e passar a maior segurança possível do que iria dizer:  Ah, é? Mas quem te falou que é o Papai Noel que compra os presentes? Ele só entrega. Claro que quem compram são os pais, ai o Papai Noel vai e entrega para as crianças que se comportaram. Ele entra “magicamente” nas casas, vai de fininho no quarto das crianças pra confirmar se ta na casa certa e depois deixa o presente. Ela sorriu, olhou de lado como se estivesse pensativa. Não pensei que ia colar. Mas colou. Simplesmente me respondeu:  ah, então tá. Ou seja, já tá dando trabalho fazer com que elas mantenham as inocentes fantasias de criança. E nem me venham com essa de que “nessa idade já não tem mais inocência pois as crianças de hoje em dia são mais precoces” e bla, bla,bla. Claro que são mais precoces. Nem tem como ser diferente, afinal com toda a tecnologia disponível, a quantidade de informação a que elas têm acesso hoje antes dos 10 anos, muitas vezes é mais do que um adulto teria em todo a sua vida, a quinze ou vinte anos atrás. Entretanto, dizer que em virtude disso elas “perdem” a inocência prematuramente é o mesmo que dizer que a culpa de os legumes e verduras que ingerimos hoje terem agrotóxico é dos próprios vegetais! Os limites, os contornos, os horizontes (pelo menos os primeiros) quem precisa definir, aos filhos, somos nós, os pais. E estes devem ser claros, por uma simples razão: serão formadores da própria base existencial deles. Isso no tocante a influência que o “meio” exerce sobre os indivíduos, logicamente. Me refiro ao ambiente em que são criados, tipo de educação, diretrizes primárias. Nem vou citar fatores metafísicos aqui para não parecer mais “lesado” do que de costume. E na verdade to chovendo no molhado, pois já falei disso em um post (link) lá atrás.
Bad-poison-mad vegetables! aham... claro que sim...
Não sou adepto de religião alguma atualmente, ainda que o cristianismo faça todo sentido para mim, mas vou utilizar uma referência da bíblia aqui que possui muita sabedoria em minha modesta opinião e da qual gosto bastante: Coríntios 6:12 “Todas as coisas me são lícitas, porém nem todas me convêm”. (Pra quem torce o nariz quando lê ou ouve uma citação bíblica, me perdoe, mas só lamento. Se realmente acham que tudo se resume ao empirismo e se limita a repudiar tudo que não seja “palpável”, embasado por suas “profundas experiências internéticas” ou por seus distorcidos ensaios existenciais, apenas porque as ideias humanas se degeneram, como aconteceu com a bíblia em suas infindáveis traduções e adaptações, realmente esses sequer sabem porque estão “aqui”. Ainda que achem que saibam. Não que eu saiba, claro...) Pois bem, essa máxima resume bem o que penso sobre o atual estado da sociedade contemporânea mundial. Ou seja: nós todos. Tudo é permitido, tudo vale. Nada é proibido, nada é errado. Tudo é mera questão de ponto de vista. E assim, pouco a pouco, lentamente (ou nem tanto!) as ideias vão apodrecendo. Os ideais vão se esvaindo. Os princípios, os valores vão se esvanecendo e, pior, vão sendo transmutados. Substituídos, eu diria. Tudo o que era tido como “certo” vai se tornando passivo de dúvida. O que era convencionado como “errado”, vai se tonando comum... E logo, normal. Já falei aqui, em outro post, sobre a diferença entre comum e normal, por isso não vou me ater a isso novamente. Enfim, toda essa questão é relativa ao nosso “discernimento”. Em verdade, esta é a pecinha da máquina que “estraga” primeiro, graças a enxurrada de opiniões, versões, discussões e todos os “ões” que nossa infinitamente diversificada era nos proporcionou e continua a proporcionar. Perdemos nossa capacidade perceptiva acerca de tudo o que nos rodea. Chegamos em um grau de “anestesiamento” tão profundo que parece que nada mais nos choca. Nada mais mexe com nossas entranhas. Pelo menos não o bastante. Em resumo, isso tudo tem a ver com a primeira parte do supracitado provérbio bíblico: tudo nos é lícito. Contudo, o que realmente quero chamar atenção aqui é para a segunda parte dele: nem tudo nos convém. Esse, meus caros, é meu “mata-burros” de uma vida toda.
Desde que minhas filhas nasceram, procuro lhes dar uma educação embasada em princípios sólidos e perenes. É claro que muitas e muitas vezes me questiono se não estou sendo por demais hipócrita tentando dar à elas algo que, em verdade, tenho dificuldades em vivenciar na íntegra. Entretanto, isso não vem ao caso, afinal, tenho uma “vasta experiência” em fazer presepada, e, se não posso lhes guiar por um caminho ideal, posso ao menos lhes indicar um caminho menos sofrível... que o meu, pelo menos. Não quero que sigam os meus passos. Quero que vão além de onde eu fui. Todavia, preciso chamar a atenção para o fato de como é trabalhoso manter essa filosofia, essa maneira de educar nos dias de hoje. E não estou falando em mandar pro convento ou proibir televisão, proibir de ouvir tal e qual música (ainda que funk, axé, sertanejos universitários e afins eu “não recomende” para elas...) ou mesmo qualquer coisa do gênero “nazista”. É muito mais sutil que isso. Estou falando de uma educação com princípios bem fácil de entender: roubar é errado, dividir é certo. Ter preguiça é errado, ser diligente é certo. Mentir é errado, falar a verdade é certo. Simples assim (Com certeza eu gostaria de lhes falar da ordem natural das coisas, dizer para elas também que dois homens formam uma “dupla”, e não um “casal”, mas ai já estaria incentivando o preconceito, e seria como antecipar julgamentos que elas farão por si só quando seu tempo chegar). E dentro dessa simplicidade, incluo coisas triviais, tipo explicar para minha filha mais velha (sete anos) que ela não precisa de uma conta no facebook (depois não sabem “com quem” seu filho aprendeu o que é maconha ou teve sua primeira experiência pornográfica... Isso se não acabarem achando que isso é “normal”) ou mesmo que minha outra filha (de cinco anos) não precisa de um celular, pois ela não vai estar em lugar
Certo e errado: questão de ponto de vista ou
de entendimento mesmo???
algum que eu ou sua mãe não estejamos junto com ela, e que o celular serve para que as pessoas que estão longe possam falar conosco, e vice versa (ok, na escola não conta...La nem pode levar celular mesmo.) Ou que tem alguns desenhos animados, por exemplo, que todos os amiguinhos assistem, e que até possuem classificação livre, mas que o papai chato (i’ts me!) diz que não pode por que não são legais (sem falar em todo o restante da programação de tv, aberta ou não, de telejornal à filmes e novelas, que sinceramente, não sei como tem pais que dormem à noite após deixar os filhos assistirem. Juntos!) Pois bem. Claro que eles podem aprender pornografia na escola, ou na rua, e não só na internet! Claro que um celular pode não trazer problemas maiores! Claro que música, seja boa ou ruim, se ouve em qualquer lugar, não só em casa! Claro que desenhos são só desenhos, e, afinal, todo mundo assistiu quando era criança e quase ninguém virou psicopata. Mas...Tudo isso... É necessário? É realmente necessário? Onde está nosso discernimento? Nos convém? Ah, por que todos os amiguinhos dele têm, tadinho! É mesmo? Então vai ver como é o resto da vida dos amiguinhos também, não só o que ele já ostenta nessa idade! Ah, porque eu conheço trocentas crianças que viram/veem (like me...) desenhos violentos e ainda assim não aconteceu nada... Será mesmo? Quanto da psique afetada das pessoas nós podemos identificar, divisar, conhecer, saber, ver? (Médiuns e paranormais não vale opinar aqui!) Ah, por que toda música é arte! Concordo, se estivermos falando de Beethoven, Bach, Vivaldi... (Todo resto, inclusive o rock, de que gosto, é deveras discutível, em maior ou menor grau) Ah, porque todo mundo assiste tv! Claro. Pula no poço também! Até os especialistas dizem que tv demais faz mal! Gente... A inocência é a maior das virtudes que uma criança, enquanto criança, pode possuir. Ela é como se fosse o invólucro de todas as outras virtudes, a “virtude mor”. E como tal, sua importância é imensurável. É como se fosse o próprio leite materno que os médicos todos indicam que as mães deem aos filhos o máximo de tempo possível. E a única maneira de mantermos essa inocência, o máximo que pudermos, é, primordialmente, não “violentando” nossas crianças. Calma, que eu vou explicar! Quando não nos damos ao trabalho de filtrar tudo (que for possível!) a que elas são expostas, quando deixamos que pulem etapas, quando achamos que tudo é normal, que “faz parte do crescimento” só porque a sociedade dita, sem nos importarmos em ponderar se isso é realmente necessário ou sutilmente danoso, estamos, em verdade, violentando nossas crianças. Estamos, perdoem-me a expressão, estuprando-as silenciosamente. E me faço redundante na expressão pois já disse isso em outro post, estamos lhes roubando a própria infância. Tirando-lhes a armadura astral (uia...) que é sua inocência. E sabe o que é pior? O indivíduo nem se dá conta, porquê “sabe de nada, inocente...” (ok. Admito. Trocadilho podre esse.) E o resultado disso não é imediato, não! É a médio, longo prazo. Vai refletir lá na frente, quando forem adolescentes, adultos, lá naquela hora em que, nalgum momento íntimo, lá no fundo da nossa mente, surge discretamente aquele fatídico pensamento: onde foi que eu errei?! Mas ai... Será tarde. E é assim. Simples assim.

Bom, agora vocês podem entender (espero...) um pouco do porquê a minha preocupação com a Bela acreditar no Papai Noel. Não é frescura, ou coisas da cabeça de um cara com a mente turva (tá... talvez um pouco). Faço isso como forma de cultivar sua fantasia, preservar sua inocência o máximo possível. Fazemos uma oração juntos sempre antes de elas irem dormir, eu, a Bela, a Bia e a minha esposa Clê. Ai alguém se levanta e diz: Ah, mas você nem religião tem! Hipócrita. Verdade, não tenho. Mas o que estou passando para elas não tem a ver com religião, e sim noções de respeito e veneração, algo que considero de suma importância na formação do caráter de uma pessoa. Também conto estórias para elas, quase todas as noites. E as preferidas delas, principalmente da mais velha, são as de aventura, como ela mesmo pede. E inventadas na hora! Sem livro, papai! – me pede ela. As que contém fadas, dragões, princesas, castelos, florestas encantadas. As mais fantásticas possíveis. E este é o maior presente que posso lhes dar: a inocência. Claro que um dia elas vão crescer. Já estão
Deep...
crescendo... A inocência, naturalmente, vai se desfazendo. Quiçá se transformando. A fase das perguntas “level hard” já começou, na verdade! E logo, logo, sem que eu perceba talvez, não terei mais menininhas em casa... Mas até lá, farei o possível para que elas tenham uma infância como deve ser, coisa de criança! Não vou ficar antecipando etapas, querendo explicar as complicações do mundo como homofobia ou se é certo ou não usar drogas. Tudo ao seu tempo. Vai chegar a hora que terei que explicar coisa mais difíceis do que “como os gigantes tem um reino acima das nuvens” ou “porquê a armadura do cavaleiro branco não é de outra cor” (verídicas essas!), ai sim, terei que estar preparado. Preparado até para coisas do tipo que um amigo me disse certa vez em tom de chacota: e se tua filha aparecer em casa, com dezesseis, dezessete anos, com uma “namorada” ao invés de um namorado? Que que você vai fazer? - Nada. Respondi. Ai já é uma escolha dela. Como pai, daí em diante, só poderei apoia-la NO QUE FOR PRECISO. E entenda quem tiver entendimento. 

10 novembro 2014

Gauderiando em outra vida

Estas rimas dedico ao meu grande professor gaudério, Valdir Uez.




Em algum tempo... Com certeza.
De certo que lá no início
Do entrevero que fulgura
Era o afeto o nosso ofício
Pois não pode que a amargura
Essa diaba sem candura
Fosse um anseio vitalício

Saudosista até rebusco
A memória já olvidada
Das coxilhas lusco-fusco
Dos ginetes na invernada
E até as próprias pataquada
No bolicho do João Cusco

Nos falsetes de um sorriso
De um gaudério macanudo
Se aprumando sem aviso
Nas melenas de um crinudo
Vejo um guapo rechonchudo
De a cavalo no improviso

Bendita saudade campeira
Que em manotaço me dá vareio
Das tardes de polvadeira
Gineteando no pastoreio
Num gavião livre de arreio
Com um oigaletê porquêra!
  
Inda posso ouvir ao fundo
O velho bugio roncando
Dando vida a esse mundo
Onde o taura vai peleando
Índio guasca, gauderiando
Nesse pampa moribundo

Saudades de uma época que nem vivi.
Não nessa vida...
Mas me falta solvência moral
Pra querer dar de patrão
E é no lombo de um bagual
Que vou num dito ao rincão
De poncho e relho na mão
Campeando meu leito final

E de lambuja, deixo aqui
Esses causos de campanha
Que de certo nem vivi
Mas trago n’alma as façanhas
Formosas, porém estranhas
Das lembranças de um guri


(Anderson)

08 novembro 2014

Resultado do 2 ° Concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun - edição 2014

3° lugar. Again.
Confesso que inicialmente fiquei um tanto desapontado com o evento do qual participei nesta sexta-feira última, 07/11. Tratou-se da cerimônia de premiação dos classificados na 2ª edição do Concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun (link para página), realizado pela Prefeitura Municipal de Toledo juntamente com a Secretaria Municipal de Educação e Biblioteca Pública Municipal - Extensão Vila Pioneiro. Na ocasião, fui receber o prêmio de terceiro lugar pela poesia (link da poesia) com a qual participei do concurso. E antes que algum dos meus milhões de leitores (#SQN...) do blog precipite-se achando que estaria eu dando de uma de persona non grata (literalmente) a desmerecer, desfazer, descreditar, diminuir ou coisa do gênero o referido concurso e seus idealizadores/organizadores, deixo claro que com certeza provavelmente for inteiramente parcialmente minha a culpa por essa decepção, uma vez que gerei certa expectativa, quase inconsciente eu diria, sobre o mesmo. É claro que é satisfatório receber o reconhecimento por uma obra pessoal, mesmo que seja uma simples poesia. Inda assim, criei expectativas desnecessárias. E o motivo dessa expectativa gerada foi pelo fato de estar levando pela segunda vez, consecutiva, o prêmio de terceiro lugar. E nem vou entrar no mérito da colocação, pois a primeira poesia, de título Poeta, desse ano era muito boa mesmo. O segundo lugar não sei dizer, pois somente o primeiro lugar teve seu poema declamado. Isso vale para o ano passado também, mas confesso que gostei mais do primeiro lugar desse ano, questão de identificação com o tema mesmo, sem desmerecer, em hipótese alguma,  a vencedora do primeiro concurso, Fabiola Luz, a qual tem um blog onde pode ser conferido o seu poema premiado Tempestade de mim (link para o blog). Assim como eu, também outros dois autores foram premiados pela segunda vez. Sueli Aparecida da Costa Tomazini, que ano passado ficou em segundo lugar com sua poesia Infância Perdida (link para poesia) e este ano levou o primeiro lugar com seu belo poema Poeta (link para poesia). Isso tudo na categoria Geral, gênero poesia, pois na categoria infanto-juvenil, além das demais premiações, tanto em poesia quanto crônica, não repetiram-se nomes do ano passado. Destaque para Valdinei José Arboleya, que foi o vencedor do ano passado no gênero crônica, categoria geral, com seu texto Concurso Vestibular  e que venceu esse ano novamente, com a crônica Escola de Pintura . O cara é muito bom, também faturou o prêmio de melhor conto toledano no 24° Concurso de Contos Paulo Leminski (2013) com seu conto Aquele Sorriso (link). Guardem bem o nome deste rapaz, pois não me surpreenderia se no futuro viermos a ouvir falar, em âmbito nacional ou internacional, deste jovem talento, tendo em conta seu incrível dom com as palavras. Também quero fazer referência aqui à Silvia Moreira Corrêa da Cruz, coordenadora do projeto desde sua criação, ano passado. Não tive contato ou acesso a organização de tudo, mas ficou perceptível o esforço e dedicação de Silvia em virtude dos vários elogios e parabenizações por ela recebido por parte de todos que compunham a frente de honra formada para a ocasião. Conheço a Silvia do tempo da faculdade, íamos no mesmo ônibus para MCR. Não sei se ela se lembra disso.

Agora, explicarei meu desapontamento, antes que alguém lance a primeira pedra no mal-agradecido aqui.


Como podem ver, além de mim, mais dois autores receberam pela segunda vez premiação no concurso, sendo todos os três de Toledo (o que é interessante, uma vez que o concurso já se tornou regional). Cheguei a pensar que isso seria evidenciado, de alguma forma, já que o intuito (penso) é, além de incentivar a escrita, a leitura, enfim, a cultua literária em geral, também seria o de reconhecer e incentivar os autores locais. Não é questão de ser ingrato ou qualquer coisa do gênero, pelo contrário, sou muito grato pelo reconhecimento. Em todo caso, quero crer que não o fizeram (pois além de uns parcos comentários do tipo “você de novo” quando da entrega do prêmio ao Valdinei e um forte e longo abraço na Sueli, ambos por parte da própria Sra. Edy Braun, o que evidencia uma certa intimidade, nada mais foi dito) para não inibir ou diminuir os demais participantes, ou mesmo para que não houvessem comentários depreciativos e indagatórios por estarem premiando “cartas marcadas”.  Em todo caso, afirmo e atesto que isso não aconteceu, até porquê sou anônimo no cenário literário local, nacional, mundial... E acredito que é o caso dos demais autores também, pois suas obras são lindíssimas e dignas de qualquer premiação, acima de qualquer suspeita de tendencialismo. Em verdade, fico admirado de eu ter me classificado novamente, pois sou totalmente amador e escrever para mim é pouco mais que um passatempo, é mais uma válvula de escape que outra coisa qualquer, e o nível dos participantes, ao menos dos vencedores de ambos os gêneros da categoria geral, é deveras elevado. Coisa de profissional, rsrs. Entretanto, como dizem que raios não caem duas vezes no mesmo lugar e não sou crente das coincidências, acredito haver alguma serventia nas balburdias que vomito aqui no blog de vez em quando. Ou não tinha nada melhor para eles premiarem lá, rsrsr. Brincadeiras à parte, creio que me equivoquei quanto à esta coisa de reconhecimento. Pensei, inclusive, em tecer alguns comentários sobre os reais interesses por detrás dessas premiações, autocomiseração, inversão de sentido, etc., etc., etc.... Mas vou guardar este veneno para coisas mais uteis, até porquê, ser o “do contra” em tudo (especialmente falando de algo em que se foi premiado) já é muito coisa de Fritz (alguns entenderão a referência, rsrs). Bem provavelmente Talvez eu esteja exagerando mesmo. Quem sabe, como um grande amigo me disse outro dia (um dos “milhões” que leem o blog), “se quer escrever para as massas e ser reconhecido em grande escala, escreva uma novela. E de preferência uma novela ruim” (se é que pode existir novela boa...). De toda forma, fica aqui registrado, mais uma vez, minha modesta (mas nem tanto...) e confusa opinião sobre alguma coisa.

Obs.: Os links em azul não estão funcionando.

01 novembro 2014

Viagem a Terra do Sempre

Terceiro lugar no 2º concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun - Edição 2014(link)
É... Terceiro. De novo.


Viagem a Terra do Sempre

Dia desses vou de muda
The "Alwaysland"!
Prum lugar que nem sei onde
Donde o encanto se desnuda
E o mistério se esconde
Onde há bruxos e princesas
Tesouros de mil grandezas
E até morcego vira conde

Vou colher fruta no pé
E jogar pedras no riacho
Chupar uva e picolé
Num lugar que só eu acho
Onde há pés de “frutas-mil”
Os riachos são de anil
E picolé dá tudo em cacho

Lá o céu desdobro em manto
Com suas nuvens de coxim
Me ninando em doce canto
Com canções feitas pra mim
Em sonhos nunca sonhados
E contos jamais contados
Tudo ao som de um bandolim

"The legend... Will never die"!
(Clichê, eu sei. Mas eu gosto!)

Serei eu... Mas diferente!
Farei truques como um mago
Abismando à toda gente
Com a força de um afago
Soprarei cinzas ao vento
Embaladas por um alento
Da gentil Dama do Lago





E de lá eu não voltarei
Pois lá é aqui do avesso
Se sei nada, disso eu sei
E é por isso que agradeço
Aos senhores do destino
Por sonhar desde menino
Os sonhos de um recomeço...

(Anderson)

18 outubro 2014

Às palavras, com louvor!

Mais do que os olhos podem ver
Em versos mudos ousam explicar o inexplicável,
Com esmero, o indizível é dito em voz altiva,
Mas é no silêncio velado que revela-se sua singular nobreza,
Imprimindo ao real um suave toque de fantasia
Que traz à vida as fantásticas alegorias imortais
Em uma inocente tentativa de aproximar mundos,
Das lúdicas composições poéticas de outrora
Às gélidas equações de cálculos dilatórios.
Por vezes consoladoras, reconfortantes até.
Outras aterradoras, mensageiras de infortúnios,
Mas sempre cruciais e indispensáveis
Preletoras da memória humana grafada,
Trazem em si o peso da verdade instituída,
Simplesmente... assim.
Mas cedem em mister seu poder aos falastrões.
Imparciais qual o vento ao lufar folhas secas,
Imponentes por natureza, sutis por definição,
Verdadeiros germes do conhecimento escrito,
Formam um códice sagrado de valor inestimável.
Fiéis portadoras dos legados da raça humana
E detentoras por excelência do futuro do homem,
Inda assim...
Que seria do poeta sem ter como expressar sua ânsia?
Bem, arrisco dizer que sobrariam os crepúsculos
E as flores, e o arco-íris. Também as crianças e os colibris.
O vento, a maré e a noite fariam poesia. Poemas visuais.
Mas o vento as vezes para. A maré baixa e a noite se torna dia.
Crianças crescem e o arco-íris é nada em dia seco.
Flores e colibris um dia também se vão, isso é certo.
E apenas o que sobraria seria as longínquas memórias
Rememoradas em dias tristes. Ou felizes, tanto faz,
Ao contemplarmos um crepúsculo nostálgico
E então perceberíamos quão importantes são,
Quão indispensável é sua primordial e singela função,
Registrar nos anais da existência a epopeia humana
O que foi, o que é e o que será. Só isso.


As dores e os amores, as aventuras e desventuras,
Da mais simples intempérie ao mais nobre dos sentimentos
Imortalizando os pensamentos mais brilhantes
Ou dando vazão aos devaneios mais inusitados.
Palavras... Sozinhas são as joias do tesouro.
Mas juntas... Juntas são as matrizes do próprio infinito...



(Anderson)

20 setembro 2014

SHITOKAN NO JOJISHI : daigosetsu – Zasetsu : daisanbu to saishû – Seisei (verso quarto - Retrocesso: parte três e final - Purificação)

Do dicionário: Epopeia é um conjunto de acontecimentos históricos narrados em verso, e podem não representar os acontecimentos com fidelidade, porém apresenta fatos com relevante conceito moral e eventos heroicos, por exemplo, transcorridos durante guerras, ou relativos a fenômenos históricos, lendários ou míticos, e que são representantes de uma determinada cultura.

Narrarei aqui, tal qual vão acontecendo as aventuras, a epopeia de um singular grupo de destemidos aventureiros, viajantes de uma terra mítica muito além do horizonte, o Império oriental de Shitokan, um mundo envolto em mistérios e governados pela honra e pela magia . Terra esta que nasceu da brilhante mente de um amigo muito especial, honorável Adelir-san. Verso a verso, contarei o destino incerto deste bravos guerreiro de olhos puxados, cujo maior intuito é a busca pelo desconhecido...

daigosetsu – Zasetsu : daisanbu to saishû – Seisei (verso quarto - Retrocesso: parte três e final - Purificação)
Hikari seisei

Trovões retumbam no infinito
Lampejos cortam o céu escuro
Alumiando a face do vil perjuro
Desvelando os véus do conflito

Um embate contado perdido
Haja vista o poder do oponente
Mas num golpe de sorte eminente
Os céus ouvem seu débil pedido

Pelas mãos do ambíguo honrado
O monge é prendido e domado
Por um ínfimo instante somente

Para o mestre da água é o bastante
Que conjura o encanto restante
E traz paz ao monge demente

(Anderson)

18 setembro 2014

SHITOKAN no JOJISHI : daigosetsu – Zasetsu : dainibiu – Sakerarenai (verso quarto - Retrocesso: parte dois - Inevitável)

Do dicionário: Epopeia é um conjunto de acontecimentos históricos narrados em verso, e podem não representar os acontecimentos com fidelidade, porém apresenta fatos com relevante conceito moral e eventos heroicos, por exemplo, transcorridos durante guerras, ou relativos a fenômenos históricos, lendários ou míticos, e que são representantes de uma determinada cultura.

Narrarei aqui, tal qual vão acontecendo as aventuras, a epopeia de um singular grupo de destemidos aventureiros, viajantes de uma terra mítica muito além do horizonte, o Império oriental de Shitokan, um mundo envolto em mistérios e governados pela honra e pela magia . Terra esta que nasceu da brilhante mente de um amigo muito especial, honorável Adelir-san. Verso a verso, contarei o destino incerto deste bravos guerreiro de olhos puxados, cujo maior intuito é a busca pelo desconhecido...

daigosetsu – Zasetsu : dainibiu – Sakerarenai (verso quarto - Retrocesso: parte dois - Inevitável) 

Do alto da colina encharcada
A morte outra vez se anuncia
Cobrando a promessa vazia
Dizendo a sentença ordenada
Sakerarenai...

Tão logo os asseclas se vão
O Não Branco aparece nos ares
Envolto em suas trevas planares
Como que a cavalgar o trovão

E as gotículas de água escura
Aumentam em volume e textura
Dando início ao temporal

Os guerreiros do amanhecer
E o monge de sombrio poder
Encenam seu prélio final



(Anderson)

13 setembro 2014

Guerra Invisível

O cenário é caótico. Há desespero e angústia pairando no ar. As pessoas não se sentem seguras e os sentimentos de dúvida e incerteza parecem impregnadas nos poros dos cidadãos. Os sinais da selvageria podem ser vistos em todos os lugares, nas ruas, passeios, canteiros públicos, nas calçadas. Discursos ora inflamados, ora melosamente venenosos, permeiam e poluem os ares, violentando os ouvidos de quem possa alcançar, adentrando os lares e maculando os ambientes com suas meias-verdades tendenciosas. Entre si, as facções criminosas instituídas e suas siglas se atacam inescrupulosamente, cada qual com suas vis desculpas, alegando ao seu modo que é em prol do bem maior da coletividade, esmagando, destruindo, desintegrando cada partícula de civismo que os ditos cidadãos de bem possam ainda possuir. Alianças infames são acordadas entre sombras e cortinas de fumaça, inimigos tornam-se aliados e vice versa, com fins justificando meios sem escrúpulos para mediar. Tudo em nome de ideologias tão utópicas quão hipócritas, conceitos tão vagos e carcomidos pelo tempo e pela ferrugem aética que sequer seus próprios guerrilheiros sabem ou conseguem compreender. As perdas são quase incalculáveis, e seus efeitos praticamente irreversíveis. Mas na verdade o maior, e verdadeiramente único, que perde com esses bombardeios sem fim é um só: o povo. Estamos em guerra, meus amigos. Apenas não nos demos conta.
Sad... But true.
Este poderia muito bem ser a descrição de um cenário de guerra qualquer (ok, com exceção de algumas palavras e expressões forçadas...) em qualquer lugar do mundo. Em quase qualquer época também. No entanto, o lugar é aqui, em nosso país, o Brasil. A época é esta mesma que estamos vivendo, dias atuais. E a guerra em si nada mais é do que nossa situação sócio-político- econômica, mais precisamente, as tão famigeradas eleições 2014. Bom, talvez alguém possa dizer que estou sendo exagerado em comparar este evento com uma guerra. Talvez... Mas, como já disse alguém algum dia (que não me lembro quem nem onde li...), um pouco de drama não faz mal a ninguém, e até dá um tempero extra. Falácias jocosas à parte, a coisa hoje aqui é séria.
Preciso escrever isso aqui, do contrário acho que acabaria explodindo. Ou não. Então, perdoem–me pelo desabafo (podem chamar de vômito também se quiserem), mas não consigo deixar de ficar perplexo ao passar pelas ruas de minha cidade, a querida Toledo, aqui no interior do Paraná, ao me deparar com a enxurrada de poluição visual à qual estamos submetidos graças à campanha eleitoral. Particularmente, isso faz me sentir um verdadeiro idiota, pois qual é o motivo real de se ter um cavalete desses de propaganda (com suas ridículas e surreais imagens “photoshopadas”, o PT que o diga...) a cada 3 metros? Acaso nossos ilustres candidatos pensam que somos cegos, ou analfabetos (ressalvas à parte) ou débeis-mentais, fazendo-se necessária essa desrespeitosa contumácia visual? Sofrível... Fico a imaginar quanto está sendo dispendido de nossos pomposos, mas suados, recursos públicos (lembrando que da iniciativa privada não pode(ria) vir, e caixa de campanha todos sabemos como se faz...) na confecção, manutenção e alocação desse material. Isso sem falar nos “arrastões embandeirados” ... Foi uma vitória a proibição do clássico santinho, mas parece que sempre que se implementa uma lei regulamentadora, vem um imbecil e consegue transformar uma ideia banal qualquer em merda. E ainda há os tapinhas nas costas, sorrisos pérfidos, falsa empatia com crianças, sestas básicas, dentaduras, encaminhamentos de aposentadoras... Enfim, todo cabedal de “opções de conquista de votos” que tradicionalmente ocorrem nessas épocas em especial. Imagina se ainda houvessem os “show-missios”...
Simples assim.
Entretanto, como disse outro dia o senhor Ciro Gomes, em uma palestra que assisti ministrada por ele, não pensemos nós que ao nos isolarmos da política estaremos imunes aos seus efeitos. Parafraseando outra celebridade contemporânea, “Isto non ecziste”. Somo filhos órfãos de um sistema falido, peças descartáveis de um jogo do qual não podemos dar lances, indo mais longe nos jargões, somos massa de manobra. Queiramos ou não. Aceitemos ou não. Que garantias temos de que vai mudar algo (para melhor, de preferência!) se mudar o presidente, ou o governador, ou um que outro deputado ou senador? Nenhuma. Em verdade, diria que a única garantia que existe é a de que Murphy (aquele, das leis...) nunca foi tão preciso. Pois a tendência é piorar. Se eu fosse otimista (...) diria que antes de melhorar vai piorar muitíssimo ainda. Pessimismos à parte, cá com meus botões eu me ponho a refletir: e se, hipoteticamente falando, os cargos de representantes públicos fossem de cunho voluntário, ao invés de serem profissões 
instituídas (sim, pois político tem até plano de carreira!), teríamos tantas “almas nobres” quanto há hoje, buscando o árduo caminho do “servir”? Sim, pois se ainda não está claro, que fique então, não é por acaso que os cargos de “servidores públicos” têm esse título. Da mesma forma, o representante do povo, esta nobre função, nada mais é que um servidor do povo. Ou, pelo menos, deveria ser, em tese. E nem estou falando em voluntarismo radical, como as funções de uma entidade filantrópica. Acho até que do vereador ao presidente da república, todos deveriam tem uma AJUDA DE CUSTO sim, para prover o necessário quanto ao desempenho da função. Mas não da forma com que acontece. Afinal, alguém conhece algum representante público que viva única e exclusivamente de seu soldo político? (e aqui é capaz de alguém dizer que conhece, mas não façamos da exceção uma regra!). Pois bem, eu não tenho conhecimento de ninguém com esse perfil, até porquê por origem e definição, cargo político não é profissão, logo, não deveria ser tratado como tal. Da mesma forma, não deveria ser exigido (como em verdade não o é, haja vista, por exemplo a agenda ridícula de expediente do congresso nacional) que o representante eleito dedique seu tempo profissional (daquelas 8 horas limites diárias que alguém sem muito conhecimento e com um pouco de preguiça inventou um dia...) integralmente à essa causa. Assim, deveria ele ter um tempo para dedicar aos seus afazeres particulares (algo como metade do horário de trabalho regulamentar), no qual buscaria “complementar” sua renda, e digo complementar levando em conta a sugestão anterior, onde ele receberia um valor de ajuda de custo pelos serviços prestados à população como representante. E o que acontece hoje? Bom, seria cômico, não fosse trágico, mas é algo do tipo, como direi, totalmente ao contrário do que falei! Nossos políticos (do vereador ao presidente...) em sua grande maioria esmagadora, recebem seus salários de representantes públicos eleitos pelo povo (que não é pouco, pelo contrário, é ridiculamente alto comparando com diversos outros países do mundo) e ainda continuam com suas carreiras profissionais, seus investimentos particulares, são empresários, administradores, enfim, ocupam um espaço no mercado capital igual (ou geralmente maior, em virtude de privilégios que “conquistam”, oportunidades que “criam”, etc, etc, etc...) do que pessoas comuns. Em resumo... Tudo errado.
É... não é tão simples assim...
Um tanto radical isso tudo... Mas vamos apimentar um pouco mais. Em verdade, tenho uma teoria menos convencional ainda que ampara meus argumentos nessa hora. Não apenas penso que deveria haver uma questão de voluntarismo em cargos de representação publica (e aqui nem vou entrar na questão da dúbia constituição do estado como detentor das obrigações para com os cidadãos, antes que me chamem de marxista...), mas que também que estas funções relacionadas à SERVIR, nas quais facilmente poderia elencar profissões como MÉDICO, PROFESSOR... (apedrejamento em: 3...2...), não apenas deveriam ser baseadas em voluntarismo, como também serem norteadas por uma questão que hoje só é lembrada nas aulinhas de catequese: a tal da VOCAÇÃO (só usado para ver se o menino tem vocação para ser padre ou não!). Tai algo do arco da velha, mas ao meu ver, seria a ferramenta definitiva para determinar as funções das pessoas junto da sociedade. De simples testes de aptidão (ou vocacionais) à cursos preparatórios de treinamento intensivo para ocupação de cargos de liderança, tudo seria voltado para selecionar os indivíduos certos para cada função. Utópico, não? Sem dúvida alguma. Mas uma coisa lhes garanto, em uma sociedade que fosse mediada por estas diretrizes (ok, ok... excetuando-se o fator humano, que por sua natureza instável acaba por influenciar qualquer resultado de uma equação numa margem de erro tão difícil de se mensurar quanto de se prever) as diferenças entre os iguais (?) seriam menores. As chances de equívocos profissionais (nome educado para Médicos-açougueiros, professores-energúmenos ou políticos-corruptos, todos exemplos clássicos de “erros de escolha”...) seriam praticamente zero. Pessoas ocupariam papéis na sociedade pelo fato de terem, literalmente, nascidos par aquilo, e não por opção financeira, profissional, más influencias, tradição de família ou qualquer outro motivo esdrúxulo.

(...)
Em todo caso, são apenas ideias. Ideais de alguém com pouco conhecimento de causa, mas muitas, muitas dúvidas... As eleições estão ai, e sinceramente toda essa falação foi gerada por influência direta disso. Dilema a que todos estamos fadados.  Sinceramente? Não creio mais na salvação do sistema. Não vejo luz no fim desse túnel. Não acho que dê para reverter essa situação, pelo menos não pelos métodos convencionais sonhados pelos neorromânticos de plantão. Pergunte a um treinador de cavalos o que se fazem quando um cavalo de corrida quebra a perna. Ou a um técnico de informática o que se deve fazer quando o computador está infestado de vírus... Nosso cavalo não quebrou apenas a perna, mas a própria espinha dorsal. Nosso computador não está infectado com vírus, ele se tornou o próprio vírus! (Como o agente Smith, do Matrix, com a triste diferença que nós não temos um Neo para nos salvar...)  E ainda bem (ou não...) que a população em geral não pensa assim, ou já teria dado cagada! Poderia chamar isso tudo de circo, mas seria incongruente, já que no circo os palhaços ficam dentro do picadeiro, e não na plateia... Estamos em guerra, meus amigos, numa guerra invisível e letal, da qual sequer nos damos conta, e nada mais somos que gado perante os senhores dessa guerra. E falando em guerra, não é com alegria que declaro, que esta situação em que nos encontramos só terá fim quando ela sair dessa dimensão intangível e vir para o mundo real, quando acordarmos e percebermos quão podres e fétidos são nossos cárceres, e que não há vitória sem sacrifício. E que numa guerra civil, muitos precisam perecer para que poucos possam continuar. Queria poder acabar esse post com uma mensagem positiva, pedindo pra que votem consciente, e bla, bla, bla.... Mas não dá. Não vai adiantar mesmo. Não adianta vestir roupas novas em um cadáver, pois ele ainda assim continuará morto.

12 setembro 2014

SHITOKAN NO JOJISHI: daigosetsu – Zasetsu : hitotsu – Kyofu (verso quarto - Retrocesso: parte um - Medo)

Do dicionário: Epopeia é um conjunto de acontecimentos históricos narrados em verso, e podem não representar os acontecimentos com fidelidade, porém apresenta fatos com relevante conceito moral e eventos heroicos, por exemplo, transcorridos durante guerras, ou relativos a fenômenos históricos, lendários ou míticos, e que são representantes de uma determinada cultura.

Narrarei aqui, tal qual vão acontecendo as aventuras, a epopeia de um singular grupo de destemidos aventureiros, viajantes de uma terra mítica muito além do horizonte, o Império oriental de Shitokan, um mundo envolto em mistérios e governados pela honra e pela magia . Terra esta que nasceu da brilhante mente de um amigo muito especial, honorável Adelir-san. Verso a verso, contarei o destino incerto deste bravos guerreiro de olhos puxados, cujo maior intuito é a busca pelo desconhecido...


daigosetsu – Zasetsu : hitotsu – Kyofu (verso quarto - Retrocesso: parte um - Medo) 
Bushi no yûrei

As negras gotas de água fria
Caindo de um empíreo hostil
Faz brotar outra vez o vazio
Nas terras da noite sem dia

De um lado o terror maculado
Disfarçado em sagaz loucura
De outro a inocente candura
Pela honradez sentenciado

Com a promessa maldita partida
Os heróis da princesa sabida
Voltam ao capítulo precedente

No medial do caminho, porém
O destino e seu claro desdém
Lhes traz um estranho oponente

(Anderson)


25 agosto 2014

SHITOKAN NO JOJISHI : daishi no uta – Kibarashi (verso terceiro - Distração)

Do dicionário: Epopeia é um conjunto de acontecimentos históricos narrados em verso, e podem não representar os acontecimentos com fidelidade, porém apresenta fatos com relevante conceito moral e eventos heroicos, por exemplo, transcorridos durante guerras, ou relativos a fenômenos históricos, lendários ou míticos, e que são representantes de uma determinada cultura.

Narrarei aqui, tal qual vão acontecendo as aventuras, a epopeia de um singular grupo de destemidos aventureiros, viajantes de uma terra mítica muito além do horizonte, o Império oriental de Shitokan, um mundo envolto em mistérios e governados pela honra e pela magia . Terra esta que nasceu da brilhante mente de um amigo muito especial, honorável Adelir-san. Verso a verso, contarei o destino incerto deste bravos guerreiro de olhos puxados, cujo maior intuito é a busca pelo desconhecido...

daishi no uta – Kibarashi (verso terceiro - Distração)

Qual parvos caçoando da sorte
Se safam num acordo sutil
Apartam-se do infame ser vil
Seguindo seu coagido norte
Akuma ni taishite Samurai

Na terra do chá aportando
Por lampejos se deixam levar
Em soturnas cavas vão dar
Outra vez sua meta adiando

Do fosso saindo sem pressa
Se livram de um mal da floresta
Portando mais um pergaminho

Emendando seu instável fadário
O bom senso se faz solidário
E os guia de volta ao caminho

(Anderson)

24 agosto 2014

Dias Nublados

O cinza desses dias nublados,
Intermináveis dias nublados...
Tanto a dizer... mas sem palavras.
Me faz lembrar com nostalgia,
Quiçá uma saudosa alegria,
Dos domingos da minha infância.
Nada de especial, em verdade,
E não que os domingos sejam cinza,
Pelo menos não eram, ao contrário,
Os domingos não são cinza.
São verdes. E os sábados incolores.
E a segunda e seus irmãos, estes sim,
Carregam o cinéreo tom em si,
Não por mal, mas por quê assim é.
Pelo menos era assim que eu via...
Visão engraçada essa...
Do tempo que as coisas tinham graça,
Que o melhor da festa,
Como já dizem os lusitanos,
É esperar por ela. E já foi, acho.
Não sei se inda o é.
Se é que foi.
Mas foi junto com meu sorriso,
Antes um sinal,
De que tudo ia acabar bem,
Um dia...
Hoje, é ainda um sinal,
Uma marca translucida de algo que já existiu,
Um estigma forte e marcado,
Tão forte que até parece real,
Aos olhos desatentos,
Tão marcado que por vezes,
Não poucas,
Chega doer na alma,
Tal o esforço para mantê-lo...
E ainda tem o grego.
Essa língua tão sagaz e difícil,
Mas tão sagaz e tão difícil,
Que nem me lembro de quando a aprendi.
Nem como. E nem porquê.
Só me lembro de estar falando,
Sem parar,
Sem palavras,
Com o público me olhando
Sem entender,
Sem ouvir.
E eu ali, parado, todo dia,
O tempo todo.
Em discursos intermináveis,
Ora gritados, ora mudos.
Ora simplesmente falados.
Horas perdidas...
(...)
Mas ninguém fala grego por aqui...
Não os culpo. Afinal, nem na Grécia estamos...
E a sensação de perda,
Que já é ruim quando perdemos algo,
Pode ficar ainda por
Quando nem sabemos o que perdemos...
Mas deve haver algo ainda,
Ainda deve!
Pois se não, que faço eu aqui?
Deve ser essa tal esperança,
Essa ingrata,
Prêmio dos fortes, consolo dos fracos,
Ambígua tal qual a própria morte,
Que assusta os tolos que a ignoram
E encanta os ignorantes tolos.
Mas ao final... ou não...
Me resta a doce lembrança
Dos verdosos e distantes domingos,
Do tempo em que eles eram verdes,
E o cinza, em seus matizes pálidos,
Que por sinal, 
Creio já estar impregnado em meus olhos,
Olhos nublados,
Antes estava apenas e tão somente
Na coloração dos dias da semana,
Frutos da inocente imaginação
De uma criança que a muito se foi...

(Anderson)