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24 julho 2013

A magia do frio... Só que não.

Sou filho de agricultores e sinto muito orgulho disso. Houve uma época em que não era assim. Quando criança, nem ligava para isso, e na adolescência era estupido, imaturo e superficial. Como qualquer adolescente comum. Emfim, desses adjetivos todos hoje sei que sou menos adolescente do que era... (bom, algumas certezas fazem bem de vez em quando, né?). Dando continuidade, nesses dias de frio intenso e com a mídia local toda voltada para esse fenômeno climático como se fosse a coisa mais importante que estaria acontecendo no momento, obviamente não tem como ignorar todo esse contexto "fantástico" (relativo à fantasia mesmo!) que se criou, ainda que passageiramente. Sendo minha origem da roça, tenho uma visão um tanto quanto menos "romântica" sobre esse assunto...
"Obrigado ao homem do campo..."
Em primeiro lugar ( e que não está relacionado com minha origem, mas sim com minha personalidade mesmo), me dá uma enorme tristeza perceber quão tendenciosa, adepta da parcialidade e dependente do sistema se tornou a imprensa nacional, nossos meios de comunicação como um todo. E vou até me abster de falar sobre os exageros e descabimentos em relação a cobertura da vinda do papa, pois é tanta crítica destrutiva misturada à um noticiário sensacionalista que me da até enjoo... Mas ok, pois o que mantém essa máquina "acefaladora" trabalhando é o maldito IBOPE mesmo, então... Enquanto que a questão do frio, da "beleza da neve" e "da magia das geadas", que são uma realidade que posso chamar de mais próxima, definitivamente tem um peso maior em virtude de afetar direta e objetivamente o andamento das atividades cotidianas da minha região.
Em segundo lugar, mas não menos importante, não sou nenhum ranzinza ( tá, só um pouco...) que simplesmente se posiciona contra "a magica" dos fenômenos naturais, muito pelo contrário. Claro que existe beleza em tudo relativo a natureza, até na morte existe beleza, basta que saibamos utilizar a ótica correta. Acho até que as pessoas confundem a grandiosa simplicidade do mundo natural com seus sonhos de consumo modernos, até o ponto de verem tudo com um romantismo vazio e uma nostalgia sem fundo de verdade, e se esquecem de que toda moeda tem dois lados. Cara, só o que escutei nos últimos três dias ( tanto na tv como na rua) foram comentários de estupefação e admiração e até comoção por causa da neve e da geada que caíram nos estados do sul e sudeste do país. Em especial aqui no Paraná. Só que ninguém falou ( talvez até porque a maioria não faça ideia mesmo...) de como ficaria a realidade dos pequenos produtores rurais que perderam toda sua colheita de hortaliças, de café, trigo, cevada,  ou dos produtores de leite de pequeno porte (como meu pai) que perdeu toda a pastagem que o gado teria para passar o inverno. Um senhor com quem conversava hoje ainda teve coragem de dizer "sim, mas veja bem, hoje tem rações, feno, silagem, insumos e todo tipo de coisa que podem substituir a pastagem quando isso acontece". Sim claro. Tudo dá em árvore então! Como se fosse simples assim...
Olha que "mágica" a expressão desse
rosto...
Estou falando do pequeno produtor, que vive das suas subculturas com um custo já bastante elevado e com uma margem de lucro bem precária, e não consegue fazer reservas para se preparar para as "magias eventuais" que sempre acabam por vir. Lembrando que esta impossibilidade de guardar reservas devemos em grande parte ao nosso tão estimado governo que privilegia seus queridos programas de (remediação!) "bolsa-tudo-quanto-é-coisa" e se esquece, como se praticamente não existissem, daquela parcela desgraçada da população brasileira que parece só servir para pagar impostos, vulgarmente chamados trabalhadores, castigando-os (nos) com cargas excessivas, exorbitantes de taxas e impostos. Nem falar na falta de programas de subsídios para os pequenos agricultores, que não fossem pelas linhas (deficientes) de crédito oferecidas pelas cooperativas de créditos (que estão na moda e proliferando como vírus aqui no sul) e Banco do Brasil, estariam totalmente abandonados.
Eu, em outra vida?
Bom, sendo assim, peço minhas sinceras desculpas por não partilhar dessa visão romântica do frio e sua "magia", como quer fazer parecer a mídia e parecem querer acreditar a maioria das pessoas. Com certeza, na semana que virão nos noticiários haverão manchetes sobre as "perdas ocasionadas pela geada", e toda a beleza que haviam anunciado dias antes será como se nunca houvesse existido. Cômico...E olha que sempre gostei de épocas frias, mais do que das quentes (devo ter sido um inuit em alguma outra vida). Quer saber como "sentir a magica na pele" ? Levante as 05:30 da matina e vai lidar com as vacas, tirar leite, mexer com água fria, andar no barro e todas essas coisas "mágicas" que tem para fazer numa propriedade rural qualquer. Já fiz isso, muitas vezes. E sinceramente, não consigo olhar a grama  coberta de gelo sem visualizar em minha mente a tristeza nos rostos sofridos dos agricultores que tiveram perdas significativas em suas pequenas lavouras e pastagens, muitas e muitas vezes, fonte única de renda de toda uma família. Quanto à meu pai, perdeu sua pastagem, e vai ter que se virar com feno e alguma ração suplementar. Mas ele é um guerreiro, e nunca baixa a cabeça, nem se dá ao luxo de reclamar. Essa não foi a primeira, tampouco será a última.Vai superar mais essa, tenho certeza. O que ninguém faz conta é de quantos anos ele vai levar para se recuperar desse baque...

23 julho 2013

Canção Agalopada

Clique na imagem
Foi um tempo que o tempo não esquece
Que os trovões eram roncos de se ouvir
Todo o céu começou a se abrir
Numa fenda de fogo que aparece

O poeta inicia sua prece
Ponteando em cordas e lamentos
Escrevendo seus novos mandamentos

Na fronteira de um mundo alucinado
Cavalgando em martelo agalopado
E viajando com loucos pensamentos


Sete botas pisaram no telhado
Sete léguas comeram-se assim
Sete quedas de lava e de marfim
Sete copos de sangue derramado

Sete facas de fio amolado
Sete olhos atentos encerrei
Sete vezes eu me ajoelhei

Na presença de um ser iluminado
Como um cego fiquei tão ofuscado
Ante o brilho dos olhos que olhei


Pode ser que ninguém me compreenda
Quando digo que sou visionário
Pode a bíblia ser um dicionário
Pode tudo ser uma re-fazenda

Mas a mente talvez não me atenda
Se eu quiser novamente retornar
Para o mundo de leis me obrigar

A lutar pelo erro do engano
Eu prefiro um galope soberano
À loucura do mundo me entregar

(Zé Ramalho)

21 julho 2013

O impossível não existe

Não raramente, me pego a pensar em coisas que definiria como "não convencionais". Antes que algum engraçadinho pense besteira, esclareço que não é nada de natureza infame ou mesmo pervertida... (nem perco mais tempo com isso!) Me refiro especificamente neste caso aos avistamentos de OVNIS e tudo que a nossa "gloriosa" ciência materialista positivista ateísta não consegue explicar, como os tais fenômenos paranormais e tudo o que não seja passivo de prova científica ou empírica. Pelo menos não de acordo com seus parâmetros e preceitos tão atrasados. Aí entram todo e qualquer assunto de cunho espiritual também. E em tempos de tanta pressão, desigualdades sociais, corre-corre da vida urbana e todos os problemas cotidianos contemporâneos com os quais somo praticamente obrigados a conviver, para mim não deixa de ser uma espécie de válvula de escape o fato de "de-sintonizar" da dita realidade (será??) e divagar sobre essas idéias fascinantes de vez em quando. Ou será que você nunca em toda sua vida parou para pensar em algo que não se resumisse à "como vou fazer para pagar aquela conta" ou "preciso de um emprego melhor" ou "que porcaria esse meu time que não ganha uma" ou ainda "como eu gostaria de ser feliz como os outros são"? Se seus pensamentos giram basicamente em torno desse tipo de assunto, aconselho rever seus conceitos...
"A verdade está lá...DENTRO"
Particularmente sempre me interessei por coisas desse gênero, desde minha adolescência. Sempre busquei ler artigos e periódicos que tratassem do assunto, e hoje em dia, com as "facilidades da vida moderna", existe muito material áudio visual sobre o tema. Por esses dias mesmo, tenho assistido à alguns documentários que falam exatamente sobre esses assuntos, OVNIS, contatos imediatos, aparições e uma variedade de fenômenos cientificamente inexplicáveis. E em um desses programas, ouvi uma frase bastante interessante, do pesquisador ufólogo latino americano Asdrúbal Acosta, que disse o seguinte: "Tudo tem uma explicação, e uma explicação científica. O impossível não existe, o que existe é um desconhecimento que não nos permite compreender o impossível". Pertinente, com certeza. No entanto, para a maioria de nós, pessoas ditas normais, comuns e correntes, isso tudo é coisa de fanáticos, desocupados ou, na melhor das hipóteses, cientistas malucos, algo que está anos-luz da nossa realidade. Só que não.
Interessante como costumamos analisar fatos externos à nós mesmo, ou seja, que não estão diretamente relacionados com a nossa "tão importante" existência, que não afetam nossa vida de forma direta, como se eles fossem apenas ficção. Ou não é assim? O que muda para mim se la na Escócia avistaram vários objetos voadores não identificados , agora, em 2013? Que diferença faz se o tal ex-ministro da defesa do Canada disse que tem quatro (4!) espécies de ETs infiltrados na sociedade terrestre? Ou que um menino la na China nasceu com a capacidade de enxergar no escuro? Na prática, utilizando nossa lógica racional, não muda nada, mas sinceramente não dou todo esse crédito intocável à essa "lógica humana" a qual todos parecem venerar inconsciente e incondicionalmente. Infelizmente, segundo Rodrigo Vergara, numa matéria para para a revista Super Interessante, do mês de março"na sociedade ocidental racionalista atual o juiz supremo do conhecimento humano é a ciência", e isso definitivamente não é um ponto positivo, pois pressupõe que qualquer coisa que não possa ser comprovado pelos métodos científicos convencionais, simplesmente é refutado pela sociedade (inda que seja meramente pela sociedade acadêmica, uma vez que ao resto do mundo parece que o "pão e circo" bastam).
Da mesma maneira com que simplesmente rotulamos tudo o que não "nos afeta" (será?) como dispensável ou com qualquer outro adjetivo pejorativo que preferir, como no caso dos OVNIS, da mesma forma lidamos com todo o resto que não faça parte de nossa tão querida vida material. Sim, pois de um lado estamos sempre ocupados com nossos afazeres, compromissos sociais, profissionais e pessoais, enrolados com nossos projetos de futuro, nossos objetivos, família, crises existenciais ou nossos tão "essenciais" planos de vida. Ao mesmo tempo separamos tudo o que não é tangível dessa nossa vida material e ainda assim nos declaramos crentes ou descrentes, gnósticos ou agnósticos, espiritualizados ou "práticos". Se tendemos ao lado espiritual, meramente nos atemos a rotinas automatizadas ( atreladas à uma religião seja ela qual for) permeadas por discussões, normalmente acaloradas e superficiais ( já que quase nunca há vivência por traz), sobre nossas fantasias e romantismos religiosos. Ao passo que se somos ateístas, da mesma forma nos apegamos ao discurso da independência, autossuficiência existencial e (por vezes) uma implacável discordância e intolerância para com tudo que tenha o menor cheiro de espiritual, tudo salpicado com discussões, também acaloradas e vazias (embasadas quase cem porcento das vezes em teorias materialistas fundamentadas em idealismos)  sobre quão sem sentido seria "acreditar nas baboseiras religiosas". E assim segue esse medíocre batalhar de antíteses, onde apenas nos posicionamos por mera questão de conveniência.
Ficção, fantasia, heresia...Ou uma possibilidade
a se estudar?
Bem, de minha parte, creio ser no mínimo falta de humildade descartarmos as possibilidades metafísicas da existência sem no mínimo termos tentado algo de prático nesse sentido. E quando falo de algo prático, definitivamente não estou me referindo à digladiações intelectuais ou simples devaneios filosóficos. Muito menos de tertúlias ao redor de fogueiras intelectuais. Falo de experimentações praticas e diretas, experiências intrínsecas, com todas implicações que estas ofereçam. Só ai podemos ter um mínimo de discernimento básico para poder analisar e formar uma opinião realista sobre tudo isso que, ao primeiro olhar, é tão surreal. Da mesma forma, negar que haja vida além dessa orgânica e material terrena que conhecemos, é simplesmente fora de questão. Não há como ignorar um fato tão gritante, não com todos os indícios verificados em nosso tempo e se tivermos um mínimo de consciência que seja. Para falar a verdade, não vejo sequer um motivo forte o bastante para separarmos o fator alienígena do fator divino. É só uma questão de interpretação. Podem acreditar... E com isso não estou simplesmente concordando com todas as teorias dos "antigos astronautas", e sim admitindo uma possibilidade. Em se tratando de confirmação de vida extra terrestre e de contato imediato, como gostam de falar os entusiastas do apocalíptico, a questão não é "se", mas sim "quando"...

15 julho 2013

O Saber que o Sábio Sabe



O saber que o sábio sabe
É exalado por quem sabe
E ansiado por quem não sabe

E o próprio sábio não sabe
Se quem sabe o seu saber
Sabe mais sobre o saber
Do que ele mesmo já sabe

Mas o que o sábio bem sabe
É que quem sabe o que é saber
Não é sábio nem sabido

E só sabe sobre saber,
Se o sábio puder semear
O saber que a ele cabe

                                                                                       (Anderson)

13 julho 2013

Missiva à um ente querido

(...)
Quanto tempo não diviso,
Querido velho comparte
Esta face amistosa
Companhia mui honrosa
Tão voado de minha parte?

Hoje, quase que um tesouro,
As memórias que se conservam,
São por vezes  um alento
Dependendo do momento
Das lembranças que se preservam

Mas nessa vida danada
Nem tudo fica igual
Pois  palavras não retrocedem
Das medidas às que não se medem
E é o tempo prova cabal



Lamento  meus rudes modos,
Com saudosos versos de apelo
Cheios de boa intenção
Ou por impulso, então
Mas acabei por esquecê-lo

Na busca da perfeição
O incauto olvida o dever
Deslembrado do importante
Com mente turva, distante
Acaba por se perder


De orientado a guia cego
"Indo bem " sempre pensara
Mal sabia que o caminho
Que intuía fazer sozinho
Nem do início me apartara 

E agora provavelmente
Na locução desta missiva
Nem seja a origem a narrar
Mas um intruso a se saciar
Perpetrando esta ofensiva

Esta trilha tão almejada
É mais que mera opção,
Dá aos fracos de vontade
Por prêmio  a infelicidade
E uma profunda frustração

Nossos rumos se apartaram
Dentre escolhas e situações
Os sorrisos de outrora
Apagados que estão agora
Mais parecem sutis ilusões
   

Entre os pares e os iguais
Tão difícil é hoje o indulto
Que endurece o coração
Fazendo com que o perdão
Pareça coisa de inculto

Nas estradas dessa vida
São comuns os desencontros
Mais sábio é comemorar
Um encontro com pesar
Que ter  vivência sofrida



Agora que me despeço
Não dou-te nome porém
Apenas rogo em secreto
Num gesto humilde, discreto
Que perdoe meu desdém

É demais, isso eu bem sei,
Querer o que já passou
No entanto nesse instante
Contrito porém confiante
De volta aqui estou

E isto é só o que me resta
Não mais vou me demorar
Reforçando aqui meu pedido
Velho amigo tão querido
Pra de novo juntos brindar

(Anderson)


09 julho 2013

Indignação.com.br

Essa semana fui multado. Multa de trânsito, por um Agente Rodoviário Federal. Minha reação na hora foi de indignação, misturada com frustração e logicamente raiva. Cara, Que raiva! Sim, pois eu estava em trabalho, estava utilizando o cinto de segurança, veículo e documentos tudo em dia. Estava em uma mecânica para caminhões, na cidade vizinha de Marechal Cândido Rondon, encostado da rodovia, logo na entrada da cidade. Houve um acidente, pouco para frente da entrada da mecânica. Uma S10, vindo do sentido de Toledo bateu de frente com um caminhão Mercedes truck que vinha em sentido contrário. Não houveram vítimas, mas o trânsito ficou interditado. Eu, que já estava saindo de lá ( da mecânica) e iria para uma borracharia (meu trabalho consiste em visitar transportadores, autônomos, mecânicas e borracharias) que ficava do mesmo lado da rodovia, apenas uns trezentos metros à frente, vi que o transito estava parado e demoraria para andar, resolvi seguir pelo acostamento, apressado que estava, afinal era logo ali. E la fui eu, bem faceiro!
Mal havia andado uns cem metros, o PRF me abordou ( com um grito!) e parei imediatamente, até porquê estava a não mais que 20 km por hora. Ele veio até mim sem faltar com a educação, mas, em bom português, me dando uma "mijada". Tentei me explicar, inutilmente, dizendo que iria só até ali, na borracharia e que "to trabalhando, senhor policial". Nem precisei sair do carro, pois ele viu que eu estava trabalhando.
Em boa companhia...
Posso resumir toda a lição de moral que ele me deu em uma das frase que disse "Olha, Anderson nós sempre temos bons motivos, boas intenções, mas isso não significa que estamos certos", e foi fazendo a multa. Pronto. Que falar depois de uma direta no queixo assim? Me senti o próprio Anderson Silva ( aquele mesmo do UFC. Explico porque meu nome além de ser Anderson, também tem Silva no meio!), tomando um cruzado de direita e caindo igual a um saco de batatas (com a diferença que eu não estava vendido...). Foi nesse momento que surgiram todos aqueles sentimento que descrevi no início: indignação, frustração raiva, vontade mandar tomar naquele lugar, e o pior, sem poder dizer nada... Por vários motivos. Primeiro, eu estava errado, e só isso já era motivo suficiente para me resignar. Segundo, o cara foi super educado, ainda que áspero, ao me exortar. Terceiro, ainda que eu estivesse certo ( super-hipoteticamente, uma vez que NUNCA estamos certos nessas situações), estaria errado! Sim, pois é assim que funciona quando temos de um lado um cidadão comum e do outro um cidadão incomum, quero dizer, uma autoridade policial... Poxa, eu estava a trabalho, "na função", não prejudiquei ninguém, estava devagar e nem era contra mão, e o cara tinha que ter sido compreensível pois eu sou um cidadão de bem, e não um bandido! Só que não.
O titulo la em cima não se refere à minha indignação diante desta situação em especial. Na verdade nesse caso eu não tenho nem direito de me indignar, pois o policial foi impecavelmente correto! Mas isso tudo serviu como uma espécie de gatilho, para uma reflexão mais profunda, ou até, mais apropriada para o momento que vivemos em nossa nação. Me refiro a toda essa balbúrdia sobre direitos e deveres, sobre o que é justo e o que é "real", sobre quem nos representa até sobre que papel fazemos nesse picadeiro social do qual somos coadjuvantes (pista: meu palpite é que todos usamos bolinha vermelha no nariz...).
Tem alguma coisa faltando...Que será???
Repararam como é interessante o sistema de "premiação/punição" em nosso país? Claro que já devem ter pensado nisso ou em algo parecido, afinal tudo é gritante em nossos dias. Mas, são nessas horas, quando nos vemos frente à frente ao braço de ferro da justiça, quando "sentimos no bolso", quando somos punidos por algo do qual não temos como negar nossa culpa, é que nos damos conta de como nosso sistema judiciário é falho, fraco, ineficiente, ultrapassado, e tendencioso. Sim, pois qual a chance que eu teria contra o policial caso quisesse recorrer da multa? Nenhuma! Pois fui pego em flagrante delito, com a mão-na-massa, de calças curtas! Com direito a foto tirada da CNH e tudo!Assim como todos estes nosso queridos representantes políticos/religiosos/sociais que não saem da mídia, e que estão no poder a tanto tempo quanto na ativa a frente de suas atividades ilícitas. Qual a diferença entre eles e eu? Simples: eles conhecem toda e qualquer lacuna, fenda ou falha do tão famigerado sistema (ou pagam bem quem as conheça) e as usam a seu bel-prazer, e com maestria, diga-se de passagem. Já eu... Bem , eu vou ter que pagar a multa e ficar bem quietinho, e ainda me sentir agradecido pelo PRF estar de bom humor ( e bem ocupado, na verdade!).  Ai vem me falar de reforma política? Plebiscito? Aham... Duas palavras: Cortina de fumaça (acho que foram três) ! E nossos queridos amigos, como o senhor José Genoíno, Zé Dirceu, Marcos Valério e toda a corja ( que não se resume apenas aos 25 réus do mensalão) continuam por aí, numa boa, dando risada da minha cara. E da tua também. Mas, bem feito pra nós, né? Afinal, nosso sistema é o presidencialismo, com eleições diretas, e ninguém herda o cargo por direito (bom, quase nunca...), não é mesmo? E se bobear, estaremos votando em algum ficha "quase limpa" nas próximas eleições...

04 julho 2013

Imprópria Opinião


Onde isso vai parar?
Me faz cansar esse vazio colossal
Que à tantos encanta, fascina, seduz
Qual cego ao abismo em calma conduz
Do inicio infalível ao previsto final

De antemão traçado o infeliz trajeto
Seguido por todos, caminho enlevado
Por doutos e laicos no mesmo tablado
Qual culto herético, mas nada discreto

E em torpe marcha de grande demência
Caminha a manada em total decadência
Com ânsias de um ébrio num ímpio sarau

Saltando e gritando em simiana euforia
Lesada rameira , contrário ao seu guia
Me entope o desdouro de tão baixo grau

                                                                                                                  (Anderson)

O livre arbítrio nosso de cada dia

Um dia me ensinaram que durante toda nossa viada, apenas duas coisas são inevitáveis. Uma é a morte e a outra é escolher. Quanto a primeira, por mais que ainda me impressione, já não me assombra mais. Pelo menos não mais tanto depois do 21 de dezembro último, aquele do "epic fail" dos Maias...Já quanto a segunda questão, dessa não tem escapatória. Nem que eu quisesse.
Nunca fui bom em fazer escolhas, pelo menos assim presumo. E comprovo isso quando tento pensar nas incontáveis que já fiz na vida, principalmente as grandes, e facilmente me vem à cabeça os inúmeros equívocos que cometi, enquanto as assertivas são tão pouquinhas que dá até pena. Sem contar que quase todas essas últimas vem acompanhadas de dúvidas severas... Hehehe... Tragicomédia. Se for para nomear as "cagadas" que já fiz, puxa... Acho que sequer consigo lembrar da maioria, mas foram muitas e constantes, disso tenho certeza! Perdi grandes oportunidades, desde profissionais quanto de ficar calado. Perdi momentos importantes, moral, crédito, amigos... É... Patético, mas ainda assim triste. Pelo menos para mim.
"Se tomar a pílula vermelha vai ficar no país das maravilhas..."
Mesmo assim é interessante refletir sobre nossas escolhas. Ou sobre escolher, simples e puramente. Já pararam para pensar como o nosso livre arbítrio é algo ilusório? Bom, pelo menos do ponto de vista que a maioria de nós vê este "dom". Afinal, tudo o que fazemos, enquanto "autômatos" que somos, é seguir o script das escolhas e suas consequências. Por cômico que seja, já dizia Raul, e com propriedade: "Faz o que tu queres poi é tudo da lei..." E é bem assim mesmo. Biblicamente falando, tudo o que fazemos na vida é escolher. E arcar com as consequências de cada escolha. Quer ver? Posso escolher entre escrever algo aqui ou não escrever. Escolher entre pensar em algo ou não pensar. Entre fazer ou não fazer, que quer que seja. Percebem a dualidade da coisa? "Ah, eu não vou escolher nada, simplesmente deixar acontecer." Só mais uma escolha. Você escolheu não escolher. E assim é invariavelmente. Tudo se resume a escolhas e suas consequências. Causa e efeito. Ação e reação. Simples assim.
Mas o que me fez realmente escrever isso aqui foi um "insight" que tive (e é recorrente até) esses dias. Há pressupostos, passos, uma ordem de processo para que se chegue a uma escolha. Pelo menos nas assertivas esse processo é determinante. E mesmo nos erros cometidos é possível se identificar um padrão gradual que culmina com o dito erro ( ou insucesso, se preferirem). Podemos observar isso facilmente na educação de uma criança. Como pode um indivíduo nascido e criado em um ambiente caótico, infame ou simplesmente inadequado,  para uma criança,  (leia-se sem noções básicas de ordem, respeito, honestidade,etc) vir a ter a mesma capacidade de escolha do que uma que tenha sido educada em um ambiente dito favorável, rodeada de princípios, conceitos concretos, apoio, etc, etc? Será que em ambos os casos as chances de acertos seriam iguais? Creio piamente que não. Ou, em assim sendo, tudo não passaria de um jogo, e já declarou Einstein que "Deus não joga dados", e dessa opinião compartilho. Definitivamente não creio em coincidências, acaso, sorte. Tudo tem uma razão de ser, um motivo, seja ele aparente ou não.
Voltando à questão das escolhas e seguindo a mesma linha de raciocínio, podemos concluir que o meio (no caso o contexto em que se está inserido) influência diretamente o indivíduo nesse caso, salvo raras exceções,  grandes homens e mulheres que destacaram -se em meio as adversidades, fossem quais fossem ( e como regra geral os grandes nomes da história são assim). Ai lanço mais um questionamento que considero crucial: Se as escolhas são inevitáveis ao indivíduo, e se o meio influencia diretamente este último, logo, o meio tem um papel essencial e notório nas escolhas de cada um, correto? E com esse raciocínio em mente, paro para observar o cenário ao meu redor e, invariavelmente fico sem ter nem o que dizer...
A dualidade das escolhas
Como podemos ficar discutindo se somos contra ou a favor do aborto, se é correto ou não haver "bolsa-tudo-quanto-é-coisa", se as cotas para negros e para deficientes são realmente necessárias (logo logo vai ter cota para gay, aguardem para ver...) ou se este ou aquele representante político presta ou não presta, quando em verdade, em verdade, nem mesmo sabemos fazer escolhas? Quem coloca eles no poder? Quem negligencia atenção e afeto aos filhos? Quem "arruma" notas fiscais para fechar a conta do imposto de renda? Quem fala...Mas não faz? Escolhas básicas, é o que quero dizer. O que houve com o bom senso, que deveria , como me disseram uma vez, ser o mais comum dos sensos, e na verdade é hoje o mais raro? Não existe mais respeito entre as pessoas. Ética é algo velho e ultrapassado. Valores são tão descartáveis e de fácil troca quanto ideologias políticas (nessa era de "partidos mil", para todos os gostos!). Ser honesto é nadar contra a maré,porque "malandro que é malandro não perde a oportunidade". Ter opinião não é mais do que compartilhar um assunto qualquer em uma rede social. E não falo isso porque sou um paladino da reforma da consciência social, não. Na verdade, sei de todas essas intempéries, na maior parte, por experiência direta... Mas não é por isso que não tenha uma visão crítica ( e também numa tentativa holística) da coisa. E de mim mesmo, que faço parte dessa massa.
Por tudo isso não vejo como não achar estranho estarmos discutindo se a cura gay é absurda ou não, se os políticos devem ou não ser punidos, se os menores devem ou não ser penalizados, ou seja, escolhas SECUNDÁRIAS, quando sequer separamos o lixo reciclável do orgânico, e sequer reservamos tempo para brincar com nossos filhos, que aprendem com o exemplo, e não com o discurso... Quem sabe quando aprendermos a fazer escolhas mais simples, talvez, vai que,  quem sabe, de repente, numa dessas, pode ser que aprendamos a fazer escolhas mais "complicadas", como escolher o presidente da nação ou respeitar a opinião de nosso amigo ateu...