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30 agosto 2013

O que Eu sei é o que Eu fiz


Recebi um premio de terceiro lugar com esta poesia no 1° Concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun - edição 2013, aqui da minha cidade (Toledo). Para minha primeira vez, esta muito bom. Apenas oma observação: quando reproduziram o nome dela(da poesia) nos jornais e também no certificado que ganhei, alteraram para "O que sei é o que eu fiz" ( e sem as maiúsculas no pronome). Não sei se foi uma correção por redundância de pronome ou erro de grafia mesmo. Se foi realmente uma correção ortográfica, não deveria ter sido feito, pois era exatamente essa redundância (proposital) que eu quis expressar no título, mesmo assim não reclamei... Já esta feito mesmo...


O que Eu sei é o que Eu fiz


Disse minhas melhores palavras.
Lancei meu olhar mais puro.
Dei meu sorriso mais cordial.
Falei de coisas inéditas... para mim.
Contei bobagens só para te ver sorrir.
Imaginei coisas incríveis, inimagináveis.
Sonhei, quando dormia e quando te olhava.
Sonhei tanto que acabei esquecendo de acordar.
E quando voltei ao mundo real, o sorriso não era mais que um esboço.
Uma doce e distante lembrança.

Aprendi novas coisas velhas.
Lembrei de coisas que nunca aconteceram.
Dei asas a uma imaginação que já voava, adormecida.
Brinquei de falar sério para fazer graça.
Andei sobre nuvens sólidas de algodão doce.
Cantei coisas bobas sem pensar.
Descobri sentidos perdidos, sentidos nunca sentidos.
Tive ataques de risos sem nada para achar graça.
Chorei de alegria sem saber porquê.
Parei para ouvir o sino que batia, como todos os dias, mas como nunca antes.

Fiquei sozinho por horas para pensar, e dormi.
Deitei-me para dormir e não parei de pensar.
Deixei a luz acesa para brincar de fazer sombras.
Andei, e andei, e andei, e andei... e não cheguei, mas não parei.
Falei com Ele sobre  política, sobre amor, sobre guerra.
Fiz perguntas simples sem ter resposta alguma.
E quando não perguntei me disseram o que eu já sabia.
Levei flores para passear de navio.
Aprendi a esquecer de lembrar de tudo.
Inventei palavras novas para sentimentos velhos.

Eu que não jogo, apostei. E perdi.
Não sabia perder, aprendi a ganhar.
Ouvi sobre mistérios e falei sobre saber.
Disse ao vento mentiras infantis.
O vento me contou verdades improváveis.
Esperei a chuva cessar para poder brincar na lama.
Mas a chuva nunca cessou...
Andei por caminhos de tijolos amarelos, e verdes, e azuis...
E aprendi a esperar o inesperado.
Mas o que não é esperado não é bem-vindo...

Fui ladrão, soldado, cavaleiro.
Salvei princesas, venci batalhas históricas.
Tomei castelos, drinks, banhos.
Aprendi que não se arromba uma porta aberta.
Pensei estar só quando todos me rodeavam.
Esperei o dia raiar, e cantei a noite toda.
Mas a noite era criança, e corria, e fugia, e brincava.
E quando o dia veio, a noite chorou, pois não queria me deixar.
E eu vi o sol consolar a lua, num eclipse que mais parecia um beijo cósmico.
E vi a lua se despedir das estrelas, com raios de luz prateada.

Contaram-me histórias, e estórias, e causos.
Criei lendas, fantasias, para contar a mim mesmo.
Assustei-me com a verdade, e não quis acreditar.
Gostei de ouvir mentiras, e as tomei como verdades.
Separei as peça do quebra cabeça e não consegui mais montá-lo.
Lamentei vitórias épicas, comemorei derrotas infames.
Sentei ás margens de um rio sem pensar em nada, e depois nadei.
Contei estrelas, cédulas, peixes, libélulas, gotas d’água.
E o céu nublado despejou uma chuva de letras e números.
E algumas letras eu consegui cativar...

Fui forte como nunca pensei poder, mas ninguém viu...
Fui fraco como não deveria jamais ter sido, alguns viram...
E a canção continua como deve ser.
E o grão de areia ainda sonha em ser maior que o mar.
E o sonho é uma realidade... Que ainda não aconteceu.
E a realidade pode ser apenas um sonho, um sonho irreal...
E aprendi palavras novas, ainda melhores que as outras.
Meu sorriso agora é sincero, não apenas cordial.
E as coisas ainda são inéditas. Reprises inéditas.
Mas aprendi que a pureza não está no olhar. Está no coração...

(Anderson)

23 agosto 2013

O Hobbit - Uma Crítica Inesperada ( e atrasada! )

Clique na figura e veja o trailer do filme
Por esses dias assisti, pela segunda vez, o filme O Hobbit - Uma Jornada Inesperada, primeiro dos três filmes da franquia que foi dirigida por Peter Jackson, o mesmo da trilogia O Senhor dos Anéis. Como todos já devem estar cansados de saber, tanto o filme O Hobbit quanto O Senhor dos Anéis foram inspirados nas obras literárias de J.R.R Tolkien, o grande escritor e filólogo africano ( sim, isso mesmo, Tolkien nasceu na Africa, ele não é natural do Reino Unido!) que fizeram enorme sucesso na Inglaterra e no mundo todo. Nada de mais, levando em conta que assisti o primeiro filme da trilogia SdA, A Sociedade do Anel (lançado em 1° de janeiro de 2002 no Brasil) sete vezes só no cinema, e mais umas sete em dvd e blu-ray. Apreciador da sétima arte que sou, em especial de obras de bom gosto e com conteúdo, desenvolvi uma certa intolerância por filmes dublados. Não sei bem quando foi isso, mas é fato. Me lembro ,inclusive,  de ter assistido o filme supracitado em VHS dublado lá por 2003, quando saíram as primeiras cópias caseiras do mesmo nas locadoras. Fiquei chocado ao ouvir a dublagem do Gandalf , que é interpretado pelo icônico Sir Ian Mckellen (que nasceu para fazer o Mago Cinzento, diga se de passagem, sem falar no Magneto de X-men). Quem dublou foi Hélio Viccarium veterano da dublagem, porém, particularmente achei que sua voz não ficou à altura do ator britânico. Bom, isso apenas veio reforçar meu preconceito para com filmes dublados. Sempre primei pela máxima originalidade quando assisto à uma obra áudio visual. Até mesmo em documentários. Penso que desde o tom da voz, a maneira com que o ator à impõe, efeitos de local como eco, sons ambientes, gritos, sussurros, tudo isso quando original dá uma nuance mais real ao filme, coisa que dificilmente se consegue reproduzir em um estúdio (de dublagem). Efeitos especiais à parte, claro. Certo que há também as animações, que dou meu braço à torcer, aqui no brasil são muito bem dubladas, até pelo fato de o filme ser desenvolvido para estúdio. E lógico que existem as exceções esdruxulas, como os integrantes do Pânico na TV , Bussunda ou Luciano Hulk fazendo dublagem... Sofrível, nem vou entrar no mérito. No entanto, adianto que desta vez minhas crenças quanto à dublagem começaram a vir à baixo. 
"Um mago nunca se atrasa, nem se
adianta. Ele chega exatamente quando quer."
Como o título sugere, vou me ater ao filme O Hobbit. Seu lançamento foi em 14 de dezembro de 2012 (os outros dois filmes, O Hobbit - A Desolação de Smaug e O Hobbit - Lá e de Volta Outra Vez entrarão em cartaz em estréia mundial em 13/12/13 e 18/07/14 respectivamente, fechando a trilogia). Curiosidade: em meados do ano passado, sua estréia no Brasil fora anunciada para 21/12/12 ( alguém lembra de "outra coisa" que era para acontecer nessa data???) mas acabou saindo tudo em estréia mundial mesmo. Detalhe: não consegui ir ao cinema na época, pois no cinema aqui da minha cidade não houve sessão do filme legendado, é mole? Triste... Segundo Geraldo Clivatti, proprietário do Cine Panambi aqui em Toledo, em uma conversa informal que tivemos no início do ano, isso faz parte de uma estratégia à nível nacional para atrair o público de volta ao cinema, uma vez que nos últimos anos houve um queda drástica no número de pessoas que frequentam as salas de exibição de filmes país a fora, e segundo dados de pesquisa os frequentadores restantes em sua maioria preferem filmes dublados. Além disso, tem o fator pirataria, que como tudo que é ilegal no Brasil, até diminuiu, mas está longe de acabar (mídias virtuais que o digam). É, a ignorante voz do povo... Bem, sou suspeito em falar pois baixo filmes também, logo... Mas, retomando, fiquei frustrado, pois sou fã de Lord of the Rings e seu contexto épico medieval, isso desde os ancestrais tempos em que jogava RPG, e ainda sou purista quanto à originalidade do filme, para piorar. Ai, acabei assistindo só quando saiu em Blu-ray, de birra. Inclusive assisti baixado da net! Mas tenho que confessar que foi uma experiência bem interessante, pois enquanto esperava sair em cópia doméstica, li diversas críticas, resenhas, análises, etc. Afinal, todo mundo hoje é expert naquilo que gosta. Ou pensa que é. E admito que até desanimei de ver o filme. Lembro de ter ouvido uma observação de um amigo que havia assistido no cinema e que disse que  não era tudo aquilo que se esperava. E, preconceituoso que sempre fui, até concordei (sem ter assistido!) em virtude das críticas que li. Entretanto, ter deixado para assistir bem depois da estréia, sem toda aquela empolgação e euforia do momento, me fez ver com olhos mais atentos (e desconfiados, por que não?) o dito filme, o que me proporcionou uma certa isenção de ânimo para tal. Foi a melhor coisa que fiz.
Bom, não sou especialista em cinema, mas me arrisco à tecer alguns comentários. Em primeiro lugar, muitos classificaram o filme O Hobbit como muito bom mas "não o bastante para ser épico". Na verdade um erro deveras infantil, eu diria, pois é uma afirmação que demonstra claramente a comparação direta com a trilogia Senhor dos Anéis. E não há comparação, é só ler os livros. São obras totalmente distintas, pois enquanto na obra literária O Hobbit Tolkien quis apenas criar um conto de fadas pessoal para seus filhos, em O Senhor dos Anéis ele deu vida à todo um universo, com direito a toda complexidade que se possa imaginar em uma obra de criação universal. Logo, devemos ver o filme da mesma maneira, ou seja, isoladamente, e não como continuação ou mesmo prólogo da trilogia LotR. Concordo que livro é livro, filme é filme e não é só por quê uma obra literária seja um ícone da literatura mundial que um filme feito com base nessa mesma obra também vai ficar bom. Estão ai as películas de Percy Jackson para não me deixar mentir...
Bom, se esses cara ai não são épicos
não sei de mais nada...
O Hobbit tem uma fotografia incrível... Dentro dos conceitos de fantasia medieval. E por isso apenas já seria épico, mas não é só. É um filme para toda família, é verdade. Tanto que assisti com minhas filhas ( Bela de 6 anos e Bia de 4 anos) e, tirando as partes dos "monstros" em que elas olhavam por entre os dedinhos e me abraçavam, adoraram. Na primeira vez assisti só eu e minha esposa. Concordo que a história não ficou totalmente verossímil, e nem creio que poderia. Em Senhor dos Anéis, por exemplo, se isso fosse feito teria rendido uns 4 ou 5 filmes sem fazer muita força. Assim como a história dO Hobbit poderia ser contada em um filme ou no máximo dois, mas entendo que além das questões "financeiras" ( não sejamos inocentes, estamos falando de um negócio milionário) há também o fato de que Peter Jackson sendo um fã incondicional de Tolkien, provavelmente tenha optado em alargar os horizontes da Terra Média, uma vez que esta será sua oportunidade derradeira (assim espero, pois não creio que um filme sobre os Contos Inacabados, por exemplo, do mesmo autor de SdA, faria algum sucesso), acrescentando elementos da franquia Senhor dos Anéis que foram extirpados ou simplesmente ignorados na versão de cinema de mesmo título em prol de uma "versão mais filmável" da história, como é o caso do personagem Radagast, o Castanho que não aparecia no livro mas foi incluído no enredo de O Hobbit. Na verdade não vejo como nomeá-lo como épico antes de ver os outros dois filmes, já que é uma história só, mas com certeza já podemos eleger algumas cenas épicas, como a canção Misty Mountains ou as Charadas no Escuro entre Bilbo e Gollum, sem falar na cena com os trolls das montanhas. E ainda ouvi muitos reclamarem que o filme é longo demais, com muita encheção de linguiça, do que também discordo. Parafraseando Gandalf, penso que o filme "é do tamanho que deveria ser, nem mais nem menos". Nós é que somos muito críticos além de gerarmos expectativa em demasia, o que em verdade está profundamente relacionado, e ficamos imaginando que poderia ser assim ou assado e que deveria ter isso ou aquilo, que aquela cena ficaria melhor assim, que esse personagem não se encaixa, etc, etc... E perdemos o foco, acabando por esquecer de apreciar o que realmente foi feito.
Outra coisa que preciso citar, e que já referi acima, mas que não tem a ver com a produção do filme em si, é a questão da dublagem do mesmo em nossa língua. Como já disse no início, sou um pé atrás com filmes dublados. Na verdade sou "desfavorável" (para não dizer contra) quando não se trata de animação. No entanto, como assisti com minhas filhas ( à pedido da Bela, pois já havia contado a história do livro O Hobbit para ela ) obviamente tive que ver o mesmo dublado, e qual foi minha surpresa ao perceber que estava gostando da dublagem! Com certeza se deve ao fato desta ter aumentado de nível exponencialmente, sendo desde a equipe de dubladores, muito bem selecionados desta vez ( se comparados com o elenco de dublagem de SdA) até as técnicas utilizadas para dublagem de vozes específicas, como no caso da reprodução em brasileiro da voz de Gollum, interpretada no original pelo renomado ator Andy Serkis, e que aqui foi feita pelo talentosíssimo dublador Guillerme Briggs. E no restante do time de dublagem também só tem fera, entre eles Alexandre Moreno, Márcio Simões, Julho Chaves, Marcelo Garcia, Reinaldo Pimenta, José Santana,  Mauro Ramos e Hélio Ribeiro, nos respectivos papéis de Bilbo (jovem), Thorin, Nori, Ori, Dori, Oin Gloin e Elrond. Destaque também para Luis Carlos Persy, que dublou o Gandalf ao invés de Hélio Viccari, e na minha opinião se aproximou muito mais do original, e para Mário Monjardim Filho, nosso querido Salsicha da série Scooby Doo, fazendo o mago Radagast (Sylvester McCoy). E não posso esquecer do grande Isaac Bardavid ( o Wolverine brasileiro, para quem não conhece. Ou o Tigrão, do Ursinho Pooh, para quem tem filhos pequenos em casa como eu!) dublando Ian Holm, no papel do velho Bilbo Baggins, fazendo uma pontinha no início do filme. Bom, não é só por que prefiro filmes legendados que não gosto de dublagem. Sempre que notava uma grande performance (de dublagem) em alguma animação, por exemplo, buscava saber quem era e o que já havia feito, ou seja, conhecer o trabalho da pessoa.Na verdade acho que seria mais correto dizer que "desaprovo" filmes mal dublados, e olhem que cresci vendo este tipo de filme...
A Terra Média e suas maravilhas. Como o Gandalf, por
exemplo...
Emfim, O Hobbit é uma ótima pedida, críticas à parte, trata-se de um excelente filme, que realiza com sucesso, em minha humilde opinião, a tarefa à que se propõe que é a de contar uma bela estória, em uma terra medieval fantástica recheada de personagens épicos e criaturas mitológicas, dando vida à um universo maravilhoso, o qual facilmente nos envolve e encanta de uma maneira que só os grandes mestres, remetendo ao seu mentor, conseguem fazer. Recomendo à todos.



Obs.: Para os interessado, abram os links ( em azul ) que deixei pelo texto para saberem um pouco mais sobre desde os atores do filme até dubladores e alguns temas relacionados. Vale a pena, confiram.



17 agosto 2013

Inocência

A flor que inspira a pena
Empresta ao poeta sua alma
Arrefece o furor da cena
Ameniza, abranda,  acalma

E o poeta, inda que cedo
Faz pesado o entardecer
Um sentir que, até por medo,
Cuida a flor não esquecer

Do milagre rubro ou verde
Em gabar-se a natureza
"- Não perguntas! Vai e vede!"
Quão sublime a tua grandeza

E ao findar do pensamento
Com a pena já a descansar
Tal qual pássaro agourento
"- Mas...inda há o que pensar."

Só então, sagaz menino
Ri-se, só,  da confusão
"- A final, á quem destino?!
Ao pensar ou ao coração?"

(Anderson)

Dueto de Poesias

As poesias em voga nesta postagem são muito especiais para mim. A primeira, de minha autoria, intitulada 'A Palavra', escrevi para um amigo muito especial, em seu aniversário, o qual não lembro a data e nem quantos anos este fazia na época, mas creio que foi por volta de 2001 ou 2002.  A segunda, ainda mais especial, foi a resposta que este meu grande amigo me deu, magnificamente, em forma de poesia. Ao meu grande amigo Gil, mestre e poeta, em homenagem. 


A Palavra


Pensei em dizer colega,
Mas não vi um significado mais forte.
An old friend...

Pensei em falar companheiro,
Mas não havia sinceridade real.

Pensei em nomear de parceiro,
Mas não percebi cumplicidade suficiente.

Pensei em gritar "camarada!"
Mas não senti um tocar mais profundo.

Pensei em chamar de irmão,
Mas não notei um sentido maior.

Perguntei então à um sábio,
Mas o douto nada me disse.

Procurei em choupanas e catedrais,
Mas destas, só o mistério.

Indaguei aos pássaros e aos vulcões,
E estes nada me contaram.

Listei o alfabeto inteiro,
Todas as línguas estudei.

Letra por letra aprendi,
Cada símbolo decifrei.

Então procurei entre os livros
E haviam milhões de palavras.

Das milhões escolhi só algumas,
E entre estas, sagrei as mais belas.

Dentre as belas, poucas priorizei,
E destas uma elegi.

Então parei para contemplar
Meu achado tão precioso

E eis a minha inocente surpresa,
Quando de súbito reparei,

Que a palavra que tanto busquei
Com furor e perseverança

Estava ali, bem no início
De qualquer livro infantil.

Mas que seu verdadeiro significado
Não há como medir, não com palavras.

Ou gestos. Ou atitudes.
Ou qualquer que seja a maneira.

Pois seu real sentido está em tudo,
No olhar, no aperto de mão, no sorriso.

No choro e nas discussões.
Até mesmo no simples e puro silêncio.

E a esta pequenina palavra,
Com valor imensuravelmente sem medida,

Rendo meus momentos mais especiais.
E assim te nomeio: Amigo.

(Anderson)




Resposta a um amigo

"Uma poesia que veio pontuar. E Pontuou, na busca do ponto"

Minha alma acampa no cume
Do monte da alegria,

E, no ápice da mais alta montanha
Do vale da felicidade,

Um tipo especial de amigos!
Chega-me o eco, numa voz conhecida,
Da mais perfeita das palavras,

O amigo que ressoará para sempre
Em minha existência

-"O que responder-te?" - perguntei-me

Ora, tomo da sapiência da tua
Inefável busca,

E da poesia que vem pontuar,
E pontua, na busca do ponto,

Em minha única e possível resposta:
Amigo...Grande Amigo...
E que o eco ocupe o vale todo,
E que siga até seu encontro,
E já... E assim...
E sempre...
E ponto.

(Gil Ferreira)

Pouco a fazer

— Ei, você, diga alguma coisa!
— Dizer o quê? Pra quê?
— Qualquer coisa, ora!
— Não.
— Sim, ora!
— Não sei...
— O que?
— Se sim...
— Ou se não?!
— Se não o que?
???
— Se sim!
— Sei não...
— Sim ou não?
— Não, sim.
— Não, sim... Sim, não... Não sei mais.
— Então o sim é não?
— Não!  O não é não!
— E o sim é sim, não?
— Não, não assim! Pode ou não ser.
— Ah, não! Mas o sim é ou não é sim?
— Sim... E não.
— Não, não, não! Sim é sim e não é não.
— Sim. Só que não.
— Não! Só que sim, e pronto!
— Nem sempre...
— Nunca!
— Nunca? Nunca o que?
— O não é sim, ora!
— Certo então o nunca é não e o sim é sempre.
— Ei, nunca é nunca e não é não!
— E o sim?
— O sim o que? Não sei!
—É... Talvez.
— Ou talvez não.
— É nãosim. Ou simnão. Tanto faz!
?!
—?!

(Anderson)

15 agosto 2013

Ecos do Silêncio

Ao longe ouço os risos e motejos
Tão distantes que até ensurdecem
Walking in the mist...Life mist...
Os tolos que da inveja padecem
Escravos dos próprios lampejos

Na busca de um rude acusado
Que em todo lugar se encontra
A treva mental logo aponta
O legítimo e infame culpado
                                                               
Que assim se cumpra a sentença
Uma vez o implicado em presença
Ainda que um simples reflexo

Pois este é o culpado, afinal,
O espelho,  improvável rival
Portador da verdade sem nexo

(Anderson)

10 agosto 2013

Fúnebre Sentimento

De susto tomado ao surgir de um adágio
Flagrado em  engodo de breve constância
Tamanha inocência que beira ignorância
O frio da espinha de um banal presságio

Destination: ...
"Mas que te aflige, infeliz buscador?"
Retumba em retórica a ecóica questão
No eterno espaço  do oculto saguão
Calando em resposta ao vil sofredor

E tal qual um estalo então vem a chave
Rompendo o silêncio do herege conclave
Clareando no instante o grotesco umbral

Que logo desvela  o total desencanto
Do homem  maldito ao sábio de manto
Aos maus militantes da marcha penal

Mas tal é a dormência que nem causa espanto
Saber que o destino do riso ou do pranto
Termina sem dó em sua hora final

(Anderson)

06 agosto 2013

Herói

Era uma vez um homem simples. Não um homem simplório, desses que nem se nota ou quando se nota se sente pena. Não, apenas simples de descomplicado mesmo. Mas essa história começa ainda antes desse homem ser homem, no sentido completo da palavra. Começa quando o homem ainda era um menino. Um menino simples. Nascido e criado no interior de um país qualquer, que poderia ser o Brasil. Num estado qualquer, que poderia até ser o Paraná. Numa vilinha qualquer, que era nova a vila. Uma "vila nova", pode se dizer. Sem muitas pretensões, eu diria, crescia o tal menino.  Sua família, uma família simples. Tão simples quanto uma família de camponeses pode ser. E quase sempre é. De pai e mãe agricultores, vindos do extremo sul do tal país como migrantes em busca de um futuro, o menino mais uns quantos irmãos, uma meia duzia acho, nem mesmo era o mais velho. Nem o mais novo também. Nada de especial tinha esse menino. Assim ele pensava. E acho que todo mundo também pensava isso.
O tempo foi passando e o menino foi crescendo, fazendo coisas de menino, escola, trabalho, traquinagem. Algumas traquinagens, pelo que sei! Mas, segundo as lendas, ele nunca era o culpado... E nem duvido, já que era um menino tão simples. Como não era o mais velho, seus irmãos maiores saíram na frente nos estudos. Teve irmão doutor e tudo! Mas ele nem ligava, ou pelo menos assim sempre deu a entender. E também não era o mais novo, não tinha nenhuma regalia extra. E assim ia levando sua vida simples de menino simples, num lugar simples inclusive, diga-se de passagem. Acho até que ele era um menino feliz, mas não posso afirmar com certeza. Mas acho que era.
O tempo passou um pouco mais, e o menino simples foi se tornando um adolescente. Um adolescente simples. Continuava com poucas pretensões, penso. Como qualquer pessoa simples é. Como todos deveríamos ser também. Dentre não muitas atitudes ousadas que poderia se esperar desse menino simples, ele tomou uma afinal. Saiu de casa. La pelos quinze. Radical... Mas continuou com a simplicidade com que fora abençoado desde que nasceu. Continuou a trabalhar, só que na cidade. Escola, bem, essa abandonou. Por que quis, acho, não sei ao certo, pois potencial até sobrava. Traquinagem já não fazia mais, afinal não era mais um menino. Já não fazia mais coisas de menino. Agora fazia coisas de ...Quase homem. E assim ia seguindo, e conheceu uma garota. Mais velha ela. Não muito, uns dois anos só. Ah, isso sim, já era coisa de homem! - Pensava ele, provavelmente. E ai a história dele começou a ter mudanças significativas. Foram viver juntos. Na verdade sobreviver, pelo que sei. Passaram umas barras juntos. Até quase fome. Mas acho que só foi quase mesmo. Nem imaginava ele que dentro de pouco tempo teria sua vida definitiva e radicalmente alterada...
Não foi planejado. Nem mesmo acho que ele tenha algum dia pensado nisso. Nem de longe, ouso dizer. E até porquê nada se sabe sobre ele ter sido exposto à raios gama, nem mordido por alguma aranha radioativa. Tampouco absorvia força de nosso sol amarelo. Cinturões multi utilidades, armadura cibernética, capa... Sem chance. Até que manejava uma enxada e um martelo decentemente, mas não soltavam raios. O fato é que aos dezessete, ele (sobre) vivia com sua garota e casaram-se. Não sei bem se antes ou depois do "evento/advento". Acho que em virtude dele, até. E foi mais ou menos quando tudo começou... Num dia qualquer de março, no finalzinho da década de setenta, aquele menino simples, que agora se tornara homem (e nem sabia), recebeu algo inusitado e maravilhosos. Super poderes! Sim, isso mesmo, ele seria um super herói! E foi sua garota quem descobriu primeiro e lhe contou. Puxa vida, que coisa louca... Que fazer com eles? Como agir? Será que iria dar conta? Fico a imaginar qual foi a reação do homem naquele momento. Ou melhor, naqueles momentos, já que , segundo sua garota, os poderes só iriam se manifestar de verdade após alguns meses. "La paro o fim do ano", disse ela, "em outubro".

E assim, la pro fim de outubro de 1979, (ano interessante esse: Figueiredo assume no Brasil, Margaret Tatcher sobe ao poder na Inglaterra, eu nasci...) aquele homem simples, que até então não possuía aspirações que fossem muito além de uma vida normal (e simples...), que nunca sonhara muito alto, que precisava de pouco mais que o básico par viver, tornou-se o mais novo herói que o mundo conhecia. Seus feitos? Ah, colossais, eu diria. Monumentais, titânicos, épicos...E simples. Tão simples que pessoas demasiadamente ordinárias nem os reconheceriam. Mas eu, felizmente consegui reconhecê-los. nem sei se sou ou não ordinário, mas os reconheci. E, só para frisar, não é qualquer um que tem a honra de conhecer um herói em carne e osso! Muito menos conviver com um. E os poderes? Ah, os poderes desse herói...São simplesmente fantásticos! Ele é dotado de super paciência, ainda que tenha gritado um pouquinho de vez em quando. Comigo inclusive, mas sempre com razão! Ele tem o misterioso poder da visão do futuro, e sempre o utiliza em conjunto com outro super poder, o da sabedoria infinita, em forma de conselhos e admoestações incrivelmente assertivas. Ta, nem sempre são tão tão assertivas assim, mas nunca inúteis. Também possui o magnífico poder do sorriso cordial hipnotizante, capaz de desarmar o pior dos inimigos e cativar qualquer incauto que cruzar seu campo de alcance, mesmo que as vezes saia amarelo e com expressão cansada. Sem falar na sensacional habilidade sobrenatural da honestidade inabalável, que em verdade as vezes titubeia, mas só em virtude das decepções dessa vida ingrata, mas não passam de um pensamento passageiro. Mas sem a menor dúvida, o maior e mais incrível poder que esse homem simples, que, talvez não seja super, mas com certeza é um herói, mesmo que não se considere como tal, é o seu fenomenal amor incondicional, tão forte, puro e verdadeiro que ele nem parece se esforçar para demonstrá-lo. E sei que ele existe, mesmo que nem sempre o demonstre. E a cada ano que passa, seus poderes, acreditem, aumentam mais e mais.
Ok. Talvez para muitos esses poderes não sejam la grande coisa. Talvez muitos não considerem um homem simples como este, um herói. Quem sabe para outros os heróis sejam apenas ficção, coisa de histórias em quadrinhos ou filmes de ação. Mas não para mim. Não, definitivamente não tem como eu negar sua existência, pois eu vi ele! Eu cresci com ele, vivi com ele. Por muitos anos. E ainda hoje tenho contato com ele, e o vejo sempre que possível e sou testemunha de seus incríveis poderes. Diria mais, por mais falho que seja, gosto de pensar que sou fruto desse convívio com este herói. Que pelo menos o meu lado bom seja resultado da exposição direta aos seus poderes por todos esses anos. E que um dia eu ( não custa sonhar, né?) possa ter a honra de vir a, quem sabe, não substituí-lo, mas pelo menos poder auxilia-lo em suas super tarefas. Por quê não? Afinal, alguns heróis têm ajudantes, ora...
O homem simples voltou para suas origens, há tempos já, e eu acho que sei porquê! Acho que é porque la, no campo, fica sua fonte de super poderes, sim! Mesmo que ele talvez nem desconfie disso... E é claro que este herói tem um nome, mas como todo herói que se preze sua identidade é secreta, e utiliza um codinome, ou vários até,  pelo qual é reconhecido. Querem saber qual é? Bom, eu costumo chamá-lo de meu pai.

04 agosto 2013

Homilia aos Deslembrados

Não verso para quem leia
Nem discurso à quem escuta
É tudo sobre sentir
Do passado ao porvir
Qual maestro sem batuta

Preocupado! (...)

Para que descomplicar
Quando o todo é abstrato
Se diz sim, no fundo é não
E  a revanche é o perdão
Pintando um auto-retrato?

Tanto tempo despendido
Em tolas obras inúteis
Algum sentido há de ter
Nessa busca de poder
Que nos faz torpes e fúteis

Por mais que me esforce
Não consigo divisar
O tão almejado intento
Causador de meu tormento
Que a todos parece guiar




Talvez eu é que me fui
E nem mesmo percebi
Ou se ainda qual criança
Vivendo só de lembrança
De crescer até esqueci

Quem sabe se o silêncio
Do fundo de seu império
Possa ao menos dar noção
Já que aos gritos não o farão
Do que é todo esse mistério

Pois toda e qualquer questão
Tem sempre  um ponto cego
Sendo o acaso um orador
Fato ou ideia, qualquer for
O banquete do nosso ego


Rebeldia
Sequer dão se ao trabalho
De queimar uma pestana
Pensar, rever, sentir
Antes mesmo de emitir
Sua sentença pobre e insana

E à estes é que pertence
Esta esfera ensandecida
Aos senhores da razão
Montados neste alazão
De alcunha desconhecida

Não que venha a ser útil
Mas nada custa advertir
Aos deslembrados lembrar
Discursando sem falar
Ao surdo que quer ouvir


Que não importa a palavra
Pois tampouco fará efeito
Seja ela cantada ou dita
Encenada ou mesmo escrita
Se não a sentirmos no peito

(Anderson)

02 agosto 2013

Rimas Tardias

Parece inofensivo... Só parece...
Penúrias e regozijos  na mente de um velho insano
De indumento empoeirado, nem amistoso nem vil
Astuto, austero e perene, maldito mentor senil
Em lições do escárnio ao juízo destaca-se o mestre arcano

Sem dispensa nem piedade pelos incautos andantes
Atropela e esmaga cada ser que à ele não atente
Não fazendo distinção se estranho ou se parente
À todos sempre alcança, assim será como dantes

E mesmo de todo roteiro estando  meio à par
Me parece improvável  não querer acreditar
Que tudo não seja ideado como se fosse pessoal

Pois tantas troças me prega esse velho alucinado
Que parece até gozar desse martírio inominado
Por tanto que muitas vezes anseio por um final

(Anderson)