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26 dezembro 2013

Impressão

O que me atrai em ti são os olhos...
"The time...
Pequenas janelas voltadas ao que há de tudo
Cujas cortinas secretas  do pensamento
Encobrem os mistérios ocultos em tua mente

Tua face me surpreende...
Devagar, observo os finos traços de teus lábios
Suaves como se moldados por eras de paciência
E, brevemente, invejo o autor de tão sublime obra

Me faz calar ao ouvir tua voz...
Qual melodia, se faz sentir sem dar escolha
Dominando  minh'alma  a bel prazer
Como se dona e senhora do meu pensar

...it does not...
De tuas mãos almejo o toque...
Delicado ou rude, tapa ou afago, não importa
O simples contato faz eterno o breve instante
Numa eternidade finita para todo o sempre

Na tua pessoa me encanta o ser...
O ser que do fugaz olhar dos tolos se esconde
E somente se revela aos corações imaculados
Com seus nobres atos de total simplicidade


...back again."
E o que mais me cativa não é o que sei...
É justamente o que não sei, e então me ponho a pensar
Se o pouco que conheço de ti me impressiona tanto
Que de mim se em posse de teus mais belos segredos?

(Anderson)

15 dezembro 2013

Os 3 Espíritos de Natal... Ou quase isso

Ebenezer Scrooge: "Agora chegou sua hora,
chegou sua vez você vai pagar..."
Bem, essa não é exatamente a clássica história de Ebenezer Scrooge, o velho avarento e malvado que tem uma segunda chance quando é visitado pelos espíritos de natal do passado, presente e futuro. Em verdade, o título dessa postagem poderia muito bem ser apenas "Espirito de Natal", pois é desse "mito" que quero falar um pouco aqui. Mito, relativo à fato histórico ou lenda mesmo, pois o espirito natalino parece realmente estar morto, ao menos aquele de que me lembro quando era criança, isso não muito distante, há apenas uns 25 ou 30 anos atrás. Claro que não vou fingir que minhas lembranças natalinas de infância são todas lindas, maravilhosas e perfeitas. Infelizmente não há como apartar as memórias ruins das boas. Não dá simplesmente para apagar, por exemplo, aqueles momentos no mínimo constrangedores em plena reunião familiar (clássica...), quando a maioria dos parentes estão bêbados, contando piadas infames (muitas vezes sem graça), rindo e gritando asneiras todos de uma vez. Sem falar nas eventuais confusões ou brigas ocasionadas por algum "gambá" mais intrépido. Mas... Na medida do possível, procuro não me ater à estas lembranças desagradáveis, cujas quais inclusive atribuo grande parcela dos "créditos" da marcada característica anti-social que possúo.
No entanto, o que realmente despertou em mim a vontade de explanar algo sobre o natal aqui, foi um post com o qual me deparei outro dia no famigerado facebook. Resumidamente ele dizia que somos hipócritas por achar um absurdo ter que explicar aos nossos filhos o que é um casal homossexual ao passo que achamos normal explicarmos o que é o Papai Noel. Detalhe é que não citava o nome Papai Noel em momento algum, havia apenas uma foto de fundo dele no post em forma de cartão,  e a referência à ele era "um homem imortal em uma roupa vermelha que mora no polo norte e viaja o mundo inteiro em uma noite num trenó puxado por renas mágicas voadoras". Ok. Obviamente quem postou isso originalmente é claramente à favor do homossexualismo, e por mais que me coce os dedos, não vou entrar no mérito dessa polêmica contemporânea. O que me chamou a atenção de fato foi a maneira com que a pessoa abordou o mito do Papai Noel. Não me lembro ao certo quando deixei de acreditar no bom velhinho, provavelmente com uns oito ou nove anos, talvez aos dez,  mas sei que na tenra idade eu acreditava. Hoje, uma criança com esta faixa etária que acredite em Papai Noel é considerada praticamente uma aberração, tanto por crianças quanto pelos adultos. É sim, não é exagero! Talvez não seja regra geral, até porquê sempre há exceções, mas na grande maioria dos casos é assim que funciona, e a prova cabal disso é justamente essas manifestações nas redes sociais como o post que citei acima, ridicularizando uma tradição milenar em prol de uma ideia modernista deveras controversa, numa espécie de manipulação da opinião pública com base em tendências modais tão tênues quanto os argumentos que alicerçam sua estruturação.
Se apreciar boas fábulas é ruim, me considero
um verdadeiro pervertido
Não vejo essa questão simplesmente como uma mera opinião, onde alguns são contra e outro são a favor. A raiz do problema ( admitindo que seja um problema ) é muito mais profunda do que aparenta. O fato mesmo de começarmos a pensar que o Papai Noel é apenas um tipo de mentira descabida e fantasiosa que contamos aos nosso filhos, e que nossos pais contavam para nós, e assim sucessivamente com nossos antepassados, demonstra como os valores e princípios morais que norteiam nossas vidas estão sofrendo mutações drásticas e, ao meu ver, perigosas. Drásticas porquê as mudanças são tão gritantes que chegam a assustar à quem para para observar, numa velocidade jamais vista antes na sociedade humana. Perigosas pois a inversão de valores se tornou algo tão comum e banal quanto mudar o canal da tv, onde aquilo que não nos agrada aos olhos simplesmente é descartável. Sou redundante novamente ao dizer, como em outro post mais antigo aqui no blog, que estamos nos tronando cada vez mais superficiais, não temos visão analítica, não temos nem queremos ter paciência para pensar, somo filhos do imediatismo, o qual invariavelmente e obrigatoriamente nos presenteia com diversos "dons", sendo um deles a cegueira. Nos tornamos cegos para tudo que cause algum desconforto, seja emocional, comportamental ou físico mesmo. Evitamos a "fadiga" de ter que avaliar se aquilo que nos dizem é, no mínimo, plausível. Opinião? Pra que, se temos televisão? "O google é o meu pastor, e nada me faltará", lembrando uma piadinha infame que um amigo me contou la no tempo da faculdade ainda, quando a internet nem era tão...Tão isso que é hoje.
Acho interessante nos atermos à estes conceitos novos que estão nos apresentando às toneladas todos os dias, principalmente no que concerne às crianças. Mas acho ainda mais interessante (e assustador!) como não vemos ( olha os cegos imediatistas ai...), e na verdade sequer nos damos conta de como tudo está relacionado. A velha lei da ação-reação, ato-reflexo, causa e consequência. Peguemos as crianças como exemplo, já que as citei. Considero de suma importância a educação infantil, principalmente até os sete anos, que seria o período mais contundente na formação da personalidade e do caráter da pessoa, segundo especialistas. E o que vemos hoje em dia é aterrador, para não dizer outra coisa, quando observamos o comportamento das nossas crianças por ai a fora. Todos se entristecem e se chocam (não o suficiente, eu diria pelas reincidências que não cessam) ao presenciar uma criança mal-educada, birrenta, mal criada, e afins dando o seu show. No entanto, poucos de nós nos damos conta de como nós mesmo somos os influenciadores, os formadores desses pequenos futuros grandes problemas. Sim, pois se achamos a coisa mais normal do mundo que eles assistam novelas, filmes violentos e desenhos inapropriados ( na nossa companhia ), se achamos que não tem nada de mais em criar uma conta de rede social para uma criança de seis/sete anos, se não impomos limites de horários ( nem para dormir!), se dar uma palmada corretiva é crime, se ensinar um labor é abuso ou escravidão, se entupir de brinquedos é o mesmo que dar atenção, se achamos que tem que ir para missa ou para o culto mas nunca paramos para fazer uma oração sequer junto ao pé da cama com eles, se saber o hit do Michel Teló é legal e não saber a tabuada é normal... Bom, sinceramente minha gente, tem algo de muito errado em tudo isso. As crianças estão perdendo a inocência. Na verdade estamos comprando, roubando a inocência delas, trocando por tablets, note-books, video-games e celulares.
Não há mais crianças precoces, o que existe é uma cultura pop (podre) "teen" precoce. É claro que, com essa premissa e com grande parte da sociedade apoiando, fica muito mais fácil explicar à uma criança que uma união homossexual é apenas "duas pessoas (do mesmo sexo, se alguém ainda não sabe...) que se amam" do que ter de se esforçar um pouco para contar-lhe uma fábula inocente sobre um velhinho que presenteia às crianças (que se comportaram) de todo mundo, dando à criança a oportunidade de se familiarizar com a importância de sentimentos como o de partilha, altruísmo, benevolência, amor, compaixão, etc. ou seja, sinalizando como uma bússola moral, que com certeza influenciará na formação do caráter da pessoa. Obviamente, coloquemos o materialismo no seu devido lugar, aos apressado que possam vir com seu discurso de que "natal e Papai Noel são apenas agentes do consumismo moderno". Você precisa realmente dar aquele i-phone para seu filho? Por que não experimenta dar um carrinho ( nem precisa ser hot-wheels) ou uma boneca de pano? Isso dá trabalho, sabe, fazer algo útil. Temos que usar a imaginação, e instigar a deles. Dá muito mais trabalho do que simplesmente desvelar toda uma realidade que, de uma maneira ou de outra, virá à tona, mas ao seu tempo.
Cuidado: Cenas fortes...
Não apressemos as coisa. Não há necessidade de pular etapas. Como já disse um sábio uma vez: a natureza não dá saltos. Tudo tem um tempo de ser. Não há mal algum em montar uma árvore de natal junto com seu filho, ligar um "pisca-pisca", montar um presépio, cultivar a lenda do Papai Noel, desde que tenha um sentido, um fundo, um propósito real e nobre. Não vamos incutir em suas cabecinhas indefesas os mesmo problemas e medos com que temos que lidar agora que somos adultos. Não vamos substituir a pureza, a inocência das crianças por qualquer outra coisa que seja, pois não há equivalente! Acreditem, o brilho no olhar delas ao ouvirem uma história do Papai Noel, sobre seus feitos, a cartinha para ele contando que se comportou, é algo que não tem preço, mas exige um mínimo de esforço de nossa parte enquanto pais ou responsáveis. Então, se me pedirem o que é mais fácil, explicar à uma criança sobre um casal gay ou o Papai Noel... Bom, vocês já sabem a minha resposta.

05 dezembro 2013

Doideira, só que com um detalhe: Doideira pura!

Esse "texto" redigi há uns dez, talvez onze anos atrás. Logo, algumas referências "pop" são referentes à época. Apenas para  esclarecer à quem vier a encontrar, além das discrepâncias lógicas, algumas discordâncias temporais. E boa leitura! rsrsrrs



Doideira, só que com um detalhe:
Doideira pura!

Aaaaah... Que sono! Estou tão cansado... Parece que dormi uns 13,2254 dias. E meio. Pudera, depois de ter comido toda aquela colherada de nuvens amanhã à noite! Mas valeu a pena! Ainda posso sentir o gostinho em mina perna. Se bem que Cabral estava meio verde depois de contar a historia de seu Machado. Há!... mas que  Assis! Pensei que havia alguém doente, pois eu estava muito bem. Mesmo assim o jogo estava ótimo, pois cheguei atrasado apenas uns oito séculos e ainda pude assistir o Chaves.
Porcaria! Parece que não tem mais sucrilhos. Vou ter que ler umas janelas. Talvez assim o Verdão seja campeão asiático novamente. Afinal, como diz ser o ditado, "quem cedo não leu, do que nunca". Bem, deixa pra lá, pois pra cá já está vazio. Talvez meu gato saiba quem descobriu o Canal da Mancha:
"Eu vou, eu vou..."
— Hei, Topo Giggio! Vem cá! Que horas são? O quê? Ora, como não sabe falar?! É só ler o manual, está tudo em koreano! Ah! Quer saber? Pois não vai, só pra aprender a não abrir conta em banco na Suiça! Seu ornitorrinco estúpido!
Mas também, só eu para dar atenção à esse pé de mesa. Ele só fica cantando aquelas músicas ridículas do Bóris Karloff. Não vou mais  pagar seu curso de terrorismo por correspondência. Se quiser que faça  com açúcar mascavo! Não se pode mais nem confiar nos próprios extra terrestres... Mas deixa estar! Quando o Van Damme se eleger, vou capinar toda a minha horta. Isso se as marmotas não comerem todos os pés de Rufles que eu plantei no banheiro! E não quero nem saber se os vizinhos não tem internet, pois eu não vou ficar andando de bicicleta só para economizar querosene. Dane-se o apagão, vou acender todas as panelas de adamantium.
            Sei muito bem o que vou fazer agora. Apenas não me lembro... Ah, sim. Já estava quase lembrando. O microondas está com crise de identidade de novo. Mas é muito fresco mesmo! Não vou poder lavar minha galocha mais uma vez. Acho que vou encomendar  uns três pares de Âmber-vision, talvez assim resolva o problema. E se não resolver, vou ter  que apelar para fiança, pois não vou a julgamento nem a pau! Já viu quanto tá o juro bancário? Dá pra comer num restaurante nordestino durante uns quatro episódios. Isso se a novela não acabar em casamento, pois daí vai decidir só no Ratinho, com teste de FMI. Mas sei que isso não é o suficiente, pois ainda tem a consulta do Herby, ele tem dentista às 37:77 hs, no dia de ação desgraças, pois já não agüento mais aquelas frieiras, está caindo todo o cabelo dele.
            Mas que estranho... nunca vi este elefante por aqui antes. Deve ser o novo vizinho. Vou dar as boas idas:
            — Olá. Você é feio assim ou tá com dor de olho? Quê? Não entendi, será que você não consegue falar como um elefante medíocre normal? Tira essa porcaria da frente da tua cara e pare de palhaçada! Opa! Como é que é??? Enfermeira do Funk é a tua mãe, seu paquiderme. E mais cuidado, mal educado! Não precisa responder com essa grossura toda. Ah, sabe de uma coisa? Eu vou é pescar, pois o céu hoje está claro e parece que vai chover. Passar mal.
            Ah! Bicho mais sem graça. Deixa ele vir pedir para eu coçar suas costas, para ver se eu não tenho a coleção completa de figurinhas do He-Man. Não adianta. Só atrasa. Pois, como diria Hitler, "quem com ferro em pedra dura, serão os primeiros".  E nem os Moicanos vão conseguir interromper a chegada na lua, pois o Banco Real dá 103% de desconto no cheque espacial. Isso quando se fala em bom portunhol, pois assim até a Globo vai passar desenho japonês.

"Numa boa legal..."
            Aaaaaah!... Sono... Acho que vou levantar. Não agüento mais os olhos de cabra. Já sei! Vou fazer um eclipse, mas primeiro tenho que ver se a maré está baixa, pois não tenho aula de esgrima. Mas se o Hércules não se manifestar agora, que cale-se enquanto o outro burro fala. Nem que para isso eu precise cavar um assoalho de mármore sobre o Fujiyama. Tanto que, quando o Tio Sam disse "diga ao povo que os alemães ganharam a concorrência do IBOPE", ninguém quis pilotar a McLaren, com medo que a marinha derrubasse os Jardins Suspensos do Ceará. Mas, o mais engraçado é o meu colega de quinto, que fica o tempo todo fazendo coisas totalmente anormais. "Imaginem todas as pessoas vivendo a vida em paz", quero dizer, imaginem que ele diz ter um emprego, uma namorada, um carro, vai ao cinema, joga futebol (que insano!) e... pasmem, ele fala inglês! Tenho até medo de dizer, mas acho que ele é louco! É isso aí.  Assim que eu terminar, volto para contar até 222.252.236,001254 em egípcio. Sayonara!

(Anderson)

30 novembro 2013

Prece

A guerra não é apenas um conceito. Tampouco um mal a se temer. A guerra é um princípio universal e imutável, tão essencial à existência quanto a própria necessidade de seguir a diante. Talvez mais importante até que sua contra-parte, a paz. O impulso mesmo da vida, o combustível que nos faz lutar, temer, planejar, indagar, prosseguir, tudo isso está intrínseco nesse princípio singular. E seus preceitos estão profundamente arraigados em nosso interior, mesmo que não nos demos conta. Desde o constante batalhar de antíteses que nos prende ao dualismo da existência, até as mais épicas batalhas entre o bem e o mal, outros dois princípios igualmente supremos. Por isso,  não raramente,  me pego a refletir que em tempos de paz, a humanidade pode até prosperar, como corrobora a história. Mas também se torna fraca, fútil e vulnerável. E em tempos de guerra é quando o nos tornamos fortes e resistentes. Profundos. Pelo menos aqueles que restam... A aflição nos flagela, isso é certo. Até mesmo em nossas guerras internas. Mas é ai que procuro me apegar a uma frase de Carlos Drummond de Andrade que diz o seguinte: a DOR é inevitável,  o SOFRIMENTO é opcional. Quem tiver entendimento que entenda.



Prece

Ares para os gregos, Marte para os romanos.
Nos dois casos o mesmo personagem:
O Deus da Guerra
Dos louros da justa afrontada
Ao espólio de infame vitória
Não há espada na história
Que à ti não fosse consagrada

Movidos por ânsias dementes
Ou pela própria honra coagidos
Exércitos de homens perdidos
Por causas e idéias doentes

E confiando à paz ao destino
Negamos seu caráter divino
Que à todos afeta em igual

Pois queiramos ou não aceitar
Simplesmente não há como negar
Que a guerra é um princípio imortal

(Anderson)

27 novembro 2013

Noturno

Esta noite novamente
Demorei à adormecer
Contei flores e carneiros
Emergido em travesseiros
Pra não ver o sol nascer

"Em quanto você dorme, a noite vigia..."

Li mil livros de estórias
E outros mil pus-me a grafar
Embalei cantigas brandas
Fiz canções, dancei cirandas
Sem nem mesmo levantar

Passeei por terras pardas
Nas asas de um beija-flor
Apostando com o vento
Por parceiro o pensamento
Sem limites, sem temor



Encantei-me com as estrelas
No avesso ao meio-dia
Pontos alvos de um sem fim
Como que a piscar pra mim
E feito um bobo eu sorria

Entre plumas e auréolas
Declamei versos celestes
E em canções além do ouvir
Disse um pai,sempre a sorrir,
"Tua vida é o que fizeste"

Cruzei mares de aventuras
Sorria! Você está sendo "ninado" ...
Quebrei ondas de alegria
Contemplando a majestade
Do oceano da saudade
Que no peito eu trazia

Palavras tolas em tom suave
Às rochas fui segredar
E quão grande minha surpresa
Em assistir com mui presteza
Um rochedo pôr-se a chorar

Num rufar de alvas plumas
Viajei o mundo a fora
Vi florestas e castelos
Um sem fim de locais belos
Aos quais volto, sem demora

Cavalguei por entre nuvens
Viajei com o trovão
Provei novos sentimentos
Confusões e entendimentos
Qual relâmpago em clarão


Artêmis
E o sono que não chegava
Me instigava a fantasia
Eis que então, já alvorecendo
Qual farol ao longe ardendo
Um sorriso me contagia

Era a própria dona da noite
Sorrindo-me gentilmente
Em processos de ir embora
Predizendo o vir  d'aurora
Acenando a toda gente

E minh'alma tão inquieta
Se acalma num sussurrar
Com a ternura irradiada
Por Artêmis, a prateada
La no céu a me ninar


E nesta noite, quase dia
Adormeço a suspirar
Em meus sonhos sem maldades
Ainda lembro com saudades
Do riso argênteo a me encantar...

(Anderson)

22 novembro 2013

As vezes...

Esta poesia é muito especial para mim, pois foi a minha primeira, isso há muitos anos atrás, no túnel do tempo... E esta semana, recebi uma menção honrosa por ela, ao participar do II Prêmio Licinho Campos de Poesias de Amor, um concurso online promovido pelo Grupo de Poetas Livres, de Santa Catarina. Em verdade não recebi nada, já que foi virtual o negócio (rsrsrs), mas meu nome, assim como a poesia, estão la. Haviam algumas normas à serem cumpridas para poder participar, uma delas era a quantidade limitada de versos por poesia, deveriam ser curtas. A minha ultrapassava esse limite. Mesmo assim me inscrevi com ela. E foi tudo bem, afinal se ainda a julgaram e até recebi uma menção honrosa, é porque deve ter agradado. Quem sabe se estivesse dentro dos padrões exigidos... Enfim, de qualquer modo o tema "amor" não é exatamente o meu forte, creio. Todavia, fico imensamente grato pelo reconhecimento.


As vezes...

As vezes quero te tocar. Sempre quero...
Mas não posso, não me é permitido.
Pois tocar-te é como uma dádiva divina,
Capaz de levar ao céu aquele que o fizer.
Não mereço o céu...

As vezes quero te abraçar. Sempre quero...
Mas não posso,  não me é permitido.
Pois abraçar-te seria como voar,
Cruzar o firmamento com a sutileza e imponência de uma nuvem.
Não sei voar...


As vezes quero te falar de amor. Sempre quero...
Mas não posso, não me é permitido.
Pois falar-te de amor é como lutar na guerra,
Com coragem e ousadia, sem medo do desconhecido.
Não sou guerreiro...



As vezes quero te beijar.Sempre quero...
Mas não posso, não me é permitido.
Pois beijar-te é prova real, final,
De quem for o  senhor do teu coração.
Não sou senhor... Sou escravo...


As vezes quero te olhar. Sempre quero...
Mas... olhar-te eu posso, isso me é permitido.
Pois olhar-te é como uma prova, uma pena,
Que testa minha força, minha paciência, meu sofrimento.
Mas sou forte...
...As vezes.

(Anderson)

20 novembro 2013

Infirmitas Animae

Hoje me faz companhia a consternação
Ver ou não ver, eis a questão...
Angústia de espírito que o coração esfria
Inércia de ânimo, verdugo da alegria
E por certo nem sei sua real explicação

Talvez languidez pela doença humana
Que na cegueira da alma tem primazia
Cultuando sua deusa, a hipocrisia
Em cultos dementes por toda a semana

Sem nos dar conta, sedados que estamos
Apenas seguimos, dormidos andamos
Destinos sonhados em sonhos simplórios

E nem mesmo de longe sequer suspeitamos
Que essa vida ilusória que tanto amamos
É a própria doença desses dias inglórios

(Anderson)

18 novembro 2013

O Credo Samurai

Os preceitos descritos abaixo são datados do século XIV. Quem primeiramente me apresentou os mesmos foi um grande amigo, o qual já citei anteriormente aqui no blog, Adelir Baldin, que sempre se interessou pela cultura oriental. Sabe-se apenas que foram escritos por um guerreiro samurai, de identidade desconhecida. Seus ensinamentos, em uma análise contemporânea superficial, parecem deslocados, ao menos ultrapassados para os dias atuais. Até para os padrões orientais. No entanto, defendo que são mais  necessários do que nunca. Para todos os efeitos, o real recado deste poema é a importância do desapego material, e isto jamais se tornará obsoleto.
"Para se chagar à fonte, é preciso
nadar contra corrente."


Eu não tenho pais, faço do céu e da terra meus pais.
Eu não tenho casa, faço do mundo minha casa.
Eu não tenho poder divino, faço da honestidade meu poder divino.
Eu não tenho pretensões, faço da minha disciplina minha pretensão.
Eu não tenho poderes mágicos, faço personalidade meus poderes mágicos.
Eu não tenho vida ou morte, faço das duas uma, tenho vida e morte.
Eu não tenho visão, faço da luz do trovão minha visão.
Eu não tenho  audição, faço da sensibilidade meus ouvidos.
Eu não tenho língua. Faço da prontidão minha língua.
Eu não tenho leis, faço da auto-defesa minha lei.
Eu não tenho estratégias. Faço do direito de matar e do direito de salvar vidas minha estratégia.
"As palavras são anões
Os exemplos são gigantes."
Eu não tenho projetos, faço do apego às oportunidades meus projetos.
Eu não tenho princípios, faço da adaptação à todas as circunstâncias meu princípio.
Eu não tenho táticas, faço da escassez e da abundância minha tática.
Eu não tenho talentos, faço da minha imaginação meus talentos.
Eu não tenho amigos, faço da minha mente minha única amiga.
Eu não tenho inimigos, faço do descuido meu único inimigo.
Eu não tenho armadura, faço da benevolência minha armadura.
Eu não tenho castelo, faço do caráter meu castelo.
Eu não tenho espada, faço da perseverança minha espada.


30 outubro 2013

Breve analise da Sociedade Mundial Contemporênea

"... O que vou fazer com essa tal liberdade..."
(credo, nunca pensei que iria usar letra de pagode...)
         Vivemos em um tempo onde a locução "liberdade de expressão", de tão batida e mal aplicada, já nem tem mais sentido real. Até por que, não há mais motivo  para tal, uma vez que vivemos em um mundo livre das ditaduras e censuras de outrora. Hoje o que temos visto por ai é uma liberdade de ação, de pensamento, de posicionamento (seja qual for o cunho deste posicionamento, do político à opção sexual), ou seja, está mais para "liberdade total".  Essa poderia muito bem tratar-se de uma premissa à ser defendida por algum antropólogo modernista. Mas eu pergunto: será? Será essa liberdade contemporânea, livre de qualquer limite, preceitos ou "preconceitos", algo positivo de verdade? Será real? Até onde se pode confiar nessa promessa, e digo mais, feita por quem? Seria esta uma simples etapa da evolução do pensamento humano? Teria alguma substância palpável?  Algum conteúdo plausível? Todos dizemos o que pensamos, porquê é nosso direito. Fazemos o que queremos, por que alguma lei nos ampara. Vamos aonde quisermos, pois já não existem fronteiras que nos detenham ( à não ser alguma guarda fronteiriça de algum país extremista qualquer. Esses não deixam passar! ), sejam elas virtuais ou geográficas, nada está livre de nosso alcance ou nossa gana.
            Está em voga hoje todo e qualquer assunto que diga respeito à princípios e valores, sejam eles quais forem: religiosos, sociais, culturais, políticos. Tanto faz o tema, o interessante é se posicionar! A favor ou contra, o que vale é o debate, que nunca esteve tão na moda. E, convenhamos, exceções à parte,  é sofrível observar o quão rasos somos ao nos "debatermos" por ai com esses assuntos, dos quais estamos cheios de argumentos "emprestados", sem fundamentação real, dos quais sabemos tudo pela bendita internet, sem experimentação alguma, apenas embasados em hipóteses e "achismos". Particularmente, não vejo nada de glorioso em tentar, à qualquer custo, enfiar goela à baixo uma opinião, sobrepondo-me aos outros e levando em conta apenas os argumentos que me sejam convenientes. Sim, pois essa é a definição de debate mais adequada que posso dar em vista do que se vê por ai hoje em dia. Além do mais, um debate, por mais saudável que seja, muito dificilmente ( só para não dizer que é impossível...) suscitará alguma terminação. Quando muito pode servir para influenciar os "fracos de pensamento", podendo levar à alguma conclusão precipitada, na maior parte das vezes.  
O fruto de um debate!
            Excepcionalmente, esta é uma forma de comunicação bastante apreciada, e aceita,  em nossa cultura pop moderna. E são nesses debates, virtuais ou não, onde podemos perceber as sutis ( ou nem tanto, pra falar a verdade...) demonstrações de como as pessoas se beneficiam da tal liberdade total que me referi logo acima. Valores e princípios que antigamente eram tidos como perenes, universais, eternos, hoje, graças ao "avanço" do raciocínio humano, nada mais são do que meros conceitos, na maior parte das vezes considerados ultrapassados. Se muito, podem ser vistos, de uma maneira vergonhosamente pejorativa,  como velhos preceitos ditados por algum ancião senil ou por uma cultura arcaica qualquer. Temos orgulho de nossa 
formação erudita, à qual sobrepuja implacavelmente quaisquer menções de algo que venha a arranhar nosso esmalte intelectual. Nem vou falar dos movidos pela pura ignorância... Enfim, como em um jogo, optamos pelo que nos é conveniente, baseados em experiências superficiais, somadas à uma incontrolável necessidade de saciar nossos desejos e ambições, por vezes guiados por um  instinto individualista, mas na maior parte do tempo influenciados pela opinião alheia. E assim escolhemos as "peças" que melhor se encaixem com o perfil "fake" que definimos para nossa vida. Enquanto isso,  conceitos reais, ou como prefiro chamar costumes,  tal qual o respeito e a gentileza, parecem ser hoje, de maneira incrivelmente inversa,  fatores desconhecidos pela maioria, ou pior, definidores de caráter fraco e deficiente, praticamente ofensivos ao nosso tão singular e gigantesco ego.

There's something wrong, mommy...
            Á primeira vista, tudo o que disse pode parecer tendencioso e carregado de preconceito. E talvez seja mesmo, tendo em vista os novos valores que foram e estão sendo implementados humanidade à fora, como um todo. Infelizmente ( ou felizmente!), simplesmente não consigo engolir tudo isso assim, "numa boa legal". Não há como deixar de questionar toda essa revolução sócio/cultural ou seja lá como quiserem denominar esta anarquia instaurada e legalizada que toma conta de todos os âmbitos de nossa sociedade contemporânea. Não é por que um comportamento, qualquer que for,  se tornou comum que automaticamente ele será natural! Ou será que sou eu que está com a visão turva, e todo o resto está certo? ? ? Desde quando violar o direito de todos em prol do benefício de alguns é "defender os necessitados"? O respeito é ao mesmo tempo um direito e um dever, que fique bem claro. Quanto maior o numero de leis,  maior o sofrimento de quem está sujeito à essas mesmas leis, já disse algum sábio... Existem coisas, antigas, que, se forem simplesmente abolidas ou ignoradas, trarão apenas o caos, onde quer que seja. Há muito tempo já que aprendi o seguinte: o que é errado, sempre será errado, mesmo que todo mundo faça; o que é certo sempre será certo, mesmo que ninguém mais o faça. Aonde está nos levando toda essa liberdade indomável? Já parou para pensar? Se não parou, deveria. Um último conceito bem simples , porém  universal: se não sabe pra onde está indo, como vai saber quando chegar? Só não me venham pedir para definir o que é certo e errado. Debatamos ( ou, debatemo-nos...) menos e reflexionemos mais. Ai, quem sabe, da reflexão saia alguma luz verdadeira.
Old fashion? Talvez,  mas: "Some things never change..."

22 outubro 2013

Feliz Aniversário


Happy birthday to you...
Um dia ordinário para se celebrar
Um dia comum como outro qualquer
Sem motivo concreto ou ilusório sequer
E mesmo querendo não há como olvidar

Aos tolos otimistas cativos da aparência
Um número à mais às muitas primaveras
Já os sábios do tempo que cruzam as eras
Descontam um dia no contar da existência

E aqui fico inerte, nem sábio, nem tolo
Buscando no alheio um ingênuo consolo
Perdido nas contas que a vida fatura

Talvez até chore, improvável que ria
Na falta do alento recorro à sabedoria
E que o tempo de conta de tanta amargura

                                                                                                  (Anderson)

11 outubro 2013

Provérbios

Dói mais a palavra contida que o verbo espargido
Inda que haja a máxima há muito pensada
Do arremesso da pedra ou da seta lançada
Se o falador der lado ao seu silêncio contido

Pois há os que com as mãos até fazem palestra
E os que com a boca ponderem a existência
Há os tansos do riso e os glutões da demência
E há poetas perdidos, palhaços sem festa

Sem nada a temer pois o medo é bem-vindo
Qual fogo à queimar, selvagem, sorrindo
Mais um combustível que um mero percalço

Assim segue o ciclo da vida escrita à mão
A insaciável vontade da pena do ermitão
Que torna e retorna, seguindo no próprio encalço

(Anderson)

06 outubro 2013

Trova do Buscador

Ainda procuro, pelo que nem sei direito
Mas procuro
Busco por algo que nem sei onde
Nem por onde anda
Pelo simples impulso da busca
Fazendo da busca o próprio impulso
E ando, e ando, e ando...
Pois se paro nem sei onde estou
E menos quem sou
Por isso ando, e ando, e ando...
Sinto que o faço em círculos
De um início que vai longe
Tão longe que ainda posso tocá-lo
Com um final que está logo ali
Tão perto que nem consigo vê-lo
E o tempo se esvai enquanto busco
Buscador que sou, ou que estou
Vejo os segundos morrendo
Sem nada poder fazer
Ainda que queira, sem querer
Fazendo da busca um pretexto
Desculpa para seguir buscando
Enquanto a inalcançável verdade
Impressa em meu ser
Continua como troféu aos fortes
Aos homens de vontade férrea
Que não perdem tempo buscado
Pois enquanto nos elemos à procura
Perdemos de vista o objetivo real
E o achado se torna impossível
É então que a busca e buscador
Em uma amálgama inquiridora
Torna-se uma prisão sem muros
Invisível aos olhos da carne
Sofríveis à visão da alma
Prendendo o buscador à sua busca
Em um ciclo sem fim
Qual cão correndo atrás da própria cauda
Como um vício incontrolável
Invencível e sutil
Que ao mesmo tempo que move
Aprisiona e instiga
E em meu barco, à deriva
Continuo a ver ao longe uma silhueta
Num horizonte distante
Em meio ao nevoeiro
Ora me alegra qual terra à vista
Ora me assombra como um monstro marinho
E assim vou
Andando, remando, seguindo
Com a inebriante e inventiva sensação
De um dia chegar à algum lugar

(Anderson)

04 outubro 2013

Quimera

Essa noite  tive um sonho...
Sonhei que podia voar
Cortando os céus de um horizonte à outro
Sentindo a brisa da liberdade batendo em meu rosto
E como criança eu brincava e sorria
De alegria, medo e euforia
Mas no fundo eu sabia...
Sabia que era apenas um sonho

Essa noite tive um sonho...
Sonhei que tinha uma estrela
E com ela iluminava todo o universo
Extinguindo para sempre todas as trevas que houvessem
E como criança eu olhava e sentia
Com alegria, medo e satisfação
Mas no fundo eu sabia...
Sabia que era apenas um sonho

Essa noite tive um sonho...
Sonhei que o mundo era paz
Que as pessoas se amavam e se respeitavam
Sem malícia, sem arrogância, sem ganância, sem maldade
E como criança eu amava e agradecia
Com  alegria, medo e emoção
Mas no fundo eu sabia...
Sabia que era apenas um sonho

Essa noite tive um sonho...
Sonhei que era um titã
E o mundo todo cabia na palma da minha mão
E que me fora dado o poder de decidir o futuro do homem
E como criança eu  hesitava e temia
De alegria, medo e dúvida
Mas no fundo eu sabia...
Sabia que era apenas um sonho

Essa noite tive um sonho...
Sonhei com solidão
Que andava à ermo em meio a uma multidão sem fim
Com pessoas sem rosto que me cumprimentavam como máquinas
E como criança eu  chorava e corria
De tristeza, medo e desespero
Mas no fundo eu sabia...
Sabia que era apenas um sonho


Essa noite tive um sonho...
Sonhei que estava frio, muito frio,
E o frio provinha das caveiras ao meu redor,
Um ar gélido que congelava, desde o coração até a alma.
E como criança eu calava e tremia
De tristeza, medo e dor
Mas no fundo eu sabia...
Sabia que era apenas um sonho

Essa noite tive um sonho...
Sonhei que era feliz
Que soltava gargalhadas sem motivo aparente
Como um louco desvairado, transbordando de alegria e felicidade
E como criança eu pulava e cantava
De alegria, amor e paixão
Mas no fundo eu sabia...
Sabia que era apenas um sonho

Essa noite tive um sonho...
Sonhei que fui ao céu
E lá havia um ser, num trono bonito cercado de anjos
E me fitou com ternura, tirando-me todas as dúvidas com apenas um olhar
E como criança eu acreditava e via
Com alegria, coragem e inocência
Mas no fundo eu sabia...
Sabia que era apenas um sonho

Essa noite tive um sonho...
Sonhei que não tinha mais sonhos
Que o mundo era caos, que estava sozinho, preso, perdido na escuridão
Que o sol se fora, que não podia sorrir, que estava frio, que era pequeno
E como criança eu chorava. Só chorava
Com medo, dor, desespero. Desânimo
Pois não sabia se no fundo...
Aquilo era apenas um sonho...

Essa noite... Não sonhei
Mas tive uma visão, ou talvez alucinação
Vi um velho homem, sujo e maltrapilho , arqueado com o peso da sabedoria
Que disse :“A esperança é o alimento da alma.Quando ela faltar, todo o resto padecerá.”
E como criança eu novamente chorei
Mas desta vez de alegria, otimismo e segurança
Pois agora sei que os sonhos jamais vão acabar
Enquanto houver esperança...

(Anderson)