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06 outubro 2013

Trova do Buscador

Ainda procuro, pelo que nem sei direito
Mas procuro
Busco por algo que nem sei onde
Nem por onde anda
Pelo simples impulso da busca
Fazendo da busca o próprio impulso
E ando, e ando, e ando...
Pois se paro nem sei onde estou
E menos quem sou
Por isso ando, e ando, e ando...
Sinto que o faço em círculos
De um início que vai longe
Tão longe que ainda posso tocá-lo
Com um final que está logo ali
Tão perto que nem consigo vê-lo
E o tempo se esvai enquanto busco
Buscador que sou, ou que estou
Vejo os segundos morrendo
Sem nada poder fazer
Ainda que queira, sem querer
Fazendo da busca um pretexto
Desculpa para seguir buscando
Enquanto a inalcançável verdade
Impressa em meu ser
Continua como troféu aos fortes
Aos homens de vontade férrea
Que não perdem tempo buscado
Pois enquanto nos elemos à procura
Perdemos de vista o objetivo real
E o achado se torna impossível
É então que a busca e buscador
Em uma amálgama inquiridora
Torna-se uma prisão sem muros
Invisível aos olhos da carne
Sofríveis à visão da alma
Prendendo o buscador à sua busca
Em um ciclo sem fim
Qual cão correndo atrás da própria cauda
Como um vício incontrolável
Invencível e sutil
Que ao mesmo tempo que move
Aprisiona e instiga
E em meu barco, à deriva
Continuo a ver ao longe uma silhueta
Num horizonte distante
Em meio ao nevoeiro
Ora me alegra qual terra à vista
Ora me assombra como um monstro marinho
E assim vou
Andando, remando, seguindo
Com a inebriante e inventiva sensação
De um dia chegar à algum lugar

(Anderson)

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