Mais do que os olhos podem ver |
Em versos
mudos ousam explicar o inexplicável,
Com
esmero, o indizível é dito em voz altiva,
Mas
é no silêncio velado que revela-se sua singular nobreza,
Imprimindo
ao real um suave toque de fantasia
Que
traz à vida as fantásticas alegorias imortais
Em
uma inocente tentativa de aproximar mundos,
Das
lúdicas composições poéticas de outrora
Às
gélidas equações de cálculos dilatórios.
Por
vezes consoladoras, reconfortantes até.
Outras
aterradoras, mensageiras de infortúnios,
Mas
sempre cruciais e indispensáveis
Preletoras
da memória humana grafada,
Trazem
em si o peso da verdade instituída,
Simplesmente... assim. |
Mas
cedem em mister seu poder aos falastrões.
Imparciais
qual o vento ao lufar folhas secas,
Imponentes
por natureza, sutis por definição,
Verdadeiros
germes do conhecimento escrito,
Formam
um códice sagrado de valor inestimável.
Fiéis
portadoras dos legados da raça humana
E detentoras
por excelência do futuro do homem,
Inda
assim...
Que
seria do poeta sem ter como expressar sua ânsia?
Bem,
arrisco dizer que sobrariam os crepúsculos
E as
flores, e o arco-íris. Também as crianças e os colibris.
O vento,
a maré e a noite fariam poesia. Poemas visuais.
Mas
o vento as vezes para. A maré baixa e a noite se torna dia.
Crianças
crescem e o arco-íris é nada em dia seco.
Flores
e colibris um dia também se vão, isso é certo.
E
apenas o que sobraria seria as longínquas memórias
Rememoradas
em dias tristes. Ou felizes, tanto faz,
Ao contemplarmos
um crepúsculo nostálgico
E
então perceberíamos quão importantes são,
Quão
indispensável é sua primordial e singela função,
Registrar
nos anais da existência a epopeia humana
O que foi, o que é e o que será. Só isso. |
As dores e os amores, as aventuras e desventuras,
Da mais
simples intempérie ao mais nobre dos sentimentos
Imortalizando
os pensamentos mais brilhantes
Ou dando
vazão aos devaneios mais inusitados.
Palavras...
Sozinhas são as joias do tesouro.
Mas
juntas... Juntas são as matrizes do próprio infinito...
(Anderson)
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