Wikipedia

Resultados da pesquisa

10 novembro 2014

Gauderiando em outra vida

Estas rimas dedico ao meu grande professor gaudério, Valdir Uez.




Em algum tempo... Com certeza.
De certo que lá no início
Do entrevero que fulgura
Era o afeto o nosso ofício
Pois não pode que a amargura
Essa diaba sem candura
Fosse um anseio vitalício

Saudosista até rebusco
A memória já olvidada
Das coxilhas lusco-fusco
Dos ginetes na invernada
E até as próprias pataquada
No bolicho do João Cusco

Nos falsetes de um sorriso
De um gaudério macanudo
Se aprumando sem aviso
Nas melenas de um crinudo
Vejo um guapo rechonchudo
De a cavalo no improviso

Bendita saudade campeira
Que em manotaço me dá vareio
Das tardes de polvadeira
Gineteando no pastoreio
Num gavião livre de arreio
Com um oigaletê porquêra!
  
Inda posso ouvir ao fundo
O velho bugio roncando
Dando vida a esse mundo
Onde o taura vai peleando
Índio guasca, gauderiando
Nesse pampa moribundo

Saudades de uma época que nem vivi.
Não nessa vida...
Mas me falta solvência moral
Pra querer dar de patrão
E é no lombo de um bagual
Que vou num dito ao rincão
De poncho e relho na mão
Campeando meu leito final

E de lambuja, deixo aqui
Esses causos de campanha
Que de certo nem vivi
Mas trago n’alma as façanhas
Formosas, porém estranhas
Das lembranças de um guri


(Anderson)

Nenhum comentário:

Postar um comentário