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13 setembro 2014

Guerra Invisível

O cenário é caótico. Há desespero e angústia pairando no ar. As pessoas não se sentem seguras e os sentimentos de dúvida e incerteza parecem impregnadas nos poros dos cidadãos. Os sinais da selvageria podem ser vistos em todos os lugares, nas ruas, passeios, canteiros públicos, nas calçadas. Discursos ora inflamados, ora melosamente venenosos, permeiam e poluem os ares, violentando os ouvidos de quem possa alcançar, adentrando os lares e maculando os ambientes com suas meias-verdades tendenciosas. Entre si, as facções criminosas instituídas e suas siglas se atacam inescrupulosamente, cada qual com suas vis desculpas, alegando ao seu modo que é em prol do bem maior da coletividade, esmagando, destruindo, desintegrando cada partícula de civismo que os ditos cidadãos de bem possam ainda possuir. Alianças infames são acordadas entre sombras e cortinas de fumaça, inimigos tornam-se aliados e vice versa, com fins justificando meios sem escrúpulos para mediar. Tudo em nome de ideologias tão utópicas quão hipócritas, conceitos tão vagos e carcomidos pelo tempo e pela ferrugem aética que sequer seus próprios guerrilheiros sabem ou conseguem compreender. As perdas são quase incalculáveis, e seus efeitos praticamente irreversíveis. Mas na verdade o maior, e verdadeiramente único, que perde com esses bombardeios sem fim é um só: o povo. Estamos em guerra, meus amigos. Apenas não nos demos conta.
Sad... But true.
Este poderia muito bem ser a descrição de um cenário de guerra qualquer (ok, com exceção de algumas palavras e expressões forçadas...) em qualquer lugar do mundo. Em quase qualquer época também. No entanto, o lugar é aqui, em nosso país, o Brasil. A época é esta mesma que estamos vivendo, dias atuais. E a guerra em si nada mais é do que nossa situação sócio-político- econômica, mais precisamente, as tão famigeradas eleições 2014. Bom, talvez alguém possa dizer que estou sendo exagerado em comparar este evento com uma guerra. Talvez... Mas, como já disse alguém algum dia (que não me lembro quem nem onde li...), um pouco de drama não faz mal a ninguém, e até dá um tempero extra. Falácias jocosas à parte, a coisa hoje aqui é séria.
Preciso escrever isso aqui, do contrário acho que acabaria explodindo. Ou não. Então, perdoem–me pelo desabafo (podem chamar de vômito também se quiserem), mas não consigo deixar de ficar perplexo ao passar pelas ruas de minha cidade, a querida Toledo, aqui no interior do Paraná, ao me deparar com a enxurrada de poluição visual à qual estamos submetidos graças à campanha eleitoral. Particularmente, isso faz me sentir um verdadeiro idiota, pois qual é o motivo real de se ter um cavalete desses de propaganda (com suas ridículas e surreais imagens “photoshopadas”, o PT que o diga...) a cada 3 metros? Acaso nossos ilustres candidatos pensam que somos cegos, ou analfabetos (ressalvas à parte) ou débeis-mentais, fazendo-se necessária essa desrespeitosa contumácia visual? Sofrível... Fico a imaginar quanto está sendo dispendido de nossos pomposos, mas suados, recursos públicos (lembrando que da iniciativa privada não pode(ria) vir, e caixa de campanha todos sabemos como se faz...) na confecção, manutenção e alocação desse material. Isso sem falar nos “arrastões embandeirados” ... Foi uma vitória a proibição do clássico santinho, mas parece que sempre que se implementa uma lei regulamentadora, vem um imbecil e consegue transformar uma ideia banal qualquer em merda. E ainda há os tapinhas nas costas, sorrisos pérfidos, falsa empatia com crianças, sestas básicas, dentaduras, encaminhamentos de aposentadoras... Enfim, todo cabedal de “opções de conquista de votos” que tradicionalmente ocorrem nessas épocas em especial. Imagina se ainda houvessem os “show-missios”...
Simples assim.
Entretanto, como disse outro dia o senhor Ciro Gomes, em uma palestra que assisti ministrada por ele, não pensemos nós que ao nos isolarmos da política estaremos imunes aos seus efeitos. Parafraseando outra celebridade contemporânea, “Isto non ecziste”. Somo filhos órfãos de um sistema falido, peças descartáveis de um jogo do qual não podemos dar lances, indo mais longe nos jargões, somos massa de manobra. Queiramos ou não. Aceitemos ou não. Que garantias temos de que vai mudar algo (para melhor, de preferência!) se mudar o presidente, ou o governador, ou um que outro deputado ou senador? Nenhuma. Em verdade, diria que a única garantia que existe é a de que Murphy (aquele, das leis...) nunca foi tão preciso. Pois a tendência é piorar. Se eu fosse otimista (...) diria que antes de melhorar vai piorar muitíssimo ainda. Pessimismos à parte, cá com meus botões eu me ponho a refletir: e se, hipoteticamente falando, os cargos de representantes públicos fossem de cunho voluntário, ao invés de serem profissões 
instituídas (sim, pois político tem até plano de carreira!), teríamos tantas “almas nobres” quanto há hoje, buscando o árduo caminho do “servir”? Sim, pois se ainda não está claro, que fique então, não é por acaso que os cargos de “servidores públicos” têm esse título. Da mesma forma, o representante do povo, esta nobre função, nada mais é que um servidor do povo. Ou, pelo menos, deveria ser, em tese. E nem estou falando em voluntarismo radical, como as funções de uma entidade filantrópica. Acho até que do vereador ao presidente da república, todos deveriam tem uma AJUDA DE CUSTO sim, para prover o necessário quanto ao desempenho da função. Mas não da forma com que acontece. Afinal, alguém conhece algum representante público que viva única e exclusivamente de seu soldo político? (e aqui é capaz de alguém dizer que conhece, mas não façamos da exceção uma regra!). Pois bem, eu não tenho conhecimento de ninguém com esse perfil, até porquê por origem e definição, cargo político não é profissão, logo, não deveria ser tratado como tal. Da mesma forma, não deveria ser exigido (como em verdade não o é, haja vista, por exemplo a agenda ridícula de expediente do congresso nacional) que o representante eleito dedique seu tempo profissional (daquelas 8 horas limites diárias que alguém sem muito conhecimento e com um pouco de preguiça inventou um dia...) integralmente à essa causa. Assim, deveria ele ter um tempo para dedicar aos seus afazeres particulares (algo como metade do horário de trabalho regulamentar), no qual buscaria “complementar” sua renda, e digo complementar levando em conta a sugestão anterior, onde ele receberia um valor de ajuda de custo pelos serviços prestados à população como representante. E o que acontece hoje? Bom, seria cômico, não fosse trágico, mas é algo do tipo, como direi, totalmente ao contrário do que falei! Nossos políticos (do vereador ao presidente...) em sua grande maioria esmagadora, recebem seus salários de representantes públicos eleitos pelo povo (que não é pouco, pelo contrário, é ridiculamente alto comparando com diversos outros países do mundo) e ainda continuam com suas carreiras profissionais, seus investimentos particulares, são empresários, administradores, enfim, ocupam um espaço no mercado capital igual (ou geralmente maior, em virtude de privilégios que “conquistam”, oportunidades que “criam”, etc, etc, etc...) do que pessoas comuns. Em resumo... Tudo errado.
É... não é tão simples assim...
Um tanto radical isso tudo... Mas vamos apimentar um pouco mais. Em verdade, tenho uma teoria menos convencional ainda que ampara meus argumentos nessa hora. Não apenas penso que deveria haver uma questão de voluntarismo em cargos de representação publica (e aqui nem vou entrar na questão da dúbia constituição do estado como detentor das obrigações para com os cidadãos, antes que me chamem de marxista...), mas que também que estas funções relacionadas à SERVIR, nas quais facilmente poderia elencar profissões como MÉDICO, PROFESSOR... (apedrejamento em: 3...2...), não apenas deveriam ser baseadas em voluntarismo, como também serem norteadas por uma questão que hoje só é lembrada nas aulinhas de catequese: a tal da VOCAÇÃO (só usado para ver se o menino tem vocação para ser padre ou não!). Tai algo do arco da velha, mas ao meu ver, seria a ferramenta definitiva para determinar as funções das pessoas junto da sociedade. De simples testes de aptidão (ou vocacionais) à cursos preparatórios de treinamento intensivo para ocupação de cargos de liderança, tudo seria voltado para selecionar os indivíduos certos para cada função. Utópico, não? Sem dúvida alguma. Mas uma coisa lhes garanto, em uma sociedade que fosse mediada por estas diretrizes (ok, ok... excetuando-se o fator humano, que por sua natureza instável acaba por influenciar qualquer resultado de uma equação numa margem de erro tão difícil de se mensurar quanto de se prever) as diferenças entre os iguais (?) seriam menores. As chances de equívocos profissionais (nome educado para Médicos-açougueiros, professores-energúmenos ou políticos-corruptos, todos exemplos clássicos de “erros de escolha”...) seriam praticamente zero. Pessoas ocupariam papéis na sociedade pelo fato de terem, literalmente, nascidos par aquilo, e não por opção financeira, profissional, más influencias, tradição de família ou qualquer outro motivo esdrúxulo.

(...)
Em todo caso, são apenas ideias. Ideais de alguém com pouco conhecimento de causa, mas muitas, muitas dúvidas... As eleições estão ai, e sinceramente toda essa falação foi gerada por influência direta disso. Dilema a que todos estamos fadados.  Sinceramente? Não creio mais na salvação do sistema. Não vejo luz no fim desse túnel. Não acho que dê para reverter essa situação, pelo menos não pelos métodos convencionais sonhados pelos neorromânticos de plantão. Pergunte a um treinador de cavalos o que se fazem quando um cavalo de corrida quebra a perna. Ou a um técnico de informática o que se deve fazer quando o computador está infestado de vírus... Nosso cavalo não quebrou apenas a perna, mas a própria espinha dorsal. Nosso computador não está infectado com vírus, ele se tornou o próprio vírus! (Como o agente Smith, do Matrix, com a triste diferença que nós não temos um Neo para nos salvar...)  E ainda bem (ou não...) que a população em geral não pensa assim, ou já teria dado cagada! Poderia chamar isso tudo de circo, mas seria incongruente, já que no circo os palhaços ficam dentro do picadeiro, e não na plateia... Estamos em guerra, meus amigos, numa guerra invisível e letal, da qual sequer nos damos conta, e nada mais somos que gado perante os senhores dessa guerra. E falando em guerra, não é com alegria que declaro, que esta situação em que nos encontramos só terá fim quando ela sair dessa dimensão intangível e vir para o mundo real, quando acordarmos e percebermos quão podres e fétidos são nossos cárceres, e que não há vitória sem sacrifício. E que numa guerra civil, muitos precisam perecer para que poucos possam continuar. Queria poder acabar esse post com uma mensagem positiva, pedindo pra que votem consciente, e bla, bla, bla.... Mas não dá. Não vai adiantar mesmo. Não adianta vestir roupas novas em um cadáver, pois ele ainda assim continuará morto.

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