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04 julho 2013

O livre arbítrio nosso de cada dia

Um dia me ensinaram que durante toda nossa viada, apenas duas coisas são inevitáveis. Uma é a morte e a outra é escolher. Quanto a primeira, por mais que ainda me impressione, já não me assombra mais. Pelo menos não mais tanto depois do 21 de dezembro último, aquele do "epic fail" dos Maias...Já quanto a segunda questão, dessa não tem escapatória. Nem que eu quisesse.
Nunca fui bom em fazer escolhas, pelo menos assim presumo. E comprovo isso quando tento pensar nas incontáveis que já fiz na vida, principalmente as grandes, e facilmente me vem à cabeça os inúmeros equívocos que cometi, enquanto as assertivas são tão pouquinhas que dá até pena. Sem contar que quase todas essas últimas vem acompanhadas de dúvidas severas... Hehehe... Tragicomédia. Se for para nomear as "cagadas" que já fiz, puxa... Acho que sequer consigo lembrar da maioria, mas foram muitas e constantes, disso tenho certeza! Perdi grandes oportunidades, desde profissionais quanto de ficar calado. Perdi momentos importantes, moral, crédito, amigos... É... Patético, mas ainda assim triste. Pelo menos para mim.
"Se tomar a pílula vermelha vai ficar no país das maravilhas..."
Mesmo assim é interessante refletir sobre nossas escolhas. Ou sobre escolher, simples e puramente. Já pararam para pensar como o nosso livre arbítrio é algo ilusório? Bom, pelo menos do ponto de vista que a maioria de nós vê este "dom". Afinal, tudo o que fazemos, enquanto "autômatos" que somos, é seguir o script das escolhas e suas consequências. Por cômico que seja, já dizia Raul, e com propriedade: "Faz o que tu queres poi é tudo da lei..." E é bem assim mesmo. Biblicamente falando, tudo o que fazemos na vida é escolher. E arcar com as consequências de cada escolha. Quer ver? Posso escolher entre escrever algo aqui ou não escrever. Escolher entre pensar em algo ou não pensar. Entre fazer ou não fazer, que quer que seja. Percebem a dualidade da coisa? "Ah, eu não vou escolher nada, simplesmente deixar acontecer." Só mais uma escolha. Você escolheu não escolher. E assim é invariavelmente. Tudo se resume a escolhas e suas consequências. Causa e efeito. Ação e reação. Simples assim.
Mas o que me fez realmente escrever isso aqui foi um "insight" que tive (e é recorrente até) esses dias. Há pressupostos, passos, uma ordem de processo para que se chegue a uma escolha. Pelo menos nas assertivas esse processo é determinante. E mesmo nos erros cometidos é possível se identificar um padrão gradual que culmina com o dito erro ( ou insucesso, se preferirem). Podemos observar isso facilmente na educação de uma criança. Como pode um indivíduo nascido e criado em um ambiente caótico, infame ou simplesmente inadequado,  para uma criança,  (leia-se sem noções básicas de ordem, respeito, honestidade,etc) vir a ter a mesma capacidade de escolha do que uma que tenha sido educada em um ambiente dito favorável, rodeada de princípios, conceitos concretos, apoio, etc, etc? Será que em ambos os casos as chances de acertos seriam iguais? Creio piamente que não. Ou, em assim sendo, tudo não passaria de um jogo, e já declarou Einstein que "Deus não joga dados", e dessa opinião compartilho. Definitivamente não creio em coincidências, acaso, sorte. Tudo tem uma razão de ser, um motivo, seja ele aparente ou não.
Voltando à questão das escolhas e seguindo a mesma linha de raciocínio, podemos concluir que o meio (no caso o contexto em que se está inserido) influência diretamente o indivíduo nesse caso, salvo raras exceções,  grandes homens e mulheres que destacaram -se em meio as adversidades, fossem quais fossem ( e como regra geral os grandes nomes da história são assim). Ai lanço mais um questionamento que considero crucial: Se as escolhas são inevitáveis ao indivíduo, e se o meio influencia diretamente este último, logo, o meio tem um papel essencial e notório nas escolhas de cada um, correto? E com esse raciocínio em mente, paro para observar o cenário ao meu redor e, invariavelmente fico sem ter nem o que dizer...
A dualidade das escolhas
Como podemos ficar discutindo se somos contra ou a favor do aborto, se é correto ou não haver "bolsa-tudo-quanto-é-coisa", se as cotas para negros e para deficientes são realmente necessárias (logo logo vai ter cota para gay, aguardem para ver...) ou se este ou aquele representante político presta ou não presta, quando em verdade, em verdade, nem mesmo sabemos fazer escolhas? Quem coloca eles no poder? Quem negligencia atenção e afeto aos filhos? Quem "arruma" notas fiscais para fechar a conta do imposto de renda? Quem fala...Mas não faz? Escolhas básicas, é o que quero dizer. O que houve com o bom senso, que deveria , como me disseram uma vez, ser o mais comum dos sensos, e na verdade é hoje o mais raro? Não existe mais respeito entre as pessoas. Ética é algo velho e ultrapassado. Valores são tão descartáveis e de fácil troca quanto ideologias políticas (nessa era de "partidos mil", para todos os gostos!). Ser honesto é nadar contra a maré,porque "malandro que é malandro não perde a oportunidade". Ter opinião não é mais do que compartilhar um assunto qualquer em uma rede social. E não falo isso porque sou um paladino da reforma da consciência social, não. Na verdade, sei de todas essas intempéries, na maior parte, por experiência direta... Mas não é por isso que não tenha uma visão crítica ( e também numa tentativa holística) da coisa. E de mim mesmo, que faço parte dessa massa.
Por tudo isso não vejo como não achar estranho estarmos discutindo se a cura gay é absurda ou não, se os políticos devem ou não ser punidos, se os menores devem ou não ser penalizados, ou seja, escolhas SECUNDÁRIAS, quando sequer separamos o lixo reciclável do orgânico, e sequer reservamos tempo para brincar com nossos filhos, que aprendem com o exemplo, e não com o discurso... Quem sabe quando aprendermos a fazer escolhas mais simples, talvez, vai que,  quem sabe, de repente, numa dessas, pode ser que aprendamos a fazer escolhas mais "complicadas", como escolher o presidente da nação ou respeitar a opinião de nosso amigo ateu...

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