Essa semana fui multado. Multa de trânsito, por um Agente Rodoviário Federal. Minha reação na hora foi de indignação, misturada com frustração e logicamente raiva. Cara, Que raiva! Sim, pois eu estava em trabalho, estava utilizando o cinto de segurança, veículo e documentos tudo em dia. Estava em uma mecânica para caminhões, na cidade vizinha de Marechal Cândido Rondon, encostado da rodovia, logo na entrada da cidade. Houve um acidente, pouco para frente da entrada da mecânica. Uma S10, vindo do sentido de Toledo bateu de frente com um caminhão Mercedes truck que vinha em sentido contrário. Não houveram vítimas, mas o trânsito ficou interditado. Eu, que já estava saindo de lá ( da mecânica) e iria para uma borracharia (meu trabalho consiste em visitar transportadores, autônomos, mecânicas e borracharias) que ficava do mesmo lado da rodovia, apenas uns trezentos metros à frente, vi que o transito estava parado e demoraria para andar, resolvi seguir pelo acostamento, apressado que estava, afinal era logo ali. E la fui eu, bem faceiro!
Mal havia andado uns cem metros, o PRF me abordou ( com um grito!) e parei imediatamente, até porquê estava a não mais que 20 km por hora. Ele veio até mim sem faltar com a educação, mas, em bom português, me dando uma "mijada". Tentei me explicar, inutilmente, dizendo que iria só até ali, na borracharia e que "to trabalhando, senhor policial". Nem precisei sair do carro, pois ele viu que eu estava trabalhando.
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Em boa companhia...
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Posso resumir toda a lição de moral que ele me deu em uma das frase que disse
"Olha, Anderson nós sempre temos bons motivos, boas intenções, mas isso não significa que estamos certos", e foi fazendo a multa.
Pronto. Que falar depois de uma direta no queixo assim? Me senti o próprio
Anderson Silva ( aquele mesmo do UFC. Explico porque meu nome além de ser Anderson, também tem Silva no meio!), tomando um cruzado de direita e caindo igual a um saco de batatas (com a diferença que eu não estava vendido...). Foi nesse momento que surgiram todos aqueles sentimento que descrevi no início: indignação, frustração raiva, vontade mandar tomar naquele lugar, e o pior, sem poder dizer nada... Por vários motivos. Primeiro, eu estava errado, e só isso já era motivo suficiente para me resignar. Segundo, o cara foi super educado, ainda que áspero, ao me exortar. Terceiro, ainda que eu estivesse certo ( super-hipoteticamente, uma vez que NUNCA estamos certos nessas situações), estaria errado! Sim, pois é assim que funciona quando temos de um lado um cidadão comum e do outro um cidadão incomum, quero dizer, uma autoridade policial... Poxa, eu estava a trabalho, "na função", não prejudiquei ninguém, estava devagar e nem era contra mão, e o cara tinha que ter sido compreensível pois eu sou um cidadão de bem, e não um bandido! Só que não.
O titulo la em cima não se refere à minha indignação diante desta situação em especial. Na verdade nesse caso eu não tenho nem direito de me indignar, pois o policial foi impecavelmente correto! Mas isso tudo serviu como uma espécie de gatilho, para uma reflexão mais profunda, ou até, mais apropriada para o momento que vivemos em nossa nação. Me refiro a toda essa balbúrdia sobre direitos e deveres, sobre o que é justo e o que é "real", sobre quem nos representa até sobre que papel fazemos nesse picadeiro social do qual somos coadjuvantes (pista: meu palpite é que todos usamos bolinha vermelha no nariz...).
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Tem alguma coisa faltando...Que será???
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Repararam como é interessante o sistema de "premiação/punição" em nosso país? Claro que já devem ter pensado nisso ou em algo parecido, afinal tudo é gritante em nossos dias. Mas, são nessas horas, quando nos vemos frente à frente ao braço de ferro da justiça, quando "sentimos no bolso", quando somos punidos por algo do qual não temos como negar nossa culpa, é que nos damos conta de como nosso sistema judiciário é falho, fraco, ineficiente, ultrapassado, e tendencioso. Sim, pois qual a chance que eu teria contra o policial caso quisesse recorrer da multa? Nenhuma! Pois fui pego em flagrante delito, com a mão-na-massa, de calças curtas! Com direito a foto tirada da CNH e tudo!Assim como todos estes nosso queridos representantes políticos/religiosos/sociais que não saem da mídia, e que estão no poder a tanto tempo quanto na ativa a frente de suas atividades ilícitas. Qual a diferença entre eles e eu? Simples: eles conhecem toda e qualquer lacuna, fenda ou falha do tão famigerado sistema (ou pagam bem quem as conheça) e as usam a seu bel-prazer, e com maestria, diga-se de passagem. Já eu... Bem , eu vou ter que pagar a multa e ficar bem quietinho, e ainda me sentir agradecido pelo PRF estar de bom humor ( e bem ocupado, na verdade!). Ai vem me falar de reforma política? Plebiscito? Aham... Duas palavras: Cortina de fumaça (acho que foram três) ! E nossos queridos amigos, como o senhor José Genoíno, Zé Dirceu, Marcos Valério e toda a corja ( que não se resume apenas aos 25 réus do mensalão) continuam por aí, numa boa, dando risada da minha cara. E da tua também. Mas, bem feito pra nós, né? Afinal, nosso sistema é o presidencialismo, com eleições diretas, e ninguém herda o cargo por direito (bom, quase nunca...), não é mesmo? E se bobear, estaremos votando em algum ficha "quase limpa" nas próximas eleições...
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