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01 outubro 2013

Sociedade dos poetas vivos

As vezes sempre...
Disseram que a poesia é uma linguagem universal. Bom, não sei ao certo se disseram, ou se, como costuma escrever um amigo, "li por ai". Na verdade estou em duvida se vi isso em algum lugar mesmo ou inventei... Como costuma dizer outro amigo, "whatever". Em todo caso, isso é algo bem interessante. Se é realmente universal, raramente ela é como o inglês, que dizem ser a língua universal contemporânea, onde todos sabem do que se trata, alguns falam/leem /escrevem e poucos dominam ( numa comparação com o todo da população, que fique claro). Mas na maioria do tempo ela, a poesia, pode ser comparada mais fielmente com o latim, que também é uma língua que já foi universal. Ou pelo menos bem difundida, e hoje sequer é oficial de povo algum. Ou seja, língua morta. Ou morta-viva, segundo discussões de alguns linguistas mundo a fora, em virtude da mesma ainda ser estudada. Na prática poucos falam/leem/escrevem e raríssimos dominam. Exatamente como acontece com  poesia, esta pobre órfã pobre. Poético isso... Não! Tosco.
A escrita que prolifera e predomina na sociedade contemporânea, sendo praticamente um monopólio intelectual (ou nem tão intelectual assim...) é o texto comercial. Particularmente tenho sérias reservas quanto à escritos "comerciais", ainda que já tenha sucumbido umas poucas vezes à ela no passado. Me refiro a textos em geral, poemas, propagandas, letras de musicas ou poesias ( essas menos...) desenvolvidos intencionalmente para agradar as massas. Feitos pra vender. Pop. Às renego por princípios... Talvez. Mais provavelmente porque não me agradam mesmo. Para ficar mais claro, chamo de comercial os textos intencionais, encomendados, direcionados. É como um discurso político, onde cada palavra, cada frase e cada expressão são meticulosamente elaboradas no intuito de manipular as reações dos ouvintes/expectadores. Sem inspiração alguma. Ou , pior ainda, são simplesmente cuspidas num papel ( ou em uma tela ) sem nenhum cuidado, e , não especificamente no caso de discursos, pode se até identificar uma ou duas rimas esdrúxulas e sem o menor sentido.
Utopicamente real
Em tempos atuais é ridiculamente fácil nos depararmos com tais textos. Identificá-los então chega a ser ofensivo de tão simples. O expoente máximo desse sacrilégio literário que toma conta do mundo hoje é a música, seja ela nacional ou internacional. Sinceramente não consigo definir exatamente o que sinto ao ouvir uma letra de música dessas que estão nas paradas de sucesso por ai. É um mix entre pena, tristeza e revolta. Não da nem para dizer que é raiva, pois é tão medíocre que sequer consegue despertar um sentimento de magnitude tão forte como os da ira. Não vou definir nenhuma categoria musical aqui, pois essa calamidade literal é como um vírus letal, que se propaga indiscriminadamente por quase todos os gêneros musicais, infectando qualquer um que desavisadamente se exponha aos seus efeitos nocivos. Não é uma questão de ser ou não eclético, musicalmente falando. Estou falando de conteúdo, de sentido maior. Não de ritmo ou melodia, o que também é importante, mas não primordial. Palavras não são mais sentidas, são selecionadas, num processo industrial, frio e mecânico. As rimas tem que ser "quentes", não belas. A música tem que causar estrondo, não tocar no fundo profundo de nossa alma. E quando toca  ainda é de forma a despertar sentimentos inferiores, os quais infelizmente sequer sabemos identificar, quanto mais definir. A questão é que parece que fazemos parte de uma nação ( ou toda uma humanidade!) de débeis-mentais, sem senso algum de profundidade existencial, sem noções básicas de cultura, de valores reais e perenes, ou, sendo mais radical, providos de uma inteligência intelectual duvidosa. Nem falar em inteligência emocional, pois logo veem os entusiastas do neo-romantismo para defender a causa. Esses do "pega-me-pega", das declarações de amor em público ( de preferência bem alto, num love-car ) ou de perfis de rede social compartilhado (aqueles que ao invés de estar escrito no nome do perfil "Adão da Silva" está la: "Adão e Eva da Silva". Vai saber, de repente são siameses...) Emfim, romantismo hoje tem mais a ver com melodrama de novela ou seriado do que com suas reais origens, as quais por natureza já são de certa forma afetadas por se tratar de uma visão fantasiosa da realidade, muito mais afetadas atualmente, diria, e sinceramente não vou ficar aqui discorrendo, mas se quiserem uma definição formal, ta ai no link. Se já tenho ressalvas sobre o romantismo clássico, esse que permeia nosso ar hoje então, ah, me perdoem, mas é completamente intragável.
Fica a expectativa de que os "poetas mortos" da
 sociedade ressurjam de suas alcovas bancárias...
Mas falávamos sobre poesia, e para não perder o foco, voltemos ao assunto. Em verdade, não conheço muitos poetas nos dias de hoje. Conheço uns quantos pretensiosos, e nem próximos à mim são, por sinal. Mas tenho dois grandes amigos, estes sim próximos, que merecem levar esta alcunha. E com mérito. Um é poeta clássico Giovano Ferreira), mestre de rima e senhor das analogias fantásticas, e inclusive já figurou neste humilde blog dando a graça de uma de suas poesias. Em breve postarei outra, com o devido consentimento desta vez ( rsrsrs ). O outro, um grande escritor anônimo ( por teimosia!), domina a escrita livre com seus textos épicos orientais de forma mestral (Adelir Baldin). Infelizmente os dois parecem ter aposentado a pena... Se não for assim, estão guardando suas obras para si mesmos, pois à tempos não leio nada de ambos. Uma lástima, pois seu potencial é incrível. Entretanto eu os compreendo, entendo sua clausura literal. Pelo menos acho que sim. Nossas vidas passam em ritmo acelerado, como se o fast-foward estivesse ligado o tempo todo, e sem botão de off . Mal temos tempo de cumprir com nossos deveres profissionais e pessoais, e muitas vezes ainda tem os sociais. Isso quando não temos outros deveres extras, como políticos ou quem sabe os "extra-conjugais" ( há quem diga que estes também são sociais, ou até pessoais... ) e, por que não, os ilegais ( hoje é comum). Questão de prioridade, alguém pode falar. Concordo. Tempo é questão de prioridade mesmo. Mas o fato é que não há mais tempo para a poesia. Não é mais tempo de poesia. Já houve um, mas vai longe. Falar em prioridade nesse caso então, seria como arrumar tempo para estudar ufologia ou atividade paranormal. E tenho certeza que desses três itens a poesia ficaria em terceiro lugar  na ordem prioritária, bem longe do segundo, qualquer que fosse.
Alguem pode apontar o erro???
Mas a palavra de lei hoje é sim prioridade. Entretanto, essas prioridades é que me preocupam. Ninguém sequer tira um tempo para ler uma poesia, quanto mais saber "para que serve". Pois eu digo para que sere. Para nada. Nada disso que estamos acostumados a ver, provar e por preço. Nada que se possa estipular um valor. Nada que se possa medir. Existe para ser admirada, sentida, vivenciada até. Mas não entendida, catedraticamente falando. "A poesia é o alimento da alma", segundo Artur Moreira. Simples assim. No entanto, hoje pena e espada tem o mesmo peso e medida, como dantes, mas não servem de muita coisa, que não de ornamento em museus empoeirados. Mas é assim mesmo , acho... E assim caminha a humanidade, com uma perna manca e outra faltando, toda estropiada e de marcha a ré, mas sem perder a pose! Não creio que os passos sejam de formiga, na verdade estão mais para saltos de puma. O problema é a direção em que está indo...

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