Chegada a última hora
Eis que o homem em seu forte
Ante o poço que se apresenta
E na esperança que se ausenta
Confronta sua algoz consorte
Entre prantos e lamentos
Num mais que infame chavão
Desmorona em desespero
Mudo, calado, cabreiro
Gritos ao som de um trovão
Sem ter a quem condenar
Se auto condena inconsciente
Ou será consciente a sentença?
E isso importa? Pura crença!
Cativo da própria mente
Em ira implode voraz
Com ganas de um glutão
Julga, critica, esbraveja
Qual fariseu apedreja
Quem quer que venha a visão
Qual ilha perdida ao mar
De tudo alarga a distância
Compartes, estranhos e iguais
Nivelados sem menos, sem mais
O único esforço em constância
Da força somente a noção
Rico em balda e fraqueza
Letrado em mediocridade
Mestre de tosca vaidade
Ínvido da arte e beleza
Nos autos de sua história
De pouco há que se orgulhar
Atos mornos e poltrões
Nada além de obras padrões
Altivez na voz e no olhar
Em tempos idos saudosos
Todavia e no entanto
Primaveras de entusiasmo
Em descontínuo marasmo
Afloravam sem muito espanto
Com natural inocência
E sorriso inda pueril
Um ordinário mestrado
Por sonhos impulsionado
De pensamento infantil
A cada alvorada nascida
O crepúsculo por intenção
Sem qualquer planejamento
Por referência o momento
Da vida simples peão
E assim seguia incauto
Com a astúcia de um tolo
A ignorância por direção
Sua benção maldição
Dos fracos triste
consolo
Eis que em algum momento
Da jornada desconhecida
Todo aquele dito mortal
Catedrático ou boçal
Compõe a mesma medida
Doutos de mentes torpes
Rompantes de falsa luz
Nem estes inconvenientes
Com suas almas dementes
Se livram da magna cruz
E em cruz, já que em voga
Fica o clássico exemplo
Destes forçosos instantes
Quando até os mais confiantes
Tremem no umbral do templo
Por natural seleção
A fuga, revés ideal
Não consta na lista de opções
Confiando assim as ações
Ao "Ser ou não Ser" literal
Pois esta, nobre amigo
Salvo falta ou excesso
É a verdade mais gritante
Do vulgar ao importante
A que se pode ter acesso
De todas as coisas da vida
Que o homem possa aprender
Duas são livres da sorte
A hora de nossa morte
E o empenho de escolher
(Anderson)
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