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29 junho 2013

Inevitável...


Chegada a última hora
Eis que o homem em seu forte
Ante o poço que se apresenta
E na esperança que se ausenta
Confronta sua algoz consorte

Entre prantos e lamentos
Num mais que infame chavão
Desmorona em desespero
Mudo, calado, cabreiro
Gritos ao som de um trovão

Sem ter a quem condenar
Se auto condena inconsciente
Ou será consciente a sentença?
E isso importa? Pura crença!
Cativo da própria mente

Em ira implode voraz
Com ganas de um glutão
Julga, critica, esbraveja
Qual fariseu apedreja
Quem quer que venha a visão

Qual ilha perdida ao mar
De tudo alarga a distância
Compartes, estranhos e iguais
Nivelados sem menos, sem mais
O único esforço em constância

Da força somente a noção
Rico em balda e fraqueza
Letrado em mediocridade
Mestre de tosca vaidade
Ínvido da arte e beleza

Nos autos de sua história
De pouco há que se orgulhar
Atos mornos e poltrões
Nada além de obras padrões
Altivez na voz e no olhar

Em tempos idos saudosos
Todavia e no entanto
Primaveras de entusiasmo
Em descontínuo marasmo
Afloravam sem muito espanto

Com natural inocência
E sorriso inda pueril
Um ordinário mestrado
Por sonhos impulsionado
De pensamento infantil

A cada alvorada nascida
O crepúsculo por intenção
Sem qualquer planejamento
Por referência o momento
Da vida simples peão

E assim seguia incauto
Com a astúcia de um tolo
A ignorância por direção
Sua benção maldição
 Dos fracos triste consolo

Eis que em algum momento
Da jornada desconhecida
Todo aquele dito mortal
Catedrático ou boçal
Compõe a mesma medida

Doutos de mentes torpes
Rompantes de falsa luz
Nem estes inconvenientes
Com suas almas dementes
Se livram da magna cruz

E em cruz, já que em voga
Fica o clássico exemplo
Destes forçosos instantes
Quando até os mais confiantes
Tremem no umbral do templo

Por natural seleção
A fuga, revés ideal
Não consta na lista de opções
Confiando assim as ações
Ao "Ser ou não Ser" literal

Pois esta, nobre amigo
Salvo falta ou excesso
É a verdade mais gritante
Do vulgar ao importante
A que se pode ter acesso

De todas as coisas da vida
Que o homem possa aprender
Duas são livres da sorte
A hora de nossa morte
E o empenho de escolher

(Anderson)

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