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12 agosto 2014

Reflexo


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Posso ver no olhar melancólico do homem
Espelhado em sua alma um claro reflexo
As sombrias penúrias que a todos consomem
De uma vã existência sem cor e sem nexo

Atados que estão ao seu fio prateado,
Percebo a esperança que tardia se esvai
Em ledas lembranças de um vago passado,
No torpor de uma lágrima que rola e cai

Do trato polido nos âmbitos capitais
Aos mantras sagrados no altar do templo,
Asseclas pedantes em suas vis catedrais,
Dos tolos e fracos o iníquo exemplo

E que é essa sombra que os olhos me logram?
Estranho embaraço no corpo do espelho
Ou destino cruel dos que ao mundo esnobam
Nos versos de um cego em seu auto conselho?

Silhuetas nuviosas em tributo a Orfeu
Meneiam morosas um aceno abatido,
E aos poucos revelam, a imagem sou eu
Num espelho quebrado de um parco jazido


(Anderson)

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