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23 maio 2014

O que temos para hoje? Educação. Só que não.


Just... Think about it.
Há tempos que venho fomentando uma vontade crescente de escrever sobre um assunto um tanto quanto polêmico, mas não o suficiente, eu diria, tendo em conta que o que  há de concreto sobre o tema (de maneira geral, pois obviamente sempre há exceções. Segura a onda ai...) são meramente opiniões divergentes, formadas por não mais que do que nossos egos inegavelmente  “parlatores”, os quais em suma apenas se posicionam de acordo com suas conveniências e necessidades, não passando de falácias pertinentes das pessoas afetadas que formamos essa sociedade liberalista anarquista atual. Isso tudo na minha humilde e singela opinião, claro. Falo, especificamente, sobre a educação de nossas crianças. De nossos filhos, sobrinhos, afilhados, netos. Enfim, do nosso dito “futuro” em geral, com base na dura realidade desses nossos dias inglórios.
Não sei se por que tenho duas filhas pequenas ou simplesmente por ser um crítico radical inveterado, mas a cada dia que passa, além de me chamar a atenção, confesso que muito me preocupa a direção que estamos norteando aos nosso infantes. Segundo a ancestral sabedoria oriental (que não vi falhar até hoje...) as crianças aprendem com o exemplo e não com o discurso. Pois bem, é ai que mora o perigo. Sim, pois, que tipo de exemplo estamos dando a eles nessa sociedade decadente contemporânea à qual eu, você e todos nós pertencemos, queiramos ou não? Uma sociedade onde valores são mutáveis e até mesmo negociáveis, princípios são discutíveis e praticamente dispensáveis. Não nos preocupamos com a base, não nos envolvemos. Pelo menos não como deveríamos. Falar de “conceitos” (e deixo claro aqui que tenho severas reservas quanto a aplicação do termo “conceito” em determinadas afirmações, uma vez que isso acaba por induzir o leitor ou o ouvinte a um patamar puramente abstrato quando a intensão seria, em verdade, dar o tom de realidade à algumas definições, mas é assim que é tratado hoje, infelizmente) como o da família é um problema, pois cada qual tem uma opinião sobre o tema, de acordo com sua ótica particular. A verdade é que não sabemos mais educar filhos e terceirizamos toda a responsabilidade à “n” outras fontes, como escolas, avós, “tatas”, “dindas” entre tantas que há, tudo devidamente endossado pelos tão famigerados fatores formadores do cotidiano contemporâneo nosso de cada dia (excesso de trabalho, déficit de ganhos, extras para completar a renda, bla, bla, bla...) E ainda há um fator agravante, pois além disso ser totalmente incoerente por natureza (já que esse tipo de responsabilidade é intransferível, originalmente) há ainda o fato dessas outras “fontes educacionais” na maioria das vezes não atenderem sequer o nível mínimo exigível para poder oferecer algum tipo de guiatura para uma criança. Poderia discorrer agora sobre todos os infindáveis males sociais e culturais que assolam nossa sociedade doente e que estão todos interligados quando falamos de problemas como este, mas seria chover no molhado e também não é esse o intento dessa vez. A questão é que sequer sabemos dizer não aos nosso filhos. Acometidos por um sentimento de culpa e remorso (gerados nada mais nada menos que por nossa mera omissão, quer seja isso consciente ou não...), sentimos “dó” de nossos pequeninos. E, pior, ainda confundimos esses sentimentos negativos com compaixão, ou mesmo amor. Ledo engano o nosso... O amor sabe dizer sim e sabe dizer não quando necessário. Mas estamos (ou somos) tão afetados que seria pedir demais que conseguíssemos distinguir tais sutilezas. E por este simples ato, de não saber dar limites (pois nem mesmo temos noções deles mais), acabamos dando início, ou pelo menos gerando uma possibilidade (infeliz, claro) para que nossos pequenos venham a se tornar seres incoerentes, de mentes torpes e caráter falho (tipo esses bilhões que estão por aí hoje, planeta a fora...). Mas, como diria Mufasa, “This is the circle ofLife”... Pois bem, afinal será que sou tão pessimista assim, ou é o mundo que se tornou infinitamente positivista-materialista a ponto de ser ridiculamente complacente com coisas avessas e estupidamente intolerante com o que é realmente duradouro? Eis a questão...
Entendeu???
Façamos uma análise com isenção de ânimo (tanto quanto isso seja possível). Comparemos as gerações por um instante. Mas não vamos muito longe não, peguemos a minha, que sou nascido em 79, com a da minha filha Bela nascida em 2007 (em teoria, eu sou da chamada Geração Net ou Y e minha filha da tal Geração Z, segundo conceitos sociológicos contemporâneos). Agora vem todo um cabedal de discordâncias filosofais, um rol de incongruências vivenciais. Ou, traduzindo em bom português: diferenças gritantes no “modus operandi” da minha infância com a dela. Quando pequeno eu... Bom quando eu era pequeno era feliz e não sabia. Nem fazia idéia, em verdade. Claro que tive uma vantagem sobre minha filha, pois cresci na roça. Qualquer pedaço de pau era um carrinho. Uma enxada para fazer as estradinhas e pimba! Brincadeira para o dia todo. Esconde-esconde (à noite inclusive!), bulita, léca (pega-pega), e tantas outras coisas que não exigiam mais do que a vontade de brincar. E se fosse falar da geração de meu pai então, nascido na década de 60, o índice de “felicidade na infância” seria infinitamente maior, mas deixa isso para outra vez. Logo, vejo essas pessoas nascidas após a década de 90 (a tal geração Z...) e por muitas e muitas vezes fico à refletir sobre a maneira como estas estão crescendo. Para tudo o que tenha relação com diversão hoje é preciso carregar baterias. Tudo tem a ver com estar conectado. Se chegam em algum lugar, antes de cumprimentar alguém muitas vezes estão pedindo a senha do Wi-Fi. Crianças que sequer sabem limpar a bunda direito, mas já tem conta no Facebook. No meu tempo ganhar uma bola de capotão ou um boneco do Fofão de presente era o máximo. Hoje, se não for pelo menos um tablet, melhor nem dar o presente. Como se fosse algo indispensável à uma criança... Celular então, é mais comum do que caixa de lápis de cor. Aliás, desenhar e pintar é coisa de “criança retardada”, até no máximo cinco ou seis anos, passou disso já se vê a molecada para cima e para baixo com o telefone na mão, exibindo seus smartphones como se fossem troféus. E nem me perguntem o motivo do tal troféu, pois por necessidade ou mérito que não é. E sinto isso na pele, pois a Bela vira e mexe me pergunta quando ela vai ter um tablet ou mesmo um celular. Outro dia disse a ela que quando completasse 10 anos ela ganharia um tablet, se fizesse por merecer, claro. Quanto a celular, expliquei que não há motivos para ela ter um, pois é um aparelho feito para as pessoas adultas se comunicarem quando necessário, bla, bla, bla. Ela apenas respondeu “Papai, se as crianças não precisam, porquê tem um monte de amiguinhos meus que tem celular?” E agora, zé, falar o que?! Meu primeiro impulso foi dizer à ela que os papais e mamães dos seus amiguinhos não estavam “fazendo a lição de casa”, que não estavam ensinando os valores verdadeiros à eles, que estavam deixando a TV e as tendências educarem seus filhos, que não tinham sequer noção do que eles mesmo faziam quanto mais autoridade moral para dar a direção para seus descendentes, que não passavam de uns maria-vai-com-as-outras, que se preocupavam em ser amigos de seus filhos mas esqueciam de ser seus mestres, seus guias (pois hoje para ser amigo parece que tem que ter dó!). Enfim, pensei em dizer tudo isso a ela. Mas não disse. A pobrezinha não iria entender, com certeza. Além do que, mesmo que ela já possuísse discernimento suficiente para alcançar esse raciocínio, causaria uma confusão generalizada em sua cabecinha. Sim, pois é justamente o contrário de tudo isso que é pregado sociedade a fora. Certo e errado não tem mais significado nem definição nos dias de hoje. Vira e mexe aparece algum pseudo-filósofo liberalista (mais prolíferos do que gripe atualmente...) com aquelas manjadíssimas máximas de que “certo e errado é tudo uma questão de ponto de vista” e não sei mais o que. Logo, me limitei a dizer o seguinte à ela: “Filha, tem coisas que ainda é cedo para você entender, mas precisa confiar no papai e na mamãe. Nós queremos o seu bem e sabemos o que é bom para você, e na hora certa você terá aquilo que você quer, mas precisa esperar. Ok, querida?” Ela me olhou, sorriu e voltou a brincar. Por incrível que pareça não reclamou... Não sei se ela entendeu, mas quero acreditar que já é um começo. Minha missão como pai, a missão de todos os pais e mães em verdade, e assim quero crer, é dar suporte, oferecer uma base forte para que acriança tenha uma chance a mais nesse mundo cão.
Seria cômico... Não fosse trágico...

Purismos à parte, não sou contra, como insinuou um amigo outro dia, ao acesso das crianças as tecnologias, desde que elas não tomem nosso lugar. Desde que façamos as coisas conscientemente. Afinal, existe uma necessidade real em dar um celular para uma criança de sete ou oito anos? Nós realmente acreditamos que temos todo o controle ao permitir que nossos filhos possuam contas em redes sociais antes dos 13, 14 anos (podem rir, mas isso é sério.E depois dessa idade é estupidez mesmo querer achar que temos algum controle...)? Permitir que assistam praticamente a mesma programação que nós (sendo que o ideal seria que também nós não assistíssemos nada inadequado ou inútil ao menos junto deles, em bom português...) mesmo vendo o aviso indicativo de faixa etária na tela é realmente algo inteligente? São essas coisas que temos que nos perguntar, constantemente. Não temos que isolar nossas crianças em uma bolha ou trancafia-las em internatos. Não precisamos obriga-las a brincar com pedaços de paus ou que fiquem somente à rabiscar papéis aos dez anos. Não é preciso proibir a televisão. Mas é sim preciso e indispensável que dosemos tudo, que lhes mostremos os limites, que saibamos dizer não quando for preciso, e não apenas quando nos for conveniente. É necessário e urgente que saibamos (ou aprendamos, se for o caso) à utilizar o bom senso. Nem tudo que nos é permitido, nos é adequado. Isso é o princípio do bom senso. Acho até que isso está na bíblia (se serve de respaldo...). Precisamos ser mais pais de nosso filhos, e menos companheiros. Entenda quem tiver entendimento. Aos demais, atirem suas pedras...
(...)
Há um conceito (e aqui sim se aplica a definição) que considero deveras importante, por ser universal e perene, que serve perfeitamente como analogia em situações como esta. Trata-se do conceito da construção civil, ou simplesmente a construção de uma casa. Se queremos erigir uma construção mais alta, com mais andares, é preciso reforçar o alicerce desde suas fundações, e isso se faz no início da obra ou o prédio irá ruir. Simples assim. E é exatamente assim com nossas crianças. Ao invés de nos dedicarmos à sua base, nós acabamos por ir colocando parede e telhado sem nem mesmo ter levantado o alicerce. Pulamos etapas, negligenciamos nossas responsabilidades, as deixamos aleijadas com nossas violações inconscientes e inadvertidas (será??). Ai lhes damos muletas e mandamos que corram. E é claro que sabemos onde isso acaba... “Onde foi que eu falhei? Que foi que eu fiz de errado?” (Sempre tardiamente, só para frisar). Ou será que realmente achamos que os ditos "vidas-tortas" nascem tortos? Tudo tem um início, em algum momento. E isso é de lei. Há muitos fatores determinantes no processo de crescimento e amadurecimento de uma pessoa, desde genéticos a metafísicos, e em especial os que “o meio” acaba controlando. E penso muito nisso. Não me considero exatamente um exemplo a ser seguido, por minhas filhas até. Em verdade não diferencio muito desses pobres pais, sinceros equivocados, que vemos por ai, e me compadeço por todos nós, fracos que somos. Entendo perfeitamente que o preço que pagamos pelas comodidades da vida moderna geralmente atinge valores além do que poderíamos (ou deveríamos) aceitar pagar. Mas ainda assim pagamos. O trabalho, os compromissos profissionais ou sociais, os lazeres, tudo isso acaba se tornando prioridade em nossas vidas, mesmo que por vezes nem sequer nos demos conta. E isso realmente entristece minha alma, me levando, vez que outra, à amargas lágrimas silenciosas. Sou deveras falho em diversos aspectos, mesmo assim tenho uma visão muito clara sobre todas estas questões. Se me falta a tenacidade suficiente para servir de exemplo vivo, pelo menos tenho uma noção bastante objetiva de qual caminho deveria (devo?) seguir. Limitado que sou, me esforço ao máximo para que minhas ideias “na contramão” (tomando por base esse mundo decrépito, claro, pois se você não vai com a manada, logo está andando no sentido oposto, queira ou não) possam ser absorvidas da maneira que gostaria que fosse. De fato meus métodos parecem um tanto contraditórios e meu antissocialismo nato não ajuda muito, eu sei. E por vezes isso me deixa apreensivo sobre se “afinal, estou fazendo a coisa certa?” Em todo caso, algo sempre acaba me dizendo que sim. Não quero criar nenhum tratado de psicologia infantil aqui. Apenas quero estar com minha consciência tranquila daqui dez anos. Definitivamente não tenho a menor vontade de ser o protagonista de mais um drama da vida moderna, ainda mais sendo as personagens tão importantes para mim, no caso, minhas pequeninas. É por isso que o momento de agir é agora. Mais além, elas estarão por conta, ai restará apenas a expectativa. Deixo aqui apenas um conselho final: não sejamos os algozes de nossos infantes, nãos sejamos os responsáveis pela adulteração de suas infâncias, e por consequência, de suas vidas. Não lhes neguemos o direito a inocência, e façamos o possível para não roubá-la deles, cumprindo nosso papel de mentores, fazendo com que esta inocência perdure o máximo de tempo possível.

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