Face rosada, nem sinal.
Nem o vapor no hálito...
Isso é mal...
Tremedeira, só se for por
temor.
Calafrios de espanto ou
horror,
Mas esse frio... De onde
vem?
Um ar gélido, petrificante,
De sequela congelante,
Me sobe à espinha qual
serpente,
Víbora sombria de olhar
delinquente,
Que se enrola em meu
cerne,
Impiedosa, inclemente.
Um sopro frígido ao pé da
nuca,
De susto me volto num
instante.
E, surpresa, o vazio
restante,
Que me faz duvidar do
óbvio
Da obviedade tão marcante,
Levando-me à um vil
declínio,
Do assombro ao fascínio,
Sem saber de onde vem,
Esta névoa glacial,
Intocável, pura e mortal,
Que me encanta e me seduz,
De frieza doce e letal...
Oh, dúvida lacerante,
Que talha a cútis de minh‘alma
Congelando minha essência,
Destruindo a prepotência,
Deste tolo divagador,
Imprestável sonhador,
Iludido ao se encantar
Ao ver graça no perigo
Duma alma sem abrigo,
Que ao relento congelante,
Encontra o cabal jazigo.
(Anderson)
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