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Ebenezer Scrooge: "Agora chegou sua hora, chegou sua vez você vai pagar..." |
Bem, essa não é exatamente a clássica história de
Ebenezer Scrooge, o velho avarento e malvado que tem uma segunda chance quando é visitado pelos espíritos de natal do passado, presente e futuro. Em verdade, o título dessa postagem poderia muito bem ser apenas "Espirito de Natal", pois é desse "mito" que quero falar um pouco aqui. Mito, relativo à fato histórico ou lenda mesmo, pois o espirito natalino parece realmente estar morto, ao menos aquele de que me lembro quando era criança, isso não muito distante, há apenas uns 25 ou 30 anos atrás. Claro que não vou fingir que minhas lembranças natalinas de infância são todas lindas, maravilhosas e perfeitas. Infelizmente não há como apartar as memórias ruins das boas. Não dá simplesmente para apagar, por exemplo, aqueles momentos no mínimo constrangedores em plena reunião familiar (clássica...), quando a maioria dos parentes estão bêbados, contando piadas infames (muitas vezes sem graça), rindo e gritando asneiras todos de uma vez. Sem falar nas eventuais confusões ou brigas ocasionadas por algum "gambá" mais intrépido. Mas... Na medida do possível, procuro não me ater à estas lembranças desagradáveis, cujas quais inclusive atribuo grande parcela dos "créditos" da marcada característica anti-social que possúo.
No entanto, o que realmente despertou em mim a vontade de explanar algo sobre o natal aqui, foi um post com o qual me deparei outro dia no famigerado facebook. Resumidamente ele dizia que somos hipócritas por achar um absurdo ter que explicar aos nossos filhos o que é um casal homossexual ao passo que achamos normal explicarmos o que é o
Papai Noel. Detalhe é que não citava o nome
Papai Noel em momento algum, havia apenas uma foto de fundo dele no post em forma de cartão, e a referência à ele era "
um homem imortal em uma roupa vermelha que mora no polo norte e viaja o mundo inteiro em uma noite num trenó puxado por renas mágicas voadoras". Ok. Obviamente quem postou isso originalmente é claramente à favor do homossexualismo, e por mais que me coce os dedos, não vou entrar no mérito dessa polêmica contemporânea. O que me chamou a atenção de fato foi a maneira com que a pessoa abordou o mito do Papai Noel. Não me lembro ao certo quando deixei de acreditar no bom velhinho, provavelmente com uns oito ou nove anos, talvez aos dez, mas sei que na tenra idade eu acreditava. Hoje, uma criança com esta faixa etária que acredite em Papai Noel é considerada praticamente uma aberração, tanto por crianças quanto pelos adultos. É sim, não é exagero! Talvez não seja regra geral, até porquê sempre há exceções, mas na grande maioria dos casos é assim que funciona, e a prova cabal disso é justamente essas manifestações nas redes sociais como o post que citei acima, ridicularizando uma tradição milenar em prol de uma ideia modernista deveras controversa, numa espécie de manipulação da opinião pública com base em tendências modais tão tênues quanto os argumentos que alicerçam sua estruturação.
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Se apreciar boas fábulas é ruim, me considero um verdadeiro pervertido |
Não vejo essa questão simplesmente como uma mera opinião, onde alguns são contra e outro são a favor. A raiz do problema ( admitindo que seja um problema ) é muito mais profunda do que aparenta. O fato mesmo de começarmos a pensar que o Papai Noel é apenas um tipo de mentira descabida e fantasiosa que contamos aos nosso filhos, e que nossos pais contavam para nós, e assim sucessivamente com nossos antepassados, demonstra como os valores e princípios morais que norteiam nossas vidas estão sofrendo mutações drásticas e, ao meu ver, perigosas. Drásticas porquê as mudanças são tão gritantes que chegam a assustar à quem para para observar, numa velocidade jamais vista antes na sociedade humana. Perigosas pois a inversão de valores se tornou algo tão comum e banal quanto mudar o canal da tv, onde aquilo que não nos agrada aos olhos simplesmente é descartável. Sou redundante novamente ao dizer, como em outro post mais antigo aqui no blog, que estamos nos tronando cada vez mais superficiais, não temos visão analítica, não temos nem queremos ter paciência para pensar, somo filhos do imediatismo, o qual invariavelmente e obrigatoriamente nos presenteia com diversos "dons", sendo um deles a cegueira. Nos tornamos cegos para tudo que cause algum desconforto, seja emocional, comportamental ou físico mesmo. Evitamos a "fadiga" de ter que avaliar se aquilo que nos dizem é, no mínimo, plausível. Opinião? Pra que, se temos televisão? "
O google é o meu pastor, e nada me faltará", lembrando uma piadinha infame que um amigo me contou la no tempo da faculdade ainda, quando a internet nem era tão...Tão isso que é hoje.
Acho interessante nos atermos à estes conceitos novos que estão nos apresentando às toneladas todos os dias, principalmente no que concerne às crianças. Mas acho ainda mais interessante (e assustador!) como não vemos ( olha os cegos imediatistas ai...), e na verdade sequer nos damos conta de como tudo está relacionado. A velha lei da ação-reação, ato-reflexo, causa e consequência. Peguemos as crianças como exemplo, já que as citei. Considero de suma importância a educação infantil, principalmente até os sete anos, que seria o período mais contundente na formação da personalidade e do caráter da pessoa, segundo especialistas. E o que vemos hoje em dia é aterrador, para não dizer outra coisa, quando observamos o comportamento das nossas crianças por ai a fora. Todos se entristecem e se chocam (não o suficiente, eu diria pelas reincidências que não cessam) ao presenciar uma criança mal-educada, birrenta, mal criada, e afins dando o seu show. No entanto, poucos de nós nos damos conta de como nós mesmo somos os influenciadores, os formadores desses pequenos futuros grandes problemas. Sim, pois se achamos a coisa mais normal do mundo que eles assistam novelas, filmes violentos e desenhos inapropriados ( na nossa companhia ), se achamos que não tem nada de mais em criar uma conta de rede social para uma criança de seis/sete anos, se não impomos limites de horários ( nem para dormir!), se dar uma palmada corretiva é crime, se ensinar um labor é abuso ou escravidão, se entupir de brinquedos é o mesmo que dar atenção, se achamos que tem que ir para missa ou para o culto mas nunca paramos para fazer uma oração sequer junto ao pé da cama com eles, se saber o hit do Michel Teló é legal e não saber a tabuada é normal... Bom, sinceramente minha gente, tem algo de muito errado em tudo isso. As crianças estão perdendo a inocência. Na verdade estamos comprando, roubando a inocência delas, trocando por tablets, note-books, video-games e celulares.
Não há mais crianças precoces, o que existe é uma cultura pop (podre) "teen" precoce. É claro que, com essa premissa e com grande parte da sociedade apoiando, fica muito mais fácil explicar à uma criança que uma união homossexual é apenas "
duas pessoas (do mesmo sexo, se alguém ainda não sabe...)
que se amam" do que ter de se esforçar um pouco para contar-lhe uma fábula inocente sobre um velhinho que presenteia às crianças (que se comportaram) de todo mundo, dando à criança a oportunidade de se familiarizar com a importância de sentimentos como o de partilha, altruísmo, benevolência, amor, compaixão, etc. ou seja, sinalizando como uma bússola moral, que com certeza influenciará na formação do caráter da pessoa. Obviamente, coloquemos o materialismo no seu devido lugar, aos apressado que possam vir com seu discurso de que "natal e Papai Noel são apenas agentes do consumismo moderno". Você precisa realmente dar aquele i-phone para seu filho? Por que não experimenta dar um carrinho ( nem precisa ser hot-wheels) ou uma boneca de pano? Isso dá trabalho, sabe, fazer algo útil. Temos que usar a imaginação, e instigar a deles. Dá muito mais trabalho do que simplesmente desvelar toda uma realidade que, de uma maneira ou de outra, virá à tona, mas ao seu tempo.
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Cuidado: Cenas fortes... |
Não apressemos as coisa. Não há necessidade de pular etapas. Como já disse um sábio uma vez:
a natureza não dá saltos. Tudo tem um tempo de ser. Não há mal algum em montar uma árvore de natal junto com seu filho, ligar um "pisca-pisca", montar um presépio, cultivar a lenda do Papai Noel, desde que tenha um sentido, um fundo, um propósito real e nobre. Não vamos incutir em suas cabecinhas indefesas os mesmo problemas e medos com que temos que lidar agora que somos adultos. Não vamos substituir a pureza, a inocência das crianças por qualquer outra coisa que seja, pois não há equivalente! Acreditem, o brilho no olhar delas ao ouvirem uma história do Papai Noel, sobre seus feitos, a cartinha para ele contando que se comportou, é algo que não tem preço, mas exige um mínimo de esforço de nossa parte enquanto pais ou responsáveis. Então, se me pedirem o que é mais fácil, explicar à uma criança sobre um casal gay ou o Papai Noel... Bom, vocês já sabem a minha resposta.