Responda rápido: Quem está pensando aqui? |
Em meio a devaneios e
pensamentos de indignação, os quais venho tendo com frequência ultimamente, me
dei conta de uma coisa bem interessante (para mim, ao menos). Há algumas
verdades, ou realidades, das quais só nos damos conta quando às protagonizamo.
Não, não vou falar aqui de realidades metafísicas ou espirituais (então nem
precisa torcer o nariz...). Falo de coisas práticas mesmo, do nosso cotidiano
material. Nos contam, nos falam, ouvimos dizer, lemos a respeito, todos
comentam e opinam e até vemos, bem ali do nosso lado vez ou outra. Ainda assim,
parece que toda essa “teoria” de caos social, que por acaso está em voga
atualmente, não passa de... Teoria! Sim, pois vira e mexe vejo (e até faço, ok)
discursos inflamados sobre desigualdades e injustiças da nossa sociedade. E é
gente descontente com governo, classes inteiras “revoltadas”, manifestações
aqui, gritos de guerra acolá. Sou franco em declarar que me compadeço disso
tudo e compactuo da maioria dessas ideias revolucionarias (encausadas, que
fique claro!) que pregam a mudança e o bem coletivo maior. Eu realmente vejo
que não há ou haverá meios pacíficos (ao contrário do que me disse uma pessoa
outro dia, participante de um movimento que vou resumir a “mais oração e menos
ação”. Respeito, mas já não concordo) para alcançar a tão sonhada igualdade
entre os indivíduos. Entretanto, o que vejo na prática é apenas uma comoção
ocasional e inconstante, tão intangível quanto o efêmero mundo virtual que toma
conta de nossas vidas atualmente. Escândalos de corrupção eclodem por todos os
cantos, a marginalidade cresce vertiginosamente tanto nas capitais quanto nos
interiores. O descaso por parte dos governos, sejam eles federal, estadual ou
municipal, quando não é simplesmente ignorado, como se fosse normal, é absurdamente
justificado com desculpas tão esdrúxulas quanto suas atitudes anticonstitucionais.
Órgãos públicos, como a polícia, receita
federal ou INSS, apenas por exemplo, estão todos falidos e sucateados, tamanha a
negligência com que foram administrados por anos a fio. Nem vou entrar no
mérito das nossas “renomadas” instituições financeiras, os populares bancos,
que só fazem alargar ainda mais todo esse caos, tão podre e desleal são suas
atividades e políticas (e antes que algum bancário de plantão levante a mãozinha
em protesto, não estou falando aqui apenas dos financiamentos suicidas ou dos
abusivos juros cobrados em qualquer transação financeira. Falo de toda a
sujeira que eles intermediam e até mesmo financiam mundo a fora...) Enfim,
poderia encher páginas inteiras com todos os erros grosseiros de nossa
sociedade, mas tenho certeza de que todos sabemos do que estou falando. E isso é
só o começo.
Curtir ou não curtir? Eis a questão! (profundos esses dilemas contemporâneos...) |
As pessoas, nós, hoje, adstritos
que estamos, nos limitamos a apenas (quando o fazemos...) dar um “curtir” nas
redes sociais naquilo que achamos, sei lá, talvez... Interessante. Uma
discussão inútil aqui, outra ali de preferência regada a uma cervejinha, é o
auge do que possa acontecer. Por mais grave, urgente ou mesmo absurda que seja
uma notícia, nada mais parece nos afetar. Tenho a nítida impressão de que
vivemos todos embriagados, anestesiados, entorpecidos pelas praticidades e facilidades
da vida moderna. Enfeitiçados pelos encantos oferecidos pelo mundo
contemporâneo, cegados pela rapidez do “trem bala da vida” que nos nega a visão
real do que está acontecendo. Eu até imaginei algumas notícias sendo dadas sem
o “filtro da conveniência” com que elas usualmente vem até nós. Por exemplo: “Grupo de pessoas inescrupulosas que se
autodenominam representantes do povo brasileiro desviaram milhões da maior
estatal do país chegando a quebra-la e alguém precisa pagar a conta, por isso o
combustível vai aumentar horrores”. “Energia
elétrica sofre aumentos absurdos e abusivos por que o governo não soube
administrar uma situação que se desenhou a décadas e um problema que vem se
arrastando pelo mesmo tempo”. “Empresas,
quase todas multinacionais, de prestação de serviço, tipo telefonia, tvs a cabo
e etc., abusam e roubam seus usuários por que a legislação do país é falha e
ineficiente, sem falar que os responsáveis pelo cumprimento da lei são omissos.
Isso quando não são os donos das ditas empresas”. “Povo brasileiro vai para o
livro dos recordes como nação com maior índice de imbecilidade per capita de
todo o mundo. O número beira os cem por cento”. E por aí vai. Mesmo assim,
tenho sérias dúvidas se isso faria a diferença em quem escutasse ou lesse as
manchetes...
Não existem (ou existe poucas) pessoas de fibra e decididas a encabeçar mudanças verdadeiras por
aqui. E sabem porquê? Porque o brasileiro é um povo originalmente acomodado.
Todos nós, sem exceção, somos mal acostumados, preguiçosos, folgados, em maior
ou menor grau. O Brasil é um paraíso, numa visão geral, se comparado com
praticamente qualquer outra nação do planeta. E antes que me apedrejem (como se
eu ligasse...), é claro que há as exceções na regra, tipo as favelas do Rio de
Janeiro ou mesmo o sofrido povo nordestino. Concordo que lá não deva ser
É pedir demais, eu sei... |
Eu sempre digo que os europeus e os asiáticos
(principalmente Japão e China) levam duas
grandes vantagens sobre os povos americanos, em especial os latinos. Mais precisamente
os brasileiros: a primeira e a segunda guerra mundiais. Não estou fazendo
apologia à guerra aqui nem dizendo que é algo bom, apenas estou sendo realista
e citando um conceito universal. Não me refiro a nada mais do que a formação da
consciência daqueles povos. O sofrimento nas guerras ficou no DNA daquela
gente, e passou de geração para geração, formando assim pessoas com um
pensamento mais holístico, menos individualista, que sabem o que é perder tudo,
que sabem da importância de reivindicar seus direitos, de lutar pelo que é seu.
É claro que hoje há nações na Europa que estão passando por sérios problemas,
sejam eles econômicos, sociais, políticos ou de outra ordem qualquer. Sendo
eles o velho mundo, têm velhos problemas para lidar, desde a exaustão de seus
recursos naturais até problemas demográficos, entre tantos. Mas a questão a que
me refiro, repito, é a consciência das pessoas. E não há como negar que hoje
elas são, digamos, “mais esclarecidas” pois são mais sofridas. O fato de
estarem pagando por seus erros do passado, como acabar com seu meio ambiente,
já é outra história. Aqui se faz, aqui se paga. E logicamente que há pessoas
ruins e mal intencionadas em qualquer lugar do planeta, não é diferente por lá.
Entretanto, há menos leis lá e elas funcionam! Há menos políticos e mais
fiscalização! Há corrupção mas também há punição. Enfim, acontecem muitas
merdas lá, mas a impunidade não é algo “comum e corrente”, como aqui, e o povo
sabe se posicionar. Ao passo que aqui... Bem, aqui a corrupção vem de casa.
Desde uma “sky gato” à uma sonegação no imposto de renda. Um “café” pro policial
rodoviário ou uma “molhada na mão” do fiscal da vigilância sanitária. Tudo isso
é corrupção. Barganhar algo com nosso filho, do tipo “faça isso ou não te dou
aquilo”, não deixa de ser corrupção. E tudo isso está no nosso dia-a-dia, no
nosso cotidiano, no nosso sangue. Mais uma vez, é claro que há as exceções à
regra, mas são e estão se tornando cada vez mais raras, principalmente nessas
novas gerações que estão aflorando. E voltando ao início do texto, é aqui que
se encaixa a questão sobre as realidades que vivemos X as realidades que apenas
conhecemos (e as vezes nem tanto, dependendo de nosso grau de ignorância!). Não
sei se conseguem perceber, mas está claro que nada vai mudar enquanto nada
acontecer! Parece estúpido dizer isso, mas é a pura realidade. Enquanto a
gasolina não custar cinco, ou sete ou dez reais o litro, nos deixando sem
condição de abastecer nosso veículo, nada faremos, independentemente de ser ou
não justo. Enquanto nossa conta de energia não chegar em trezentos, quinhentos
ou mil reais (para aqueles que já não chegou, claro) e
ainda pudermos ligar
nossa tv para assistir UFC ou noticiário e enquanto nossa geladeira estiver
funcionando (nem vou falar do ar condicionado...), vamos continuar pagando a
conta dos outros! Compreendem? Ou talvez, quando implementarem mais alguns
impostos, do tipo “imposto sobre passos dados”, ou “imposto sobre minutos
vividos”, ou quem sabe” imposto sobre sorrisos” ai quem sabe acordemos. Estamos
todos com o FUCK
Bem assim! #SQN |
Não. Não é assim. Sabem o
que nos falta? Nos falta sofrimento. Pois, citando um dito sábio e antigo,
aquilo que não aprendemos com amor, aprendemos com a dor. Duvidam? Aguardem e confiem...