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14 fevereiro 2015

Âncoras

Uma a uma se rompem as correntes
"Escrevo. Pois se voasse... Voava."(A.F.E.)
E as âncoras tantas que prendem a nau
Alojam-se ao fundo do flúmen sem vau
Trazendo à tona esfinges prementes

Com a proa elevada à lambiscar o vento
É sensível a estranheza, de tão objetiva
Nesta nave corpórea que vaga à deriva
Querendo alçar-se e ganhar firmamento

Com as últimas âncoras o barco peleja
Pela vã liberdade que tanto almeja
Buscando os ares ao invés do oceano

Sem saber o que o espera do lado de lá
Apenas imagina que pior não será
Do que esse tormento bravio e insano

(Anderson)

01 fevereiro 2015

Podia ser pior...

Por vezes me encontro admirado
Com alguma esquecida lembrança
Daquelas, quando inda criança,
A desfilar bem ali do meu lado

O lastro de um passado abstrato
Me ancora num difuso presente
E percebo o quão isso é premente
Contrapondo os futuros em estrato

Sem outa razão por conforto
Me resta um refúgio absorto
Do “pensamento superior”

O que não passa, em verdade
De uma infeliz iniquidade
Nas lamurias de um perdedor

(Anderson)