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10 novembro 2014

Gauderiando em outra vida

Estas rimas dedico ao meu grande professor gaudério, Valdir Uez.




Em algum tempo... Com certeza.
De certo que lá no início
Do entrevero que fulgura
Era o afeto o nosso ofício
Pois não pode que a amargura
Essa diaba sem candura
Fosse um anseio vitalício

Saudosista até rebusco
A memória já olvidada
Das coxilhas lusco-fusco
Dos ginetes na invernada
E até as próprias pataquada
No bolicho do João Cusco

Nos falsetes de um sorriso
De um gaudério macanudo
Se aprumando sem aviso
Nas melenas de um crinudo
Vejo um guapo rechonchudo
De a cavalo no improviso

Bendita saudade campeira
Que em manotaço me dá vareio
Das tardes de polvadeira
Gineteando no pastoreio
Num gavião livre de arreio
Com um oigaletê porquêra!
  
Inda posso ouvir ao fundo
O velho bugio roncando
Dando vida a esse mundo
Onde o taura vai peleando
Índio guasca, gauderiando
Nesse pampa moribundo

Saudades de uma época que nem vivi.
Não nessa vida...
Mas me falta solvência moral
Pra querer dar de patrão
E é no lombo de um bagual
Que vou num dito ao rincão
De poncho e relho na mão
Campeando meu leito final

E de lambuja, deixo aqui
Esses causos de campanha
Que de certo nem vivi
Mas trago n’alma as façanhas
Formosas, porém estranhas
Das lembranças de um guri


(Anderson)

08 novembro 2014

Resultado do 2 ° Concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun - edição 2014

3° lugar. Again.
Confesso que inicialmente fiquei um tanto desapontado com o evento do qual participei nesta sexta-feira última, 07/11. Tratou-se da cerimônia de premiação dos classificados na 2ª edição do Concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun (link para página), realizado pela Prefeitura Municipal de Toledo juntamente com a Secretaria Municipal de Educação e Biblioteca Pública Municipal - Extensão Vila Pioneiro. Na ocasião, fui receber o prêmio de terceiro lugar pela poesia (link da poesia) com a qual participei do concurso. E antes que algum dos meus milhões de leitores (#SQN...) do blog precipite-se achando que estaria eu dando de uma de persona non grata (literalmente) a desmerecer, desfazer, descreditar, diminuir ou coisa do gênero o referido concurso e seus idealizadores/organizadores, deixo claro que com certeza provavelmente for inteiramente parcialmente minha a culpa por essa decepção, uma vez que gerei certa expectativa, quase inconsciente eu diria, sobre o mesmo. É claro que é satisfatório receber o reconhecimento por uma obra pessoal, mesmo que seja uma simples poesia. Inda assim, criei expectativas desnecessárias. E o motivo dessa expectativa gerada foi pelo fato de estar levando pela segunda vez, consecutiva, o prêmio de terceiro lugar. E nem vou entrar no mérito da colocação, pois a primeira poesia, de título Poeta, desse ano era muito boa mesmo. O segundo lugar não sei dizer, pois somente o primeiro lugar teve seu poema declamado. Isso vale para o ano passado também, mas confesso que gostei mais do primeiro lugar desse ano, questão de identificação com o tema mesmo, sem desmerecer, em hipótese alguma,  a vencedora do primeiro concurso, Fabiola Luz, a qual tem um blog onde pode ser conferido o seu poema premiado Tempestade de mim (link para o blog). Assim como eu, também outros dois autores foram premiados pela segunda vez. Sueli Aparecida da Costa Tomazini, que ano passado ficou em segundo lugar com sua poesia Infância Perdida (link para poesia) e este ano levou o primeiro lugar com seu belo poema Poeta (link para poesia). Isso tudo na categoria Geral, gênero poesia, pois na categoria infanto-juvenil, além das demais premiações, tanto em poesia quanto crônica, não repetiram-se nomes do ano passado. Destaque para Valdinei José Arboleya, que foi o vencedor do ano passado no gênero crônica, categoria geral, com seu texto Concurso Vestibular  e que venceu esse ano novamente, com a crônica Escola de Pintura . O cara é muito bom, também faturou o prêmio de melhor conto toledano no 24° Concurso de Contos Paulo Leminski (2013) com seu conto Aquele Sorriso (link). Guardem bem o nome deste rapaz, pois não me surpreenderia se no futuro viermos a ouvir falar, em âmbito nacional ou internacional, deste jovem talento, tendo em conta seu incrível dom com as palavras. Também quero fazer referência aqui à Silvia Moreira Corrêa da Cruz, coordenadora do projeto desde sua criação, ano passado. Não tive contato ou acesso a organização de tudo, mas ficou perceptível o esforço e dedicação de Silvia em virtude dos vários elogios e parabenizações por ela recebido por parte de todos que compunham a frente de honra formada para a ocasião. Conheço a Silvia do tempo da faculdade, íamos no mesmo ônibus para MCR. Não sei se ela se lembra disso.

Agora, explicarei meu desapontamento, antes que alguém lance a primeira pedra no mal-agradecido aqui.


Como podem ver, além de mim, mais dois autores receberam pela segunda vez premiação no concurso, sendo todos os três de Toledo (o que é interessante, uma vez que o concurso já se tornou regional). Cheguei a pensar que isso seria evidenciado, de alguma forma, já que o intuito (penso) é, além de incentivar a escrita, a leitura, enfim, a cultua literária em geral, também seria o de reconhecer e incentivar os autores locais. Não é questão de ser ingrato ou qualquer coisa do gênero, pelo contrário, sou muito grato pelo reconhecimento. Em todo caso, quero crer que não o fizeram (pois além de uns parcos comentários do tipo “você de novo” quando da entrega do prêmio ao Valdinei e um forte e longo abraço na Sueli, ambos por parte da própria Sra. Edy Braun, o que evidencia uma certa intimidade, nada mais foi dito) para não inibir ou diminuir os demais participantes, ou mesmo para que não houvessem comentários depreciativos e indagatórios por estarem premiando “cartas marcadas”.  Em todo caso, afirmo e atesto que isso não aconteceu, até porquê sou anônimo no cenário literário local, nacional, mundial... E acredito que é o caso dos demais autores também, pois suas obras são lindíssimas e dignas de qualquer premiação, acima de qualquer suspeita de tendencialismo. Em verdade, fico admirado de eu ter me classificado novamente, pois sou totalmente amador e escrever para mim é pouco mais que um passatempo, é mais uma válvula de escape que outra coisa qualquer, e o nível dos participantes, ao menos dos vencedores de ambos os gêneros da categoria geral, é deveras elevado. Coisa de profissional, rsrs. Entretanto, como dizem que raios não caem duas vezes no mesmo lugar e não sou crente das coincidências, acredito haver alguma serventia nas balburdias que vomito aqui no blog de vez em quando. Ou não tinha nada melhor para eles premiarem lá, rsrsr. Brincadeiras à parte, creio que me equivoquei quanto à esta coisa de reconhecimento. Pensei, inclusive, em tecer alguns comentários sobre os reais interesses por detrás dessas premiações, autocomiseração, inversão de sentido, etc., etc., etc.... Mas vou guardar este veneno para coisas mais uteis, até porquê, ser o “do contra” em tudo (especialmente falando de algo em que se foi premiado) já é muito coisa de Fritz (alguns entenderão a referência, rsrs). Bem provavelmente Talvez eu esteja exagerando mesmo. Quem sabe, como um grande amigo me disse outro dia (um dos “milhões” que leem o blog), “se quer escrever para as massas e ser reconhecido em grande escala, escreva uma novela. E de preferência uma novela ruim” (se é que pode existir novela boa...). De toda forma, fica aqui registrado, mais uma vez, minha modesta (mas nem tanto...) e confusa opinião sobre alguma coisa.

Obs.: Os links em azul não estão funcionando.

01 novembro 2014

Viagem a Terra do Sempre

Terceiro lugar no 2º concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun - Edição 2014(link)
É... Terceiro. De novo.


Viagem a Terra do Sempre

Dia desses vou de muda
The "Alwaysland"!
Prum lugar que nem sei onde
Donde o encanto se desnuda
E o mistério se esconde
Onde há bruxos e princesas
Tesouros de mil grandezas
E até morcego vira conde

Vou colher fruta no pé
E jogar pedras no riacho
Chupar uva e picolé
Num lugar que só eu acho
Onde há pés de “frutas-mil”
Os riachos são de anil
E picolé dá tudo em cacho

Lá o céu desdobro em manto
Com suas nuvens de coxim
Me ninando em doce canto
Com canções feitas pra mim
Em sonhos nunca sonhados
E contos jamais contados
Tudo ao som de um bandolim

"The legend... Will never die"!
(Clichê, eu sei. Mas eu gosto!)

Serei eu... Mas diferente!
Farei truques como um mago
Abismando à toda gente
Com a força de um afago
Soprarei cinzas ao vento
Embaladas por um alento
Da gentil Dama do Lago





E de lá eu não voltarei
Pois lá é aqui do avesso
Se sei nada, disso eu sei
E é por isso que agradeço
Aos senhores do destino
Por sonhar desde menino
Os sonhos de um recomeço...

(Anderson)